Exposições e oficina trazem trajetória de Aloisio Magalhães e bens tombados
Atividades integram a Semana do Patrimônio da Fundação Joaquim Nabuco. Nos dias 17 e 18, dividem com o público desde a única mostra com curadoria do designer pernambucano até sua última produção. Oficina ensina técnica do Século XX
Três exposições virtuais serão realizadas dentro da programação da Semana do Patrimônio da Fundação Joaquim Nabuco, promovida de 17 a 19 de agosto, no canal da instituição no YouTube. Sob os títulos a Presença de Aloisio - um artista a serviço do Patrimônio Cultural; Olinda viaja a Paris e Patrimônio imaterial - a consolidação das referências culturais brasileiras no Nordeste, as mostras sintetizam a intenção da programação em debater a importância de políticas de preservação cultural e celebrar os nomes que contribuíram para sua efetivação — como é o caso do homenageado da edição, o artista plástico e designer Aloisio Magalhães.
Com uma mão descansando na cintura e a outra ocupada com possíveis papéis da exposição Açúcar e o Homem, Aloisio posa com seus óculos de sol modelo wayfarer, em frente ao atual Museu do Homem do Nordeste (Muhne), no Recife. O registro, da década de 1960, pertence ao acervo do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira Rodrigo Mello Franco De Andrade (Cehibra), da Fundaj, e corresponde ao período em que o pernambucano assinava a curadoria da única mostra que produziu ao longo de sua trajetória, para o então Museu do Açúcar.
O fato, pouco explorado na história de um dos maiores designers do Século XX, será apresentado com riqueza de detalhes em Presença de Aloisio - um artista a serviço do Patrimônio Cultural. O lançamento ocorre, às 12h, no dia 17.
“Existe muito material sobre Aloisio Magalhães disponível na internet, mas ninguém tratou ainda a respeito desta exposição. Temos o orgulho de ser a única instituição que teve uma exposição com curadoria dele”, destaca o museólogo da Fundaj e responsável pela exposição, Henrique Cruz. A exposição pode ser conferida no link https://issuu.com/muhne/docs/presen_a_de_aloisio.
O museólogo conta que Aloisio foi convidado, ao lado do arquiteto Armando de Holanda Cavalcanti, devido ao trabalho que vinha desenvolvendo no campo das Artes. Mas tinha um curso de museologia pela Escola de Museu, do Louvre. “É uma exposição que fala muito da ‘civilização do açúcar’, desde a escravidão dos negros, dos grandes barões e donos de engenho, até o plantio, as sementes e os trabalhadores do açúcar. Abordou cunhos antropológicos e sociológicos, mas também as festas populares e o cotidiano, como um menino comendo algodão doce.”
Foi essa exposição que inaugurou o Museu do Açúcar, em 1963. Fundado pelo Instituto do Álcool e do Açúcar (IAA), o equipamento cultural foi anexado ao Muhne em 1979. Outros aspectos abordados na mais recente montagem são a biografia de Magalhães, estudos de suas produções e obras finalizadas. São fotografias do artista em diversos contextos profissionais, como na sua relação com o dramaturgo Ariano Suassuna, no período do Gráfico Amador (1954—1961), mas também gravuras, cartemas, projetos como o símbolo do IV Centenário do Rio de Janeiro, até documentos.
Sua última produção foi um conjunto de litogravuras da Cidade Alta de Olinda. As peças ganham exposição exclusiva, no mesmo dia, às 16h: Olinda viaja a Paris - o álbum de litogravuras. Em 1982, Aloisio Magalhães estava secretário de Assuntos Culturais do então Ministério da Educação e Cultura (MEC) quando produziu a série. Minucioso, o álbum registra os traços arquitetônicos do, hoje, Sítio Histórico de Olinda.
