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Fundaj inicia Seminário Internacional Casa-Grande Severina no campus Derby

Publicado: Quarta, 04 de Dezembro de 2019, 23h37 | Última atualização em Quarta, 04 de Dezembro de 2019, 23h37 | Acessos: 899

Abertura contou com o pré-lançamento da coletânea dos 50 anos de Katia Mesel, lançamento da exposição Educação pela pedra e conferência do português Arnaldo Saraiva

Para celebrar a memória e a obra de Gilberto Freyre (1900-1987) e de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) iniciou, no fim da tarde desta quarta-feira (4), o Seminário Internacional Casa-Grande Severina. A abertura contou com a apresentação do presidente da Fundação, Antônio Campos; do gestor da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), Mário Hélio Gomes; e da presidente da Fundação Gilberto Freyre, Sônia Freyre, filha do sociólogo e presidente de honra do evento.

Em sua fala de abertura, Antônio Campos destacou a importância da instituição homenagear autores pernambucanos da magnitude de Gilberto Freyre e João Cabral. “É uma alegria e um dever saudar estes dois gigantes, que ajudaram a constituir as bases literárias e de pensar o Brasil em um momento em que o contemporâneo é tão desafiador. Que o seminário permita uma reflexão destes pensadores reconhecidos internacionalmente”, comemorou o presidente da Fundaj.

Campos relembrou os nomes que participarão no decorrer do evento e cumprimentou todos os presentes, na solenidade, nas pessoas de Gilberto Freyre Neto, secretário de Cultura de Pernambuco; Pedro Nabuco, bisneto de Joaquim Nabuco, patrono da Casa; Vera Sato, representante do Gabinete Português de Leitura; e do diplomata Ranier Michael, cônsul da Eslovênia no Recife. Ele leu, ainda, uma carta do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que não pôde estar presente na ocasião.

“João e Gilberto foram capazes de enxergar a diversidade étnica que junto formou um só povo: o brasileiro”, concluía a carta do ministro.

O gestor da Dimeca, Mário Hélio, relembrou os poemas “A mulher e a casa”, de João Cabral, e “A menina e a casa”, de Gilberto Freyre. Este último escrito para sua filha. “Mesmo as mesas, mesmo as plantas/ Os retratos dos vovós/ As panelas da cozinha/ Mangueiras e coisas velhas/ Têm boca falam também/ Dizem segredos bonitos/ Que os meninos/ Que os poetas/ Ouvem ninguém sabe como.” Sônia Freyre agradeceu a celebração à memória do pai e se disse lisonjeada pela homenagem.

“Papai e João são primos e compartilham do mesmo olhar humanista, acerca da miséria do povo brasileiro e das características identitária do nosso povo. São símbolos que não devem ser esquecidos”, refletiu Sônia. Na sequência, os presidentes da Fundaj, Antônio Campos; da Fundação Gilberto Freyre, Sônia Freyre; e do jornal Diario de Pernambuco, Carlos Frederico Vital, assinaram o protocolo de intenções para a reedição do livro Nordeste (1925), organizado pelo sociólogo a convite do Diario, no centenário do veículo.

Dando prosseguimento à programação, a cineasta pernambucana Katia Mesel apresentou o curta documental “Recife de dentro pra fora” durante a conversa “Um olhar de cinema sobre a poesia de João Cabral”. Dirigido em 1997, o registro traz o diplomata contando dos bastidores de seu poema “O cão sem plumas” (1949-1950). A produção conta com a leitura musical das estrofes nas vozes de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho, enquanto são projetadas imagens da vida em torno do rio Capibaribe.

Mesel, que neste ano celebra os 50 anos de sua trajetória no audiovisual, entregou um exemplar da coletânea “Películas, videotapes e nuvem” para Antônio Campos, que contará com lançamento oficial no início do ano letivo de 2020. A proposta é que o material seja distribuído para escolas públicas de Pernambuco e exibido através da Lei federal 13.006/2014, que obriga a exibição de filmes de produção nacional nas escolas de educação básica. “O sentimento é de solidez, de concluir que você tem uma obra”, celebrou.

A conferência de abertura “João Cabral na poesia portuguesa” foi assumida por Arnaldo Saraiva, professor da Universidade do Porto, em Portugal. Ao longo de sua participação, Saraiva apontou a reverberação da poesia concreta de Melo Neto na imprensa local do país e a influência na obra de poetas e escritores lusitanos da contemporaneidade. “João Cabral revitalizou e fecundou a poesia portuguesa, marcando-a para sempre, como marcou, também, a poesia do Brasil”, destacou.

Saraiva lembrou as diversas menções, epígrafes e dedicatórias ao nome do diplomata. Em 1960, Alexandre O'Neill, importante poeta do movimento surrealista português, incluiu o poema “Saudação a João Cabral de Melo Neto” em sua obra “Abandono Vigiado”. No ano seguinte, Sophia Andresen, uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX, a ele dedicou “O Cristo cigano”, livro escrito a partir de uma história que Cabral lhe contou e que é atravessado pela presença do poema “Uma faca só lâmina”.

Apontou também nomes como o poeta e tradutor português Armando da Silva Carvalho, que se disse contaminado pela poesia concreta e concisa do pernambucano; o ensaísta e dramaturgo Jorge de Sena, que escreveu “Poema sobre o começo do poema de João Cabral de Melo Neto chamado poema”; e o escritor Rui Lage, que utilizou epígrafe do diplomata em seu livro “Antigo e Primeiro” (2002) e, mais tarde, escreveu “A morte andando de João Cabral”, onde diz “(...) o seu lugar na história presente e futura da língua portuguesa é ao lado de Fernando Pessoa. João Cabral de Melo, neto da língua de Pernambuco”.

