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Fundaj encerra Semana do Patrimônio com lançamento de livro etnogastronômico

Publicado: Quinta, 20 de Agosto de 2020, 11h39 | Última atualização em Quinta, 20 de Agosto de 2020, 11h39 | Acessos: 360

Coordenada pelo Muhne, pesquisa resultou em box produzido pela Editora Massangana. Evento alcançou marca de 3,3 mil visualizações

Direto de São Cristóvão, a quarta cidade mais antiga do Sergipe, Marieta Santos, ‘a mulher do forno’, fala do tradicional doce de coco da região: a queijadinha. Neta de escravizados, ela conta que a mãe adquiriu uma deficiência motora pela técnica adotada, à época, para a produção da iguaria. A mão recém tirada do forno, encontrava alívio na água fria. O processo repetido, ao longo de uma vida, foi comprometedor e evidencia aspectos quase sempre desconhecidos por quem senta à mesa. Histórias que ganham visibilidade no livro Nordeste: Identidade Comestível, organizado pelo Museu do Homem do Nordeste (Muhne) e lançado pela Editora Massangana, braços da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), nesta quarta-feira (19). A autoria é do jornalista Bruno Albertim. O evento encerra com vigor a Semana do Patrimônio da Instituição pernambucana, iniciada na última segunda (17) e transmitido em seu canal no YouTube. Ao todo, a iniciativa contabilizou 3.378 acessos.

“Este lançamento encerra com chave de ouro a nossa programação especial. Pela magnitude desta obra vim aqui, hoje, agradecer o esforço de todos. Ela já é sucesso”, celebrou o presidente da Fundaj, Antônio Campos, ao saudar os participantes da conferência “Etnogastronomia do Nordeste: uma ideia realizada em livro”. A mesa de debate reuniu, virtualmente, a antropóloga do Muhne e coordenadora da pesquisa que resultou no título, Ciema Mello; o jornalista, antropólogo e autor Bruno Albertim; o fotógrafo Emiliano Dantas, que assina as imagens presentes nos dois volumes; a servidora da Fundaj, Silvana Araújo, que ajudou a estruturar o início da pesquisa, ainda em 2010; e a coordenadora de Projetos e Processos da Editora Massangana, Elizabeth Mattos, que acompanhou a finalização do número.

Ciema Mello recordou que a ideia do livro surgiu durante uma mesa promovida pelo Muhne, com a presença do antropólogo Raul Lody. “É uma obra coletiva, foi feita por todos e gostaria de agradecer a cada um. Sobretudo, elogiar ao Museu do Homem do Nordeste. Um museu único, o maior equipamento de antropologia da região, que no lugar de ser um museu oracular, legislador, assertivo; promove dúvidas, perguntas, percursos de interpretação da sua região”, reivindicou, ao mencionar os diversos atores que integraram a produção, como as cozinheiras e personagens Marieta Santos, Dona Gertrudes e Mana Asfora. Entretanto, não deixou de fora os servidores da Instituição que ao longo de uma década se dedicaram ao projeto. “O Nordeste também é a terra da fartura”, finaliza.

“A obra foi muito bem contemplada com algumas críticas da imprensa local e articulistas de fora, mas a melhor definição é de Ciema: este livro não tem um autor, tem vários autores. Quero estar muito disponível para falar sobre estas cozinhas, porque a gente sabe que ali não tem um Nordeste, tem vários. A gente não pode falar nunca em uma ‘cozinha do Nordeste’, ela jamais será estanque. São muitos templos históricos, que se sobrepõem”, destacou Bruno Albertim. “Tentei imprimir na produção esse ritmo de caderno de viagens, para que as pessoas possam viajar conosco pelos lugares aonde fomos.” Publicado como série de reportagens no Jornal do Commercio, a produção rendeu ao autor o Prêmio Esso de Jornalismo no ano de 2013. A primeira produção sobre gastronomia premiada da história da honraria.

Direto de Lisboa, capital portuguesa, o fotógrafo Emiliano Dantas recordou os 11.560 quilômetros percorridos pelos estados da região. “Fico muito feliz por esse trabalho, de tanto tempo, sair. Um trabalho construído de encontros com as pessoas, encontros que estavam dentro de um processo muitas vezes de incertezas e contingências, de estar aberto para descobertas. Ele vai sendo resultado destas co-autorias”, disse orgulhoso, ao pontuar que ingressou no mestrado em Antropologia a partir desta produção. Emiliano lembrou, ainda, fotógrafos como Waldemar Valente, Rucker Vieira e René Ribeiro. “O meu trabalho se insere dentro de uma Instituição que tem uma história muito importante com a produção de imagem de fotografia na antropologia”, comemorou.

