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Em live da Fundaj, historiador relembra perseguição a Antônio Conselheiro

Publicado: Sexta, 10 de Julho de 2020, 09h59 | Última atualização em Sexta, 10 de Julho de 2020, 09h59 | Acessos: 321

Quarta edição do Grandes Personalidades da História do Nordeste recebeu, nesta quinta (9), o escritor e membro da APL José Nivaldo Junior

Em 1897, Belo Monte foi destruída, pelas tropas da jovem República, no esforço para aniquilar a comunidade coordenada por um homem cujo nome ousou reverberar muito além dos sertões nordestinos: Antônio Conselheiro. Mais de cem anos após a chacina que vitimou cerca de 25 mil pessoas, seu nome permanece presente. Assim foi, nesta quinta-feira (9), na quarta edição da série Grandes Personalidades da História do Nordeste, que recebeu o historiador e membro da Academia Pernambucana de Letras José Nivaldo Junior. O evento, transmitido via YouTube, é uma iniciativa da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

“É preciso destacar estes personagens que revelam os contrastes entre o Brasil oficial e o Brasil real”, defendeu o presidente da Fundaj e escritor, Antônio Campos, ao saudar o palestrante e destacar o acervo da Instituição pernambucana, que contém peças relacionadas ao trágico evento na então comunidade do Belo Monte. “Algumas relíquias originais da Guerra de Canudos estão no Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra), da Fundaj. Outros podem ser conferidos no Museu do Homem do Nordeste, o que mostra a relevância que tem esta instituição e equipamento para a história da região e do País.”

Por sua vez, o Diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), Mario Helio Gomes, recordou que a palestra integra uma série de sete personagens nordestinos e comentou a repercussão no universo artístico da tragédia de Belo Monte. “Grandes obras brasileiras costumam ser obras de ficção. Assim como correspondem a grandes obras mundiais as tragédias gregas e os romances shakespearianos. A dimensão do que houve naquela região da Bahia, no Século 19, foi tamanha que inspirou duas das maiores obras da América do Sul. É esta a força de Canudos, é esta a força de Antônio Conselheiro”, pontuou o diretor.

Ao longo de sua palestra, José Nivaldo destacou diversas nuances da história, como a dificuldade do jornalista Euclides da Cunha, que acompanhou as tropas como correspondente do jornal O Estado de São Paulo, a fim de registrar o combate ao “grupo de fanáticos”, como era visto o séquito do Conselheiro. Recordou que em uma das entrevistas conduzidas por ele a um dos seguidores de Antônio Conselheiro, preso em Salvador, buscou dissuadir o entrevistado a respostas que incriminasse o líder. “Esperava ouvir que ele se apresentasse como salvador, que falasse ou fosse dado aos milagres. No entanto, colheu depoimentos sobre um homem comum.”

Defendeu que o Conselheiro foi um revolucionário conservador pela sua proposta de erguer uma comunidade baseada nos princípios do Cristianismo primitivo. “Em Belo Monte não existia propriedade privada. Todos trabalhavam. Tudo era dividido igualmente entre as pessoas, tivessem elas produzido ou não. Idosos e crianças tinham o mesmo direito. Eram um comunismo baseado no cristianismo primitivo, baseado no repartir o pão e entregar a túnica. Não havia, por exemplo, cadeia na cidade que construíram. As pessoas que fugiam do padrão de comportamento eram simplesmente expulsas da comunidade.”

O historiador apontou também que nunca o Conselheiro chamou Canudos de Canudos, mas sim de Belo Monte. “Canudos é a visão do barão que foi dono da terra e dos soldados que lá chegaram em virtude da vegetação da caatinga” A pedido do público destacou as obras que considera relevantes para se entender a figura de Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos. “Todas trazem alguma contribuição, inclusive as equivocadas como Os Sertões. Euclides não compreendeu o Conselheiro. Neste sentido, A guerra do fim do mundo é mais justa. Para compreender Canudos em poucas páginas indico Cangaceiros e Fanáticos, de Rui Facó”, concluiu José Nivaldo.

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