Fundaj promove entrega de certificados do Prêmio Delmiro Gouveia no Cinema do Museu
Solenidade foi presidida pelo Ministro da Educação, Milton Ribeiro, e contou com lançamento digital de livro que reúne 90 perfis dos vencedores do certame
Revelar todos os Nordestes. Ao longo dos nove estados que compõem a região, iniciativas diversas apontam para o futuro e salvaguardam a memória do território. São histórias de desafio e superação, mas também de coragem e ousadia. Algumas delas podem ser conferidas no livro Cultura Viva do Nordeste (Editora Massangana, 2021), lançado pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), na noite desta quinta-feira (15), em cerimônia realizada no Cinema do Museu, em Casa Forte, no Recife. A solenidade foi presidida pelo Ministro de Estado da Educação, Milton Ribeiro, que entregou certificados aos representantes dos nove estados da região.
Participaram da premiação nove representantes dos 90 vencedores e dos respectivos nove estados. Nomes e projetos como o da sergipana Mariana Cavalcante e o projeto Labafero, responsável por cursos online com artistas populares; a baiana Carine Araújo e o Festival do Licor de Cachoeira, que preserva receitas centenárias das bebidas produzidas com os frutos das estações, no Recôncavo Baiano; a pernambucana Marília Letícia Santiago, com o Eu e Tu no Forró, que promove aulas de dança regional para cegos; o piauiense Walter dos Santos Dias e a Associação Abadá-Capoeira, de Simplício Mendes, que democratiza o esporte no município.
Também outros projetos de traço secular, como o Morada, de Lucyana Xavier de Azevedo e Suellen Albuquerque, que visibilizam as produções feitas em bordado labirinto na Paraíba. A técnica é reconhecida patrimônio cultural e imaterial do estado, onde é mantida por aproximadamente 3,5 mil mulheres. Representando o Museu Auta Pinheiro Bezerra, do Rio Grande do Norte, que preserva as memórias de uma família potiguar, esteve presente José Alta Limeira; já o alagoano coworking de marcenaria Wood co-Lab, contou com a representação de seu idealizador, Rodrigo Gonçalves Ribeiro; e, por sua vez, Fabiana Pereira Barbosa representou a Fundação Casa Grande, do Ceará.
Já em São Luiz do Maranhão, o Mestre Zé Reis mantém o Encontro dos Miolos de Bumba-Meu-Boi de Todos os Sotaques. Na solenidade, ele festejou o reconhecimento. “Agradeço muito à Fundação por este prêmio e por prestigiar os mestres da cultura brasileira. Meu projeto é sobre o anonimato. O que é o miolo? É aquela figura que dança debaixo do boi, que no período junino não é conhecido. Ele é conhecido também como tripa e como fato. É importante valorizar o brincante”, disse o produtor cultural. Com os recursos do prêmio, ele disse que serão investidos no miolo, em uma sede social e assistência de saúde para os brincantes.
Noite de celebração
Idealizado pela Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), da Fundaj, o certame destinou R$ 900 mil de orçamento próprio na sua edição de estreia, distribuídos igualmente entre os vencedores. Ou seja, R$ 10 mil, cada. Para a solenidade nove ganhadores representaram os premiados. Um para cada estado. “É um prêmio de reconhecimento pelo que eles já fazem”, destacou o diretor da Dimeca, Mario Helio. Os convidados foram recepcionados desde às 18h, no hall do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), pelos cantadores de viola Antônio Lisboa e Edmilson Ferreira. Ainda na abertura do evento, o cordelista e empreendedor social Edgar Diniz recitou poemas de Amaro Poeta, Petrúcio Amorim e de sua autoria.
Dois vídeos foram exibidos: um com um breve resgate da história do industrial Delmiro Gouveia, que empresta o nome ao prêmio, e outro em que o sociólogo Gilberto Freyre fala sobre a diversidade do Nordeste. Abrindo a ordem de falas, o diretor da Dimeca destacou que o momento representava a efetivação de um compromisso público e, também, uma prestação de contas. As mulheres do Grupo Flor de Barro, do Alto do Moura, em Caruaru, entregaram doaram peças confeccionadas pela associação à Fundação Joaquim Nabuco. A iniciativa também foi selecionada e destaca a participação das mulheres caruaruenses no trabalho artesanal que é um dos símbolos de Pernambuco. Em seguida, os certificados foram entregues aos premiados.
“Esse Prêmio só foi possível porque os diretores desta Casa deram as mãos e partilharam um pouco de seu orçamento”, destacou o presidente da Fundaj, Antônio Campos. “Estamos prestando conta do que prometemos. Fazemos isso porque acreditamos na força do povo brasileiro”, concluiu. Por sua vez, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, destacou a satisfação com a realização da atividade e a consolidação do livro e do site. “Quando eu sugeri que essas histórias pudessem ser colocado em livro, como se fosse uma memória, foi pensando que alguém possa ver esse livro e pensar novas ideias. Quero parabenizar a todos, para mim é sempre uma honra estar aqui nesta casa, que também é MEC.”
Livro e site
O título assinado pela jornalista Karla Veloso reúne os 90 perfis dos vencedores do Prêmio Delmiro Gouveia, promovido pela Instituição Federal no segundo semestre de 2020. A obra trata do levantamento mais atual sobre a Economia Criativa no Nordeste. No evento, o público foi apresentado ao design editorial que estará disponível, a priori, digitalmente. Mas que contará com lançamento exclusivo em breve. Para o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), Mario Helio, este livro é o primeiro trabalho consolidado do Observatório de Economia Criativa, o Nordeste Criativo. Mario apresentou o layout do site do observatório e relembrou a gênese das discussões sobre estes projetos.
Mencionado desde o lançamento do prêmio, em outubro do último ano, e na divulgação dos vencedores, em novembro, o Observatório de Economia Criativa do Nordeste vem sendo projetado como entidade responsável por este mapeamento. Na solenidade, a Fundaj promoveu o pré-lançamento do site, que servirá de reduto para a inscrição de iniciativas de toda a região, uma mistura de mapa cultural e econômico, e rede social. “Nele, os pesquisadores terão acesso ao nosso acervo, mas também ao público-geral. Todos poderão gerar conteúdo para esta página”, explica Mario Helio.
“Desde o início da sua história, a Fundação é um órgão dedicado a estudar os problemas da região Nordeste e propôr soluções, e entendeu que deveria iniciar um programa, dentro do que chamamos de políticas públicas, para não apenas estudar, mas tomar iniciativas práticas. Cultura é sobrevivência, é meio de vida, não é algo apenas da nossa cabeça”, recordou o diretor. “Nós temos um orçamento limitado. No início da pandemia, quem trabalha com cultura esteve particularmente afetado. Buscamos criar um prêmio com o mínimo de burocracia e iniciar um estudo, um mapeamento do Nordeste, que nós ainda desconhecemos muito.”
Agenda
A cerimônia de lançamento do livro e o pré-lançamento do site encerraram a agenda do ministro da Educação para a quinta-feira. À tarde, a Fundaj promoveu a inauguração da sede própria da Cinemateca Pernambucana, no Anexo B do Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, no Complexo Cultural Gilberto Freyre, em Casa Forte, na Zona Norte do Recife. Milton também acompanhou a assinatura de um acordo de cooperação técnica entre a Fundação, vinculada à sua pasta, e o Instituto de Inovação e Economia Circular (IEC), do Centro de Recondicionamento de Computadores de Pernambuco (CRC-PE), para o recolhimento dos eletrônicos descartados.
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