Sem buscar serviços de saúde, homens morrem mais que mulheres
Especialistas refletem sobre saúde masculina em live da Fundação Joaquim Nabuco, nesta quarta (25), sobre Novembro Azul
Dados do Ministério da Saúde apontam que a maior incidência de mortes na população entre 20 e 59 anos é de homens. Outro percentual preocupante relacionado ao gênero, é que ele representa 68% dos óbitos por doenças vasculares no Brasil. No mês de novembro, a campanha Novembro Azul convoca a atenção para a saúde masculina, sobretudo para o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Em live promovida pela Coordenação-Geral de Planejamento e Gestão de Pessoas, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), nesta quarta-feira (25), o urologista Filipe Tenório, a endocrinologista Isabel de Souza e a nutricionista Juliana Paiva refletiram sobre desafios para o acompanhamento médico e o autocuidado.
Em sua fala, Isabel refletiu a importância da campanha. “Por que ter um mês dedicado ao homem?”, provocou. “Os homens procuram menos os serviços de saúde, quando procuram têm dificuldade em ficarem engajados, usar a medicação correta ou aceitarem diagnósticos. Têm, ainda, dificuldade para mudar o estilo de vida e maior acesso ao álcool e outras drogas. Ou seja, eles se cuidam muito pouco e, por isso, morrem muito mais”, refletiu a endocrinologista, que destacou uma estimativa de que homens vivam dez anos a menos que mulheres. Apontamentos que encontraram consonância na fala dos demais especialistas.
Com suporte de imagens, Filipe explicou detalhes sobre o diagnóstico precoce do câncer de próstata, o tumor mais comum do homem e segunda causa de morte por câncer. De acordo com o urologista, ainda não há prevenção para o tumor. “O câncer de próstata é uma doença silenciosa”, alerta. Por isso, o exame é essencial. A orientação geral é que os exames sejam iniciados a partir dos 50 anos de idade. No entanto, homens negros ou que têm histórico familiar — até segundo grau — de câncer de próstata devem iniciar a testagem mais cedo, aos 45 anos. Segundo os dados apresentados, 90% dos casos têm cura quando diagnosticado precocemente.
Por sua vez, Juliana Paiva lembra que muitas doenças são provocadas pelo estilo de vida. “Cada vez mais vemos que o poder do que pode acontecer está nas nossas escolhas, o que fazemos no dia-a-dia. Estima-se que 1/3 das mortes de câncer estão associados ao comportamento nutricional e ao estilo de vida. Como sedentarismo, obesidade e consumo excessivo de drogas.” A nutricionista esclareceu detalhes da produção de embutidos e temperos prontos, com adição de substâncias que podem ser cancerígenas. Em contrapartida, defendeu o consumo de alimentos antioxidantes e quimiopreventivos, presentes em frutas, vegetais e chá-verde.
Confira o debate, na íntegra, no canal da Fundaj no YouTube
Nova cultura
No bate-papo, os especialistas refletiram sobre as distinções na atenção de mulheres à própria saúde e aos homens. Provocado sobre o porquê do público masculino se manter relapso, o urologista Filipe Tenório apontou a tendência como cultural e familiar. Como exemplo, destacou que as adolescentes são orientadas pelas mães desde a primeira menstruação e já passam a ser acompanhadas pelos ginecologistas, enquanto os futuros homens aprendem sobre o corpo e educação sexual sozinhos, com amigos ou na internet. “Não é raro receber a visita de pacientes a partir dos 50 anos que nunca procuraram um médico. Na verdade, é a regra. Eles nunca tiveram uma consulta eletiva.”
Realidade que se estende em todo o território brasileiro. Por isso, em 2018, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) iniciou a campanha #VemProUro, focada em conscientizar os pais sobre a importância de acompanhar os filhos ao especialista. “Os pais devem levar os filhos ao urologista a partir dos dois anos, para conferir o desenvolvimento testicular e até possível fimose. Na puberdade, entre 11 e 13 anos, para acompanhar o desenvolvimento do corpo, conversar sobre vida sexual, masturbação. É nessa época que vários problemas de origem sexual acontecem e terão impacto na frente, sejam orgânicos ou psicológicos”, explica o especialista.
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