Em agenda na Fundação Joaquim Nabuco, Ministro da Educação lança complexo cultural no Recife

Equipamento reúne em casarão histórico a instalação da Pinacoteca e da Cinemateca Pernambucana, ampliação do Museu do Homem do Nordeste e novo projeto de acessibilidade

A Fundação Joaquim Nabuco lançou o Complexo Cultural Gilberto Freyre em cerimônia na manhã desta sexta-feira (11), no majestoso casarão Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães. A solenidade contou com a presença do Ministro da Educação, Milton Ribeiro, do presidente da Casa, Antônio Campos, e do Secretário Estadual de Cultura, Gilberto Freyre Neto.

A histórica construção do século XIX e seus anexos são cartão de boas vindas da sede da Fundaj, localizada no bairro de Casa Forte, Zona Norte do Recife. A instalação da Pinacoteca e da Cinemateca Pernambucana nesses espaços é o ponto de partida para o lançamento do novo complexo cultural, cuja entrega está prevista para setembro de 2021.

Na apresentação do empreendimento, o ministro da Educação saudou o povo pernambucano e destacou a sua paixão pelo patrimônio. "Eu não conheço outro lugar ainda onde o povo ama tanto a cultura quanto os pernambucanos. Me causa admiração como vocês sabem respeitar a memória daqueles que construíram as coisas que hoje vocês se orgulham tanto", destacou.

O Ministro ressaltou também a presença do Secretário Estadual de Cultura na cerimônia, neto do sociólogo Gilberto Freyre, fundador da instituição. "O sangue de Gilberto Freyre está aqui agora, nesta justa homenagem que nós fazemos ao grande sociólogo e escritor".

Para o presidente da Fundaj, Antônio Campos, a inauguração do complexo representa um ato de esperança. Ele uniu seu discurso à leitura de um trecho do clássico Talvez Poesia, de Gilberto Freyre. "Eu ouço as vozes, eu vejo as cores, eu sinto os passos de outro Brasil que vem aí. Mais tropical, mais fraternal, mais brasileiro. A inauguração do Complexo Gilberto Freyre reafirma a esperança neste Brasil, do MEC, do Governo Federal e da Fundaj", afirmou.

O projeto do Complexo Cultural Gilberto Freyre traz também um novo projeto paisagístico e de acessibilidade no campus Casa Forte. Tanto as áreas do casarão, da Pinacoteca, Cinemateca Pernambucana, Cinema da Fundação/Museu, como as galerias de arte e o Museu do Homem do Nordeste serão interligadas. Para garantir a boa transitabilidade preservando as características do Solar, considerado Imóvel Especial de Preservação (IEP), um elevador será montado na parte de trás da construção. Nesta mesma área serão instalados os equipamentos de climatização que garantirão a preservação de todo o acervo.

"Inaugurar um complexo cultural e dar a ele o nome de Gilberto Freyre é mais do que fazer justiça à complexidade da obra do sociólogo. Mas ao fazê-lo, nós da Fundaj, entendemos que isso é multidisciplinar. Cada um desses espaços têm uma associação à cultura, à educação e ao desfrutar da vida no que diz respeito ao meio ambiente", explicou Mario Helio, diretor de Memória, Educação Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj.

Erguido no século XIX, o casarão Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães conserva grande parte de sua estrutura original e é carregado de histórias dos tempos do comércio açucareiro no Recife, além de ter sido o marco zero do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, que mais tarde se tornaria a Fundação Joaquim Nabuco.

Pinacoteca - Nos 234 m² do casarão, nos dois pavimentos, será instalada a Pinacoteca. O acervo da exposição de longa duração será distribuído em quatro salões, sendo posicionados em dois eixos temáticos. Nos dois salões do térreo será exposta a mostra das coleções fotográficas, com imagens feitas por Katarina Real, Lula Cardoso Ayres, Edmond Dansot, Alexandre Berzin, Alcir Lacerda, dentre outros fotógrafos. Os salões do primeiro andar abrigarão uma mostra das coleções de pinturas, desenhos e gravuras, com registros de Frans Post, Jan Van Der Straet, Debret, Rugendas, Victor Frond e dos brasileiros Aurélio de Figueiredo, Di Cavalcanti, Aloisio Magalhães, Plínio Pacheco, Cícero Dias, entre outros.

