Empreendedorismo social e políticas públicas foram temáticas do primeiro dia de atividades da Semana da Juventude da Fundaj
Fábio Silva da ONG Novo Jeito, Larissa Silva (Lari Gol), o ativista social Daniel Paixão e os pesquisadores do Núcleo de Inovação Social em Políticas Públicas (Nisp) da Fundaj participaram da programação desta segunda-feira (10). Evento virtual vai até esta quinta-feira (13)
O tema empreendedorismo social esteve em pauta na abertura da Semana da Juventude da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), nesta segunda-feira, 10 de agosto. Além disso, na parte da tarde, o público pôde participar de uma reflexão sobre políticas públicas para os jovens. A programação está só no começo e segue até esta quinta-feira (13), com mesas de debate sobre educação, inovação, sustentabilidade e cultura.
Antes do início da programação no canal da Fundaj no YouTube, o presidente da casa, Antônio Campos, ressaltou a importância do evento 100% virtual para os jovens. “O espaço é voltado para a reflexão e a discussão de temáticas relevantes propostas pela juventude. A iniciativa coloca os jovens como protagonistas, além de destacar o empoderamento da juventude, responsável por novas histórias, ideias e perspectivas”, declarou.
Com mediação de Leonardo Cruz, coordenador da Escola de Inovação e Políticas Públicas da Fundaj, o debate “A importância da juventude no empreendedorismo social” contou com a participação de Fábio Silva (fundador da ONG Novo Jeito), Daniel Paixão (estudante de jornalismo da Unicap, ativista e líder social do projeto Fruto de Favela, da comunidade do Jacaré, do bairro de Maranguape I, na cidade de Paulista/PE).
Fábio Silva abriu a discussão falando sobre importância de valorizar as novas gerações. “Falar para o jovem tem um significado especial e fundamental. A mobilização da juventude para o trabalho voluntário causa impacto, empatia e senso de missão dos jovens que buscam empreender no mercado de trabalho”, disse.
O estudante Daniel Paixão detalhou como começou o projeto Fruto de Favela. “Vi um jovem morrer em frente a minha casa. Nesse dia, várias emissoras foram até a comunidade do Jacaré para cobrir o caso. No outro dia, a notícia teve uma repercussão gigante. Após o fato, criei um projeto para transformar o cenário da comunidade onde moro, mostrando para a mídia boas práticas da localidade”, contou.
Larissa Silva, conhecida pelo apelido “Lari Gol”, relembrou seu forte discurso sobre o preconceito que as mulheres sofrem no futebol. Sua fala exigindo respeito e denunciando o bullying que sofria por gostar de jogar bola ganhou uma repercussão gigante nas redes sociais.
“Sou muito tímida, mas consegui desabafar. Nesse dia, fiquei triste e com raiva, mas cansei de sofrer e ficar calada. Fiz questão de representar todas as meninas com a minha fala. Recebi mensagens de apoio e agora estou firme para seguir meu sonho de ser jogadora”, pontuou a garota, morada do Vasco da Gama, bairro localizado na Zona Norte do Recife.
Na parte da tarde, a programação da Semana da Juventude promoveu uma conversa sobre políticas públicas voltadas para os jovens. Para começar o diálogo, o mediador da ocasião, o diretor de Formação Profissional e Inovação (Difor) da Fundaj, Wagner Maciel, destacou: “o jovem é aquele que pode transformar as gerações futuras, mas é o que muitas vezes está em maior vulnerabilidade e carência de políticas públicas”.
A juventude brasileira compreende pessoas que têm de 15 a 29 anos de idade. Isso, de acordo com a Proposta de Emenda Constitucional da Juventude aprovada pelo Congresso em setembro de 2010, e o Estatuto da Juventude sancionado em 2013. Sobre a trajetória da promoção de direitos para essa parcela da sociedade, foi falado que nas décadas de 60 e 70 a política era de supressão do jovem. Via-se esses indivíduos como uma ameaça, e o Estado atuou para diminuir o protagonismo deles. Já em 80, houve um aumento da violência nessas idades.
