iNovaFundaj reflete reviravoltas do ‘novo normal’ do Século 21
Durante edição do webinário, nesta quarta-feira (10), Thales Castro falou do cenário nas relações internacionais e reverberações no modo de vida e economia global
“Alguns dizem que o Século 21 começa com o atentado às Torres Gêmeas em 11 de setembro, arrisco dizer que vai um pouco além, até 2020.” Esta foi uma das observações feitas pelo cônsul da República de Malta Thales Castro. Nesta quarta-feira (10), o comentarista da Rádio CBN e estudioso de Relações Internacionais participou do mais recente webinário do iNovaFundaj, promovido pela Escola de Inovação e Políticas Públicas (EIPP), da Fundação Joaquim Nabuco.
Com a mediação do professor de Ciências Econômicas Luís Henrique Romani, diretor de Pesquisas Sociais da Instituição, Thales refletiu os impactos e perspectivas para a Política Internacional em um mundo pós-pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Para ele, o ano de 2020 é muito importante, sobretudo do ponto de vista das ‘fraturas’ que iniciam nas placas tectônicas do eixo terrestre à guerra para redefinição de um novo centro econômico mundial.
“Para olhar o cenário internacional, é preciso ajustar a lente”, destaca. A metáfora diz respeito a análise dos fatos externos, menos enviesado pela política nacional e a compreensão do mundo como o conhecíamos. “Acredito que a nova geopolítica pós-pandemia trará outra óptica de poder”, tensiona, ao refletir a disputa entre os Estados Unidos e a China, um caracterizado pelo Estado Mínimo e outro com um modelo de república socialista próprio.
Em maio, a China iniciou os testes com a Digital Renminbi, criptomoeda estatal concorrente ao Bitcoin e que, em um mundo cada vez mais digital, deverá competir também com o Dólar norte-americano. “Teremos uma nova condicionante, o poderio que se organiza naquele país. O Século 21 começa a partir de novas regras de poder, uma nova pragmática. Os EUA e China de igual para igual, questiona, legitima, deslegitima e busca alterar o contorno do comércio internacional.”
Ainda de acordo com o especialista, que nomeou o momento como Guerra Microbiológica Mundial, o novo coronavírus é uma janela de oportunidade para a reestruturação do globo. As previsões de ruptura alcançam outras esferas. Seja pelo impacto no modelo de negócios da atualidade, já em declínio, pela transformação do sujeito de um mundo em crise ou pelo impacto nas commodities. Sobre o tema principal, refletiu a relação entre nações vítimas dos maiores números de morte.
Disse acreditar que uma profunda crise de identidade e coesão deve abalar a Europa. “Com a saída do Reino Unido da União Europeia, prevejo o populismo xenófobo tomar mais força. Na pandemia, é importante observar uma Itália alvejada, renegada a morrer diante de Bruxelas. Ela deve capitalizar esse rancor. O esperado seria que a UE tivesse respondido coletivamente, com o abandono as mortes aumentaram.” Dados recentes, apontam 34.114 mortes no país europeu.
“No ‘novo normal’ devemos encarar o bravo novo mundo, desafiador, de cortar muitas cabeças. Muitas empresas serão massacradas se não estiverem preparada para uma uma realidade que cada vez mais discute compromisso ambiental e criatividade. O futuro é 4.0, digital, da economia circular — onde o ouro negro, o petróleo pesado, poluente, está com dias contados”, aponta, ao lembrar Carlos Drummond de Andrade: “Esse é tempo de partido,/ tempo de homens partidos”.
Redes Sociais