Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Imprensa > Em live da Fundaj, sensibilidade de Nise da Silveira reúne admiradores e estudiosos
Início do conteúdo da página

Em live da Fundaj, sensibilidade de Nise da Silveira reúne admiradores e estudiosos

Publicado: Sexta, 03 de Julho de 2020, 16h22 | Última atualização em Sexta, 03 de Julho de 2020, 16h31 | Acessos: 222

Terceiro encontro da série Grandes Personalidades da História do Nordeste refletiu, nesta quinta (2), a evolução da psiquiatria a partir da vida da alagoana

A médica psiquiatra brasileira Nise da Silveira (1905—1999) dizia que andava com Virgulino Lampião à sua frente e o orixá Oxóssi às suas costas. A alagoana, que revolucionou a psiquiatria no mundo, teve entre colaboradores o fundador da psicologia analítica Carl Jung e foi até curadora de uma arte singular. Para falar da humanista, a terceira edição da série Grandes Personalidades da História do Nordeste reuniu, nesta quinta-feira (2), a médica oncologista Cristiana Tavares e a psicanalista e cineasta Isabela Cribari. A iniciativa é promovida pela Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no canal oficial da instituição pernambucana do YouTube.

“Falar sobre humanizar a medicina, em meio a pandemia, é algo muito contemporâneo. Hoje discutimos o que é necessário para viver e Nise contribuiu para este caminho, que usou da arte que liberta e cura”, observou o presidente da Fundaj, Antônio Campos, no início da transmissão. Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, a médica e professora universitária Cristiana Tavares relembrou a trajetória de Nise da Silveira na medicina. Aos 15 anos, a alagoana filha de pais pernambucanos entrou na Faculdade de Medicina da Bahia. Em 1926, foi a primeira mulher brasileira a se formar na profissão e a única de uma turma de 157 homens.

“Como médica, Nise foi na contramão das hipóteses e teorias vigentes. Tratava os pacientes como clientes e os chamava pelo nome. Apesar de simples e franzina, teve uma vida de riqueza emocional. Defendia que a liberdade era a capacidade [do indivíduo] de dizer não. Por isso, enxergou a vulnerabilidade social de forma diferente”, considerou a oncologista, para quem a fundadora da Casa das Palmeiras é referência. “Ela rompeu com o mundo delegado à mulher naquele período. Cresceu entre a objetividade da matemática, ensinada pelo pai, e a poesia e música em sua casa. Mas destacava também a leitura. Dizia que na leitura entendeu detalhes da psique. Leu Espinoza, Marx, Freud, mas também Machado de Assis”, conta.

Na sequência, foi a vez da psicanalista e cineasta Isabela Cribari falar da “inspiração” que é para ela Nise da Silveira. Recordou a prisão da psiquiatra após ser encontrada com livros marxistas no Período Militar. “Em 1944 é reintegrada ao serviço público no Hospital Psiquiátrico Pedro II. Lá, foi apresentada ao eletrochoque, que se nega a aplicar. Considerava mais elemento de tortura que de tratamento. Como represália, foi encaminhada ao porão para integrar os trabalhos de terapia ocupacional. A partir do que ela faz deste lugar é que tem início o que conhecemos da sua história de outra forma de enxergar e tratar o paciente.”

“Nise argumentava que todos tinham dois mundos: um interior e outro exterior. Dizia que os médicos não se interessavam pelo mundo interior dos pacientes, apenas pelo exterior. Não conversavam com eles, apenas catucavam. Para ela, nem todos conseguiam passar de um mundo para outro, como os psicóticos. Queria entender o núcleo da doença e o porquê da desarticulação com o social. Sua ambição, no entanto, não era trazer os pacientes para o mundo exterior”, destacou Cribari. “Ela buscava o que a gente entende hoje como inconsciente. Contava que ficava com olhos arregalados, vendo a produção dos que acompanhava, tentando aprender com eles a ler as imagens.”

Além de nuances de Nise da Silveira, as palestrantes comentaram curiosidades da trajetória profissional da alagoana, como a relação com o psiquiatra suíço Carl Jung. Com ele, Nise trocou cartas e dividiu estudos de desenhos produzidos pelos pacientes no Brasil. Ao fim das falas, as participantes responderam às perguntas do público. A live reuniu pessoas de Natal, no Rio Grande do Norte, a Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. “A Terapia Ocupacional é totalmente grata pela existência dessa mulher”, escreveu a internauta Jessica Francine. O encontro contou com mediação da jornalista Lady Lima. A transmissão completa pode ser vista na conta oficial da Fundação Joaquim Nabuco no Youtube.

registrado em: ,
Fim do conteúdo da página

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o fundaj.gov.br, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de privacidade. Se você concorda, clique em ACEITO.