“Aloisio havia proposto à Unesco a inclusão da cidade na relação dos bens reconhecidos patrimônio pela humanidade. Além dos estudos, documentos e dossiês que um pleito dessa natureza exige, ele decide levar também este material. Essa espécie de argumentação visual, plástica, artística em prol da candidatura formulada traz um pouco da sua visão do que é patrimônio, não se limitava aos aspectos formais, históricos ou estéticos”, explica Antônio Carlos Montenegro, coordenador de Exposições do Muhne e curador da mostra.
Aloisio faleceu em Pádua, na Itália, quando participava de uma conferência anterior à defesa de Olinda. Ainda que não tenha contemplado, seu esforço foi bem sucedido e a cidade foi reconhecida Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, pela Unesco, no mesmo ano. “Ele colocou a obra dele a serviço do Patrimônio”, enfatiza Montenegro. A exposição pode ser conferida no link https://issuu.com/muhne/docs/exposi__o-_olinda_vai_a_paris.
Como não havia de ser diferente na Semana do Patrimônio, os bens tombados também ganham uma exposição virtual. Em Patrimônio imaterial - a consolidação das referências culturais brasileiras no Nordeste, o coordenador-geral do Museu do Homem do Nordeste, Frederico Almeida, reúne 68 fotos, vídeos e sons dos acervos da Fundaj e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para destacar a riqueza dos bens imateriais do Nordeste.
“A exposição mostra a diversidade cultural e a predominância de bens de natureza imaterial no Nordeste. Neste ano, comemoramos 20 anos da promulgação do decreto 3551/2000, que regulamenta o patrimônio imaterial brasileiro”, aponta Fred. No Brasil, 48 bens são registrados como Patrimônio Cultural Imaterial do País. Grande maioria, 21 deles (43,75%) estão presentes no Nordeste. Dos 21 bens, 11 em Pernambuco, evidenciando o Estado com o maior acervo imaterial até hoje registrado. São receitas de doces como o Bolo de Rolo e o Bolo Souza Leão, a folia do bloco carnavalesco Galo da Madrugada e do Frevo, até o Forró, a Feira de Caruaru, a Missa do Vaqueiro, imortalizadas na voz do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. O lançamento da mostra virtual, que pdoe ser conferida no linl https://prezi.com/view/0yU7kJk8FceIBiXzdFXn/ acontece no dia 18, às 16h.
A programação inclui, ainda, a Oficina de Cartemas, uma técnica de composições visuais que foi popular na segunda metade do século passado, preparada pelo Educativo do Muhne em parceria com a coordenação de Exposições. “A oficina foi pensada como estratégia de apresentar uma das versatilidades de Aloisio Magalhães, de usar postais justapostos, recortados, por meio de rotação ou espelhamento para formar novas imagens e figuras. Iremos apresentar o personagem designer, gestor, museólogo, escritor — por assim dizer —, mas sobretudo o humanista”, explica a coordenadora do Educativo, Edna Silva.
Integrando o roteiro do dia 17, às 15h, o artista plástico e educador Emerson Ponte desvendará a técnica para que todos reproduzam em casa. Para iniciar o cartema, o ideal é reunir, pelo menos, 12 peças idênticas, como os cartões postais, rótulos de embalagens etc. Uma atividade para fazer sozinho e em família.
Serviço:
Dia 17 de Agosto
12h- Exposição virtual “Presença de Aloisio - Um artista a serviço do Patrimônio Cultural .”
Curadoria de Henrique Cruz, museólogo da Fundaj e mestre em Museologia e patrimônio pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
15h – Oficina “Cartemas, criação e composição”
Edna Silva, coordenadora de Ações Educativas e Comunitária do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), Antônio Carlos Montenegro, coordenador de Exposições e Difusão Cultural do Muhne e Emerson Pontes, artista plástico e educador do Muhne.
16h – Exposição virtual “Olinda viaja a Paris - O Álbum Olinda de Litogravuras”.
Curadoria de Antônio Carlos Montenegro, coordenador de Exposições e Difusão Cultural do Muhne.
18 de Agosto
16h – Exposição virtual “Patrimônio imaterial: a consolidação das referências culturais brasileiras no Nordeste."
Curadoria de Frederico Almeida, coordenador-geral do Muhne.
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