Última edição da série Pandemia e Sociedade da Fundaj debate sobre dificuldades enfrentadas na indústria cinematográfica em meio a crise pandêmica
Live foi transmitida pelo canal da Fundaj no YouTube, nesta sexta-feira (28). Convidados falaram sobre problemáticas atuais e perspectivas de retorno às atividades
Devido a crise pandêmica, a distribuição e a exibição de filmes bem como as filmagens em andamento relacionadas à atividade do cinema no Brasil foram afetadas como nunca antes. Para falar sobre esse contexto, a 7ª edição da série Pandemia e Sociedade, mediada pelo pesquisador Augusto Amorim, da Fundação Joaquim Nabuco, contou com a participação do pesquisador na área de política e cinema, crítico cinematográfico e consultor de distribuidoras brasileiras, Waldemar Dalenogare Neto, e também, com o mestre em Escrita Dramática, bacharel em Cinema e roteirista, Mikael de Albuquerque. O encontro online foi promovido pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), na última sexta-feira, 28 de agosto, e o tema “Os impactos da pandemia da Covid-19 na atividade de cinema no Brasil” encerrou o ciclo de debates da série que foi iniciada em maio. O assessor em leis de incentivo, Lúcio Aguiar, também foi convidado a participar do debate, porém teve problemas técnicos na hora. Sua contribuição será gravada e postada como um acréscimo para a Live realizada. Todos os vídeos podem ser encontrados no canal da Fundaj no Youtube.
“Na Fundaj, além das atividades de pesquisa em cinema, a meu encargo, temos duas salas de exibição, onde contamos com muitos lançamentos de filmes brasileiros, e temos também a Cinemateca Pernambucana, responsável pela guarda de rico material sobre o cinema pernambucano. Em um cenário onde o Cinema da Fundação tem tido protagonismo, é mais do que pertinente falarmos sobre a temática proposta”, iniciou o mediador da Live, Augusto Amorim, que é pesquisador do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist) da Fundaj, doutor em Sociologia, mestre em Comunicação e Cultura, jornalista e advogado.
Amorim fez uma uma retrospectiva sobre parte da história do Cinema brasileiro, citou a lei de incentivo ao audiovisual, derivada daquilo que preconiza a Constituição de 1988, nos artigos 215, 216 e 216-A, os quais indicam que o poder público deve incentivar as atividades culturais, em parceria com os particulares (pessoas jurídicas e pessoas físicas), sendo esta uma responsabilidade híbrida, do Estado e da sociedade. Dessa forma também, foram evidenciados os vários ciclos do Cinema no Brasil, alguns dos quais souberam dialogar bem com o público.
Depois dessa contextualização, foi colocada a questão dos adiamentos das estreias de filmes previstos para serem lançados em 2020.
“Só com o fechamento do primeiro mês dos cinemas da China, a indústria já registrava sua maior crise de distribuição. Mesmo com as guerras mundiais, nunca existiu uma interrupção para essas atividades. No Brasil, com o fechamento em março, não foi elaborado um ‘plano b’. A perspectiva era esperar a reabertura, para assim, realizar os lançamentos atrasados. Porém, esse retorno foi sendo adiado e os distribuidores ficaram sem ter o que fazer com os filmes”, afirmou o consultor de distribuidoras brasileiras, Waldemar Neto.
Foi comentado que a indústria de distribuição brasileira tem visado um retorno às atividades para os próximos meses de setembro e/ou outubro. Mas é algo muito incerto ainda, já que há uma apreensão em relação ao público que aceitará voltar nas condições propostas. “Na volta, as estreias brasileiras serão ainda mais prejudicadas pela concorrência dos lançamentos estrangeiros também atrasados”, pontuou Waldemar, e também completou: “penso que é melhor, para as distribuidoras, verem como será a adesão dos espectadores no início do retorno e só assim depois definir o novo calendário de lançamentos. O mais prudente é deixar para 2021 ou gerir para ver como vai funcionar este ano”.
Durante o encontro, o mediador do debate trouxe informações da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj, a qual comanda o Cinema da Fundação. Foi falado que ainda não existe data definida para o retorno das exibições nas salas. Em Pernambuco, o protocolo de retorno das salas de cinema já foi definido, mas só será colocado em prática quando as autoridades autorizarem. Foi informado também que quando isso acontecer, o Cinema da Fundação manterá seu cronograma de estreias e exibições elaborado antes da pandemia. Este não foi prejudicado em relação a sua distribuição.
Falando das dificuldades enfrentadas pelo setor de produção cinematográfica, questionou-se sobre como as equipes de filmagem e roteiristas estão lidando com a situação. “Por um lado, a dinâmica de trabalho do roteirista não mudou. Sempre trabalhei de casa e agora o restante da equipe está com mais tempo. Dessa forma, temos conseguido fazer várias leituras online. Já as filmagens da série que estou escrevendo, foram bastante afetadas. Elas foram adiadas e já deviam estar sendo finalizadas. Teve trabalhos que eu participava que infelizmente foram até cancelados. Mas, neste momento, entendemos que os empregadores estão lidando com a incerteza da imprevisibilidade”, afirmou o roteirista Mikael de Albuquerque.
Na reta final da Live, a conversa ainda passeou pelos temas do prestígio internacional das produções brasileiras e pela perspectiva de ter que adaptar roteiros os quais indicam, em seus conteúdos, gravações de pessoas aglomeradas. Assim, o debate foi encerrado e com ele a série Pandemia e Sociedade. Ao longo de dois meses, quinzenalmente, foram abordados temas relevantes para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 pela sociedade. Economia, educação e meio ambiente foram alguns dos eixos tratados. Juntos, os vídeos das sete edições contaram com um total de 1.346 visualizações. Todos eles encontram-se disponíveis no canal da Fundaj no YouTube.
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