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Às vésperas do Natal, Muhne lança Rogai Por Nós em Olinda

Publicado: Sexta, 20 de Dezembro de 2019, 19h01 | Última atualização em Sexta, 20 de Dezembro de 2019, 19h01 | Acessos: 757

Mostra ocupará o Museu de Arte Sacra de Pernambuco até julho de 2020. Abertura, nesta sexta (20), contou com a presença do arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido

Duas pinturas contam as histórias do saque dos holandeses a Igarassu, em 1632, e do rastro da cólera, trazida por eles, que se alastrou pelo mesmo município, Olinda e Recife no século 17. A obras de 175x272 centímetros, datadas de 1729, foram doadas como pagamento de promessas — os chamados ex-votos — e integram o acervo da exposição Rogai Por Nós. A mostra foi lançada, nesta sexta-feira (20), no Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Maspe), em Olinda, e marca uma parceria entre o Museu do Homem do Nordeste e a Arquidiocese de Olinda e Recife.

Para o diretor do Museu de Arte Sacra de Pernambuco, Frei Rinaldo Pereira, o trabalho conjunto com a Fundação foi um testemunho de competência, agilidade, respeito e parceria. Ele agradeceu o empenho de ambas as equipes e destacou a narrativa da exposição. “Rogai por nós é uma prece do coração humilde que agradece ao Céu. Aprendemos a pedir proteção logo cedo, quando corremos para os braços de nossos pais ao primeiro sinal de perigo. Esse desejo de interseção é inerente a cada um de nós. Depois aprendemos a fazer isso com os santos.”

“Essa exposição nos apresenta a riqueza da fé do nosso povo, quer seja rezando diante da mais bela e suntuosa imagem ou daquela comprada por R$ 0,10”, concluiu o frade. Em sua fala, o presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Antônio Campos, celebrou a parceria entre as instituições. “Agradeço o diálogo e parceria construídos neste projeto. A inauguração acontece em uma época bastante simbólica, às vésperas do Natal, tempo de renascimento, de reflexão. De forma inesperada, logo após o falecimento de um artista importante, como foi Francisco Brennand”, destacou.

O presidente dedicou a leitura de dois poemas à memória do artista plástico, falecido nesta quinta-feira (19), e ressaltou a importância da Fundação Joaquim Nabuco na valorização da cultura regional. “É nossa missão, enquanto lugar de manutenção da cultura nordestina, reconhecer os elementos que constroem a identidade de nossa gente”, finalizou Antônio Campos. A exposição Rogai Por Nós fica em cartaz até julho de 2020 e contará com o apoio de mediadores e demais membros da equipe do educativo do Museu do Homem do Nordeste.

Nordeste: um oratório doméstico

Com quase 100 peças eruditas e populares, distribuídas nas instalações montadas ao longo de dois vãos do Maspe, a exposição propõe uma imersão no repertório iconográfico religioso do povo nordestino, além de promover uma reflexão sobre o mercado da fé. São imagens ora talhadas na madeira, ora esculpidas em pedra. Não menos valiosas, destacam-se, ainda, esculturas de gesso ou de barro, como a imagem de Santa Luzia, feita pela mestra artesã Maria Amélia, uma das pioneiras de Tracunhaém, declarada Patrimônio Vivo de Pernambuco.

Os cenários de Rogai Por Nós não esquecem os menores detalhes, como os adereços que enfeitam andores, as flores em crepom, as fitinhas de lembrança, os doces de Cosme e Damião, o pisca-pisca de Natal. Como bem descreveu a curadora da mostra, a antropóloga Ciema Mello, “é um verdadeiro bordado natalino”. “O Muhne é um museu de antropologia, mas não significa que não veja com bons olhos que o povo nordestino é fervoroso. As pessoas manifestam isso de maneira muito visível, quando, por exemplo, enfeitam amorosamente o seus santos”, refletiu Ciema.

Acertou em cheio. Trabalhando há 37 anos a metros do museu, a tapioqueira Aldicene Ramos da Silva, 46, conferiu uma prévia da exposição um dia antes da abertura. Pediu aos amigos funcionários após receber um folder e os primeiros banners ganharem a fachada do Maspe. Diante do andor de Nossa Senhora Aparecida, desabou. Literal e emocionalmente. “Eu me senti no Céu, do ladinho de Nossa Senhora”, disse. No lançamento, ela agradeceu. “Tudo me chamou atenção, inclusive o carinho de todos que fizeram essa exposição. Para estar desse jeito, certamente teve muito carinho.”

Emocionou, também, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido. “Sou de outro século, quando os fiéis pediam imagens aos padres e recebiam estes santinhos em papel. Havia muito significado. Olhando-os aqui é algo muito bonito, que realmente emociona. São elementos que estão em nossa cultura, de modo que recordar isso é muito belo. Agradeço à Fundaj pela abertura e solidariedade conosco, em nome de muita gente que ainda vai passar por aqui e se enriquecer com tudo isso”, disse em sua fala. Coube ao arcebispo fazer as honras e desatar o laço para a abertura da mostra.

Segundo o coordenador do educativo do Maspe, Iron Mendes Jr, a expectativa é de que a visitação tenha um grande alcance já nos primeiros meses, diante do período de férias. Na última mostra realizada no espaço, o museu recebeu mais de 13 mil visitantes. “A expectativa é muito positiva, ainda mais com uma proposta tão boa quanto essa de unir a arte sacra e erudita com a devoção popular. É certo que Rogai Por Nós terá um público cativo à partir de janeiro, quando o fluxo de visitantes no sítio histórico é bem significativo”, observa.

O Museu de Arte Sacra de Pernambuco funciona na rua Bispo Coutinho, 726, no Alto da Sé, em Olinda. O horário para a visitação é das terças-feiras aos domingos, das 10h às 17h. A entrada custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 para estudantes, professores e militares. Crianças abaixo dos 12 anos e adultos acima dos 60 não pagam, além de escolas e universidades previamente agendadas através do e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Mais informações: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo./(81) 3184-3154.

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