Cinemateca Pernambucana - Na parte em U que compreende toda a lateral do casarão será inserida a Cinemateca Pernambucana, numa área de 296m², ocupando térreo e primeiro andar. As atividades realizadas pela Cinemateca desde sua inauguração, em 25 de março de 2018, serão mantidas no novo espaço. O local é dedicado a preservação e difusão em matriz digital do acervo cinematográfico, que reúne cerca de quatro mil itens entre cartazes, figurinos, roteiros, rolos de filmes, mídias em diversos formatos, recortes de jornais, fotografias, livros, revistas e equipamentos, como câmeras, tripés e acessórios. Junto com o espaço da Galeria Baobá, a Cinemateca receberá exposições e funcionará também como sala de exibição. Hoje a Cinemateca está instalada no primeiro andar do Cinema da Fundação/Museu. Esse espaço será destinado à ampliação do Museu do Homem do Nordeste.

Sala Gilberto Freyre - A sala Gilberto Freyre, onde hoje acontecem as reuniões do Conselho Deliberativo, os Seminários de Tropicologia e onde Gilberto Freyre costumava despachar os projetos da Fundação Joaquim Nabuco, será transformada em um espaço em sua memória. O ambiente receberá livros e obras do patrono, criando uma sala de exposições dedicada ao fundador da Casa.

Sala Calouste Gulbenkian - Palco de debates entre pesquisadores da Casa, convidados e a sociedade civil, a sala Calouste Gulbenkian atualmente passa por reforma. Será devolvido ao público um novo espaço voltado para seminários e palestras.

Equipamentos já existentes que integrarão o projeto:

Muhne - Criado em 1979, o Museu do Homem do Nordeste (Muhne) reúne um acervo de três outros museus: o Museu de Antropologia, do antigo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS); o Museu de Arte Popular de Pernambuco (MAP), criado pelo Governo do Estado de Pernambuco em 1955; e o Museu do Açúcar, vinculado ao antigo Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) e incorporado ao IJNPS em 1977. Ao todo, a coleção soma uma variedade de 16 mil peças, sendo eles itens requintados, pertencentes a famílias da aristocracia açucareira, a peças mais simples, que pertenciam a cidadãos da região Nordeste. Atualmente, menos de duas mil peças encontram-se expostas, sendo mil delas na exposição permanente do Muhne. As demais estão na reserva técnica. Com a ampliação da área do Museu para o primeiro andar, será possível expor um número maior de peças.

Galerias - A sede da Fundação Joaquim Nabuco em Casa Forte dispõe de três salas para exposições, são elas: Galeria Baobá, Galeria Massangana, Sala Mauro Mota e Sala Waldemar Valente. Os quatro espaços já receberam diversas exposições ao longo dos anos, as quais trazem sempre temáticas que dialogam com a cultura nordestina e brasileira.

Cinema da Fundação/Museu - Considerado um dos mais bem equipados cinemas do Estado, o Cinema da Fundação tornou-se um dos espaços favoritos para os amantes da sétima arte. O equipamento dispõe de duas salas: a do Museu, em Casa Forte, com 166 poltronas, e a do Derby, com 160, incluindo assentos para obesos, pessoas com mobilidade reduzida e espaço para cadeirantes. As salas possuem equipamentos de ponta de exibição cinematográfica, com tecnologia de projeção digital DCP (projetor Barco 4K 3D) e distribuição de som Dolby Digital 7.1. Nos últimos dois anos, o público apresentou um crescimento de 68% comparado ao ano de 2017. Em 2018, o Cinema da Fundação Derby/Museu registrou um total de 54 mil entradas e 248 longas exibidos. Já em 2019, foi calculado até agosto um público de 60 mil.