Para encerrar a noite, o público foi convidado para a vernissage de lançamento da exposição Educação pela pedra, inspirada no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto, com curadoria de Moacir dos Anjos. As obras reúnem desde análises poéticas sobre a educação brasileira, usando o próprio mineral como poética e símbolo de resistência. Ela foi pensada em formato multimídia reunindo 19 peças de linguagens documental, fotográfica, audiovisual, dentre outras.

Durante todo o evento, um stand da Editora Massangana esteve presente no jardim térreo, onde serão disponibilizados livros a preço de custo até a sexta-feira (6), último dia do seminário. Nesta quinta (5), contaremos com a presença do colunista Xico Sá, às 10h; do escritor José Castello, às 11h; do professor da USP e crítico literário, Ivan Marques, às 19h. Serão lançadas a terceira edição do HQ Morte e Vida Severina e do infanto-juvenil “O rio das capivaras”.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

Dia 4 de dezembro de 2019
17h Abertura oficial pelo presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Antônio Campos; o diretor da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte da FJN, Mário Hélio Gomes de Lima; e a presidente da Fundação Gilberto Freyre, Sônia Freyre
Cinema da Fundação

18h Exibição do filme Recife de dentro pra fora, de Katia Mesel, seguida de conversa com a cineasta, sob o tema “Um olhar de cinema sobre a poesia de João Cabral”
Cinema da Fundação

18h30 Abertura da exposição Educação pela pedra, pelo diretor da Dimeca, com a presença do curador Moacir dos Anjos, e a equipe de Artes Visuais
Galeria Vicente do Rego Monteiro

19h Conferência de abertura:
“João Cabral na poesia portuguesa”, por Arnaldo Saraiva, professor da Universidade do Porto, Portugal
Cinema da Fundação

Dia 5 de dezembro de 2019
9h Abertura de exposição de livros de e sobre Gilberto Freyre e João Cabral e início das atividades educativas
Sala de Leitura

10h Palestra “Os meus encontros com Gilberto e João, entre licores, aspirinas e cafés”, pelo escritor Xico Sá
Cinema da Fundação

11h Conferência “A pedra que lateja: considerado um poeta racional de versos de pedra, João Cabral arrasta emoções fortes em sua poesia”, pelo escritor José Castello
Cinema da Fundação

12h Exposição/exibição de videoarte, do laboratório educativo, inspirada na temática da exposição Educação pela pedra
Sala de Videoarte

14h Início das oficinas em torno de João Cabral de Melo Neto e Gilberto Freyre
Sala de Leitura, Ateliê das Artes e Pátio Interno

15h Mesa-redonda sobre Gilberto Freyre em perspectiva comparada, entre os professores Nathália Henrich - “Sobre mestres e discípulos: as trajetórias entrecruzadas de Gilberto Freyre e Oliveira Lima” - e João Cezar de Castro Rocha: “Paralelas que se encontram: as escritas de Gilberto Freyre e José Lins do Rego”. (Cinema da Fundação)

15h30 às 17h Lançamento do livro infanto-juvenil O rio das capivaras, org. por Ana Carmen Palhares, e a apresentação do recital de textos da obra de Gilberto Freyre e João Cabral, pelo ator Carlos Mesquita e sua Literatrupe. (Sala de Leitura)

17h Conferência “Gilberto Freyre, plural e confessional”, pela escritora Fátima Quintas. (Cinema da Fundação)

17h45 Lançamento da nova edição do livro, versão em HQ, Morte e vida severina, e exibição da animação infanto-juvenil de igual título, dirigida por Afonso Serpa, a partir do poema de João Cabral e os desenhos de Miguel Falcão. (Cinema da Fundação)

19h Conferência “João Cabral de Melo Neto: os anos de formação”, pelo professor e crítico literário Ivan Marques, biógrafo de João Cabral. (Cinema da Fundação)

20h Ciclo de filmes “Gilberto Freyre e os outros”: Giba e Gringa, de Félix Filho; Gilbertianas, de Geneton Moraes Neto; e O Caseiro, de Jonathas Andrade. (Cinema da Fundação)

Dia 6 de dezembro de 2019
9h
Atividades educativas

Sala de Leitura

10h Exibição do filme O mestre de Apipucos, de Joaquim Pedro de Andrade. (Cinema da Fundação).

10h15 Mesa-redonda sobre Gilberto Freyre, as Espanhas e os Portugais, entre o professor Anco Márcio Tenório Vieira - “Camões, Freyre e o lusotropicalismo”- e o pesquisador Pablo González - “O itinerário hispânico de Gilberto Freyre. Novos achados na Espanha”. (Cinema da Fundação)

11h Conferência “Refazer o fio antigo que o fez. Sobre a fortuna crítica de João Cabral”, pelo escritor Cristiano Ramos. (Cinema da Fundação)

14h Oficinas em torno de João Cabral e Gilberto Freyre (Sala de Leitura, Ateliê das Artes e Pátio Interno).

15h Exibição do filme Recife/Sevilha, de Bebeto Abrantes. (Cinema da Fundação)

17h Conferência “Uma conversa na varanda com Gilberto Freyre”, pelo professor e escritor Joaquim Falcão, membro da Academia Brasileira de Letras. (Cinema da Fundação).

19h Conferência de encerramento “Marcas hispânicas na obra de Gilberto Freyre e de João Cabral de Melo Neto”, pelo escritor e tradutor espanhol Antonio Maura, diretor do Instituto Cervantes, do Rio de Janeiro. (Cinema da Fundação)

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