Muhne recebe excursão escolar de crianças com necessidades especiais
Ação integra período da Pessoa com Deficiência e contou com mediação adaptada para crianças com autismo, hiperatividade e paralisia cerebral
Para quem precisa de acompanhamento educacional especializado, o lúdico se torna uma poderosa ferramenta de aprendizado. É o caso de Peterson Antônio, de 12 anos. Ele tem deficiência intelectual e motora; não fala nem escreve e tudo tem que ser estudado de forma recreativa. Ele foi um dos 23 alunos da escola municipal Divina Providência, em Jaboatão dos Guararapes, que visitaram o Museu do Homem do Nordeste nesta quarta-feira (28). A escola está vivenciando o período da Pessoa com Deficiência e escolheu o Muhne para apresentar de uma forma diferente a história do Nordeste para alunos de 5 a 14 anos com especialidades diversas, que vão desde leves graus de autismo a paralisia cerebral e hiperatividade.
O caso de Peterson é um exemplo de aprendizagem que necessita do toque, de brinquedos e objetos que ele possa usar ou apontar para se comunicar. Ao chegar na sala das influências, onde o Muhne expõe equipamentos de filmagem e fotografia da década de 1920, quando o movimento cinematográfico Ciclo do Recife estava no auge, Peterson abriu um grande sorriso. “Ele adora foto. Quando viu as câmeras antigas de, já sabia que ele ia começar a rir. Ele adora tirar foto e adora ser fotografado”, comentou o professor de apoio Jonathan Sena, que acompanha o menino.

Jonhnatan afirma que o tato é dos sentidos que as crianças mais usam para conhecer e se comunicar. Como a fragilidade das peças dos museus pedem um toque mais delicado, a ação é restrita para quase todas as peças. Menos o Tacho, um grande recipiente de ferro usado para cozinhar caldo de cana. Nele, a criançada pôde usar as mãos para entender e sentir sua história. “Não é possível saber ao certo a representação interna que o ‘tocar’ tem na mente de cada um deles. Para a gente, pode ser algo simples, mas para eles, muitas vezes tocar em uma única peça pode ser como se ele pegasse no museu inteiro,” explica o professor.
A criançada também pôde conhecer a área sobre história indígena, onde tiveram contato com indumentárias e com maracás, instrumentos de agitamento em formato de bola que envolvem sementes secas ou areia, produzindo um ritmo marcante e característico de povos originários. Ao som do cântico "pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro", eles formaram uma roda e cantaram juntos, utilizando além do tato, a compreensão auditiva.

A mediação adaptada para crianças com necessidades especiais é discutida previamente com professores e a equipe do Museu. A professora Milena Lopes, que trabalha à frente do atendimento educacional especializado, sempre tem a cautela de conversar com o mediador, pedir uma visita mais rápida, mais adaptada e mais leve. “Não é tão simples prender a atenção deles. Mas a narrativa nordestina está dentro do conteúdo programático adaptado para as crianças com deficiência, então quando voltar, vamos desenvolver atividades sobre a visita.”
Milena já havia feito a visita em outras ocasiões com um grupo diferente e quis repetir a experiência. “O último passeio deu muito certo. É interessante proporcionar esse tipo de atividade para crianças com deficiência. É diferente do que eles estão acostumados, acaba sendo muito rico.”
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