“Penso que o principal que eles fizeram, além de percorrer o Nordeste — das feiras, dos mercados públicos, das casas de família e pequenas fábricas artesanais —, foi identificar e registrar a relação dos habitantes de cada um desses lugares como seus alimentos. Eles compreenderam a importância de estudar essa relação, que Roberto DaMatta diz que é definidora de caráter, identidade social e coletividade. É ali que o alimento ganha toda a importância, transforma-se em linguagem e em voz”, considerou a escritora Maria Lectícia Cavalcanti, especialista em gastronomia, que assina o prefácio da obra. O título pode ser pode ser adquirido no Campus Sede (Av. Dezessete de Agosto, 2187 - Casa Forte, Recife - PE), pelo valor de R$ 70. Informações sobre reservas e envio devem ser solicitadas no telefone (81) 3073-6321 ou pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

Para celebrar o homem e as riquezas nacionais
Ao longo de três dias, a Fundação Joaquim Nabuco promoveu uma série de debates e outras iniciativas para celebrar o Dia Nacional do Patrimônio (17/08) e o aniversário do patrono da Instituição, o abolicionista Joaquim Nabuco (19/08). Pelas contribuições para a formatação de políticas públicas de preservação dos bens culturais do Brasil, o homenageado da edição foi o artista plástico e designer pernambucano Aloisio Magalhães (1927-1982). “Tivemos lives com pessoas conhecedoras das políticas do Patrimônio e discussões bastante ricas. A Semana foi muito positiva e nós atingimos os objetivos, inclusive homenageando um ícone da área da preservação. A sensação é de dever cumprido”, avaliou o coordenador-geral do Muhne, Frederico Almeida.

Abrindo a programação, o primeiro dia contou com a participação de figuras íntimas do homenageado, em momentos emocionantes, como de sua filha, Clarice Magalhães, e dos amigos Joaquim Falcão, Gisela Abad e Joaquim Redig. As exposições Presença de Aloisio - Um artista a serviço do Patrimônio Cultural e Olinda viaja a Paris - O Álbum de Litogravuras, com curadoria do museólogo Henrique Cruz e do coordenador de Exposições e Difusão Cultural do Muhne, Antônio Carlos Montenegro, respectivamente, também ampliaram a imersão na vida e obra do designer. O público também conferiu uma oficina de cartemas, organizada pelo Educativo do Muhne e apresentada pelo educador Emerson Pontes. Já no primeiro dia a iniciativa bateu recorde de audiência, somando 1.650 visualizações.

Enquanto no segundo dia, os pontos centrais foram os Patrimônios Culturais Nacionais, fossem eles materiais ou imateriais. Elaborada de forma minuciosa e com bastante rigor, o público teve o privilégio de assistir a conferências e debates como nomes como a especialista em Historiografia Brasileira Kátia Bogéa, ex-presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o advogado Hermano Guanais e Queiroz, diretor do Departamento do Patrimônio Imaterial (DPI) da entidade, a museóloga Célia Corsino, ex-diretora do DPI. Bem como, a arquiteta e urbanista Lia Motta, especialista em conservação e restauro, e Márcia Cláudia Ferreira, diretora do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular.

Os lançamentos também não ficaram de fora do penúltimo dia. O historiador Rodrigo Cantarelli, servidor da Fundaj, lançou pela Editora Massangana o título Historicismos na Arquitetura dos Subúrbios recifenses - um recorte da Coleção Ecletismo (2020), que resgata a pesquisa de campo O Ecletismo na Arquitetura Residencial do Recife (1840–1940), promovida pela Instituição nos Anos 1980. Frederico Almeida também assinou a curadoria da exposição Patrimônio Imaterial: a consolidação das referências culturais brasileiras no Nordeste, em que destaca os bens intangíveis do País, em sua grande maioria no Nordeste brasileiro. Dos 43 registros, 11 estão em Pernambuco. Todas as transmissões podem ser revisitadas no canal oficial da Fundaj no YouTube.

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