Resultado do concurso Ensaios Aécio de Oliveira será divulgado neste mês
O prêmio é uma homenagem ao museólogo Aécio de Oliveira e a memória do Museu do Homem do Nordeste
Os vencedores do concurso de Ensaios Aécio de Oliveira serão anunciados no dia 13 deste mês, dentro da programação do Natal da Fundação Joaquim Nabuco. A competição foi organizada em comemoração aos 40 anos do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), vinculado à Fundaj. Devido à pandemia, o anúncio será feito virtualmente pelo canal do YouTube da Fundaj.
A escolha dos vencedores foi realizada pela Comissão Julgadora, composta por sete professores doutores em atuação em universidades e instituições de pesquisa. Os vencedores receberão um prêmio individual no valor de R$10 mil. A lista dos premiados será publicada no Diário Oficial da União. Os ensaios selecionados obedecem, obrigatoriamente, às seguintes linhas temáticas: Olhares sobre a Coleção; História e Memória Institucional; Ações museológicas do Muhne e os discursos sobre a Região Nordeste. Cada concorrente teve direito de registrar um projeto, conforme previsto em edital.
Para a organizadora do concurso, a socióloga Silvia Paes Barreto, que faz parte da equipe do Muhne, o concurso contribui para o fortalecimento da pesquisa e a reflexão teórica no museu. "O concurso aproxima o Muhne do debate atual da museologia no campo acadêmico; promover a reflexão sobre a memória institucional para subsidiar decisões do presente e colaborar no planejamento dos caminhos futuros e, também, para promover a interlocução do museu com pesquisadores acadêmicos ou de outros setores da sociedade que pensam e produzem conhecimento sobre museus e patrimônio" , listou, citando, ainda, que o Aécio contribui com a reflexão crítica sobre o alcance social dos programas e atividades do Muhne.
A antropóloga Ciema Silva, que integra a equipe do Muhne, também destaca a relação do concurso com o Museu. “O Museu tem 40 anos. Sendo assim, ele é um museu muito jovem, mas já tem a seu crédito, uma longa trajetória", afirma. O Muhne, explica, foi pioneiro na região Nordeste ao trazer a antropologia cultural, fato que o distingue no cenário da museologia nacional. "Há outros museus da antropologia, mas nenhum caracteristicamente orientado pela antropologia cultural, como é o caso do nosso".
Aécio e o Muhne
O Museu do Homem do Nordeste foi montado por Aécio de Oliveira, que empresta seu nome ao concurso. Aécio foi o primeiro museólogo formado em Pernambuco e o criador da chamada museologia morena. Segundo Ciema Mello, foi um modelo de museologia considerado revolucionário na época. “Era uma museologia, que era contra o vitrinismo, que era aquela museologia do não me toques, não pode tocar, nem chegar perto do objeto. O Aécio substituiu a vitrine sobre os tablados, muito mais transitivos, muito mais acolhedores”.
Aécio de Oliveira (1938-2012)
Pernambucano do Recife, o museólogo foi o primeiro técnico brasileiro da especialidade existente na Capital pernambucana. Foi também o primeiro diretor do Museu do Homem do Nordeste, inaugurado em 1979, ainda pelo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS), atual Fundação Joaquim Nabuco. Ele ocupou a função até maio de 1986. Referência no campo da museologia, Aécio de Oliveira é homenageado pelo Muhne.
De 1964 a 1966, Aécio trabalhou como assistente do professor Waldemar Valente, no Museu Antropológico do IJNPS, até que, em 1968, assumiu a direção. No início da década de 1970, ainda pelo IJNPS, o museólogo criou e ministrou cursos e treinamentos preparatórios para monitores de museus em diversas capitais do Nordeste, além de expandir por outras cidades do Brasil. No ano seguinte, ele foi um dos idealizadores do Departamento de Museologia do IJNPS, o primeiro a ser criado no Brasil.
Com o objetivo de discutir a adoção de políticas públicas para os museus brasileiros, ele também organizou, no ano de 1975, o I Encontro Nacional de Dirigentes de Museus, que existe até hoje. Após sete anos no Museu do Homem do Nordeste, de 1979 a 1986, Aécio foi cedido durante seis meses ao Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém do Pará. Ele se transferiu para a capital paraense com o objetivo de assessorar a reestruturação da Divisão de Museologia e a montagem da exposição permanente naquela instituição.
A sua concepção básica para a exposição permanente do Muhne durou 24 anos. Foi desmontada em 2004, ano do fechamento do equipamento cultural para a reforma estrutural e conceitual.
Redes Sociais