Diante dos desafios que foram surgindo, em 1990, finalmente, foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Porém, essas diretrizes só abrangem indivíduos até seus 18 anos e, excepcionalmente, até os 21. Apenas 23 anos depois, foi criado o Estatuto da Juventude. “Nessa história, ser jovem não tem sido fácil. Eles são um quarto da população do país e precisamos de políticas que os priorizem”, afirmou o pesquisador do Núcleo de Inovação Social em Políticas Públicas (Nisp) da Fundaj, Marcelo Asfora. Ele também resumiu o trabalho do Núcleo, que aponta para uma melhoria nas estruturas de governança de programas sociais para garantir direitos existentes.
A também pesquisadora do Nisp, Carolina Beltrão, também contribuiu com o debate: “nosso trabalho tem sido no âmbito da inovação social. Por meio de novos processos, essa prática existe para remodelar ou criar políticas públicas, Dessa forma, para resolver problemas que ainda não estavam resolvidos. Com o jovem, existe uma dívida social na educação, que é algo que estamos analisando junto ao FNDE”.
Encerrando a atividade, o economista Adriano Batista Dias destacou a necessidade de prestar atenção naquilo que o jovem tem a oferecer. “Jovens no mundo inteiro estão assumindo a liderança de movimentos significativos na sociedade. A sueca Greta Thunberg é a mais noticiada, mas se procurarmos acharemos muitos outros”, destacou Adriano. Foi falado ainda que a principal mudança necessária é, não só a de procurar formular políticas para eles, mas é preciso ouvi-los e confiar que os mesmos podem dar boas sugestões.
Próximas atividades da Semana da Juventude
Dia 11 - Educação
10h - Lançamento do Aplicativo Pesquisa Escolar
Mario Helio, diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj
Nadja Tenório, coordenadora da Biblioteca Blanche Knopf da Fundaj)
Rodrigues José Ferreira (coordenador de Tecnologia da Informação da Fundaj)
16h - Lançamento do projeto “Museu vai à escola” do Muhne
Frederico Almeida, coordenador-geral do Museu do Homem do Nordeste
Edna Silva, coordenadora de Ações Educativas do Muhne
17h - Oficina do Educativo do Museu do Homem do Nordeste (Muhne)
Dia 12 - Inovação e Sustentabilidade
10h - Mesa “Agenda para a juventude”
Keylla Guerra, Delegate Youth Assembly ONU 2019)
Luiza de Sá Leitão (Oficial do Programa de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes e Jovens do Unicef Brasil)
Leila Azevedo Holmes da Silva, graduanda em Engenharia Eletrônica e presidente do Ramo Estudantil IEEE UFRPE
Mediação : Maria Luiza Cruz, coordenadora-geral de Cooperação e de Estudos de Inovação da Difor/Fundaj
16h - Juventude e Conexões
Cláudio Marinho, cofundador do Porto Digital, consultor em cenários e estratégias na Porto Marinho
Marcela Valença, gerente de Pessoas do Porto Digital
Mediação : Luis Romani, diretor de Pesquisas Sociais da Fundaj)
Dia 13 - Cultura
10h - Cultura de paz nas escolas
Marcelo Pelizzoli, doutor em Bioética e professor do mestrado em Direitos Humanos da UFPE)
Hebe Pires, gerente-executiva do Projeto Escola Legal: Cultivando a Cultura de Paz
Paulo Teixeira, psicólogo e servidor do MPPE
Mediação: Maria Luiza Cruz, coordenadora-geral de Cooperação e de Estudos de Inovação da Difor/Fundaj
16h - Roda de conversa com jovens do Projeto Fruto de Favela
Mediação: Edna Silva, coordenadora de Ações Educativas do Muhne
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