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Pesquisadora da Fundaj apresenta estudo sobre combate à desinformação

Publicado: Terça, 01 de Dezembro de 2020, 10h25 | Última atualização em Terça, 01 de Dezembro de 2020, 10h25 | Acessos: 316

Debate será transmitido no canal da Instituição nesta quinta (10), às 14h, na programação dos 10 anos do Cieg

Enfrentar o problema da desinformação ou da informação falsa. Este é o objetivo do debate desta quinta-feira (10), às 14h, com a professora Patricia Bandeira de Melo. Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), ela apresenta o videocast Educação para os media: Paulo Freire contra a desinformação. Com transmissão no canal da Instituição, no YouTube, a atividade integra a celebração dos 10 anos do Centro Integrado de Estudos Georreferenciados para a Pesquisa Social Mário Lacerda de Melo (Cieg), da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes). O trabalho é parte da pesquisa de pós-doutoramento em literacia dos media, feita por Patricia Melo, entre 2019 e 2020, no Centro de investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-Iscte). O debate é contemporâneo e abrange o problema da desinformação e da informação falsa, de interesse do cidadão comum na sua relação com as redes sociais e os meios de comunicação.

Segundo a professora, o processo de construção do chamado capital cultural mediático — que pode ser traduzido como o acúmulo de conhecimento que torna a pessoa apta a entender o jogo de interesses e a forma como se dá a elaboração de mensagens nos diversos meios — pode se dar em todo o percurso escolar do indivíduo. Ela informa ainda que a literacia é um conceito que busca explicar as práticas sociais, um exercício de competência. “É a capacidade de mobilizar saberes e habilidades para dar conta de exigências múltiplas da vida cotidiana e do mundo do trabalho”. No caso da mídia e das redes sociais, Melo fala de literacia dos media e da informação, ou seja, da competência de entender para além da escrita, polemizar, tomar decisões em circunstâncias críticas como resultado da reflexividade, de modo a ter discernimento entre o que é falso e o que é verdadeiro, especialmente na hora de compartilhar mensagens.

A ideia de trabalhar com Paulo Freire advém de sua pertinência teórico-metodológica de pensar a questão ideológica dos interesses da classe dominante em manter a ordem social sob o seu domínio. Segundo Melo, Freire propõe uma educação libertadora, que desperta a capacidade crítica do indivíduo de perceber a manipulação. O debate de uma proposição de educação para os media que é feita por ela é de uma metodologia voltada para jovens e adultos fora do espaço escolar nos processos de aprendizado não formal e informal de educação. “Isso não quer dizer que este aprendizado não possa ocorrer em qualquer nível de ensino escolar, mas o que discuto é uma perspectiva freireana de educação mediática para indivíduos fora do ambiente escolar, como comunidades, centro de moradores, sindicatos ou igrejas”, explica.

Patricia Melo salienta que a imprensa tem uma parcela de responsabilidade sobre o problema da propagação das informações manipuladas ou falsas porque, muitas vezes, parte das notícias cotidianas nos meios de comunicação têm problemas do que ela chama de “elementos faltantes”, ou seja, são retirados detalhes que ajudam a entender os contextos e, muitas vezes, esses vazios no discurso da mídia ocorre por interesses políticos e econômicos. “Por exemplo, como falar dos avanços das leis trabalhistas brasileiras e ignorar o governo Vargas? Quando isto acontece, estamos diante de desinformação ou informação manipulada produzida pelos grandes meios”. Outro exemplo rotineiro é quando se coloca uma frase mentirosa de uma personalidade pública e não se desmente ela antes mesmo de apresentá-la. “É preciso promover o que se chama de ‘sanduíche da verdade’, em que se apresenta a mentira e já se reveste ela com a verdade”, diz a professora. Para ela, há problemas de boas práticas do jornalismo que passam antes pela formação e atualização deles como profissionais do que propriamente por um sentido deliberado de manipulação ou favorecimento de certo pensamento político.

Ela afirma que, no caso das mensagens em redes sociais, isso se agrava porque aí não há mesmo escrúpulos para conter as mentiras. “O exercício de discernimento entre o que é falso ou manipulado exige, por princípio, um hábito rotineiro de leitura, mas não de leitura de jornais e revistas apenas, é fundamental ler livros, inclusive literatura, pois isso estimula a criatividade e o pensamento crítico, permitindo aos indivíduos desenvolver discernimento ao ler as informações e precisão na hora de compartilhá-las”. A ideia de precisão e discernimento pode ser pensada com exemplos de pesquisas recentes que mostram os erros comuns que cometemos quando interpretamos uma informação. Patricia traz o exemplo de uma pesquisa recente: “Se uma pessoa está em segundo lugar numa corrida e você a ultrapassa, em que lugar você fica na corrida? Intuitivamente as pessoas responderam: primeiro lugar. Mas a resposta certa é segundo. Isso é um bom exemplo de como somos levados a crer em algo a depender de como a informação nos é apresentada”.

Ela explica que não foi seu objetivo medir se ou quanto os meios de comunicação são responsáveis pelo cenário atual de disseminação de desinformação, mas relembrou o exemplo recente da Fox News, seguido por vários meios nos Estados Unidos, de interromper a fala do presidente Donald Trump quando ele começou a mentir em rede nacional nos EUA acerca das eleições recentes no país. “Isso mostra o que os meios podem fazer, na hora em que a mentira está sendo propagada. Na hora. Isso é sanduíche da verdade feito ao vivo. Não dava para deixá-lo falar por horas e somente depois seguir desmentindo cada tópico. No entanto, quantos anos a imprensa norte-americana levou para agir assim com Trump, em rede nacional? Somente no apagar das luzes do seu governo”.

Serviço
Debate Educação para os media: Paulo Freire contra a desinformação, com Patricia Bandeira de Melo
Data: 10 de dezembro
Horário: 14h
Transmissão no canal da Fundaj, no YouTube

 

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