O MITO DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
João Abner Guimarães Júnior
Professor Doutor em Recursos Hídricos da UFRN
Sai governo e entra governo e a transposição do rio São Francisco sempre volta à tona. Mais de 100 anos de badalação – desde o final do Império que se fala em trazer águas do rio São Francisco para os estados do Nordeste setentrional, CE, RN, PB e PE – transformaram o projeto num dos maiores mitos do país, sempre propagado como a solução mais efetiva para enfrentar a problemática da seca, cuja solução constitui-se no maior sonho de inúmeras gerações de Nordestinos.
O Sertão vai virar mar”, profetizava o Padre Cícero no início do século passado. De certa forma, ainda hoje persiste na região um caldo cultural que favorece a disseminação de propostas messiânicas como essa.
O semi-árido nordestino vem convivendo com um quadro crônico de estagnação econômica agravado pelas últimas secas que a região vinha atravessando. A seca é o pano de fundo, a motivação, e o combustível que mantém a chama acesa do projeto da transposição das águas do rio São Francisco, justificando os vultosos investimentos do projeto da transposição.
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