Exposição Faz Que Vai retrata mistura de frevo com ritmos populares contemporâneos
Mostra reúne fotografias, vídeoinstalação, partituras inéditas e curta-metragens garimpados no acervo da Fundaj
“Faz que vai, mas não vai.” O passo de frevo que dá nome a exposição Faz Que Vai é referência a um estado de instabilidade na dança, onde apoia-se todo peso do copo no calcanhar e pendula o tronco para frente e para trás. O projeto dos artistas visuais Bárbara Wagner e Benjamin de Burca chega à Fundação Joaquim Nabuco reunindo fotografias, documentários, partituras e videoinstalação que mostram como o ritmo pernambucano vem mesclando-se a ritmos populares atuais, como o pop, funk, swingueira e o voguing.
“Levantamos um material de apoio que faz uma propaganda do frevo como patrimônio cultural. Como o gênero é subvertido pela nova geração, virando um âmbito da subjetividade de cada artista”, expõe a artista Bárbara Wagner. A subjetividade é retratada por quatro dançarinos em vídeo. Representando o pop, Ryan Neves mistura o frevo com elementos da expressão drag queen, transitando, assim, entre diferentes gêneros artísticos e pessoais. Resgatando a tradição do frevo de origem, Edson Vogue, do grupo Guerreiros do Paço, entra com a experiência do voguing, também batendo nas teclas de etnia e sexualidade. Bhrunno Henrique mescla frevo com suingueira, remetendo diretamente às raízes da música baiana, e por fim, Eduarda Lemos, (Tchanna) desacelera o ritmo que se espera do corpo para dançar frevo e concilia com a cadência mais sensual do funk.
“São todos jovens de periferia trabalhando pela primeira vez com arte. Tem um trânsito muito bonito no frevo como tradição e uma questão social. Eles tomam a frente e sabem muito bem como protagonizar isso”, explica Bárbara. Ao todo, a exposição integra uma videoinstalação de 12 minutos, quatro conjuntos de fotografias lenticulares, a exibição do curta-metragem Trajetória do Frevo, em 35 mm, dirigido em 1988 por Fernando Spencer, duas imagens do fotógrafo Juju, que retratava passistas na rua no século passado, e a reprodução da partitura do Picadinho do faz que vai, mas não vai, frevo-canção inédito de Nelson Ferreira e Sebastião Lopes, composta para piano entre 1940 e 1945. Os três últimos pertencentes ao acervo da Fundação Joaquim Nabuco.
De acordo com o curador Moacir dos Anjos, da Coordenação de Artes Visuais (COART) da Fundaj, é essencial reconhecer a cena periférica que incorpora a dança e recria a tradição do frevo a partir de outros gêneros “É uma coisa viva na cidade, tem tudo a ver com a discussão de sociedade que a Fundaj faz desde seu início. É um interesse pelas manifestações culturais.” Os vídeos agora incorporam o mesmo acervo das obras que serviram de inspiração para Bárbara Wagner e Benjamin de Burca. As obras foram doadas para a coleção da Fundação Joaquim Nabuco ano passado, onde ficam disponíveis dentro acervo audiovisual da instituição.
Serviço
Faz Que Vai
Abertura: 27 de junho, entre 19h e 22h
Visitação: 28 de junho a 1 de setembro de 2019
Terça-feira a domingo, das 15h às 20h
Local: Galeria Vicente do Rego Monteiro | Fundação Joaquim Nabuco
Rua Henrique Dias, 609, Derby, Recife - PE
Gratuito
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