Concepção política de Merquior era vista em seus atos, defende Vamireh Chacon

A Sala Gilberto Freyre, na Fundação Joaquim Nabuco, foi palco da edição especial do Seminário de Tropicologia, que marcou o segundo Ciclo Merquior. Convidado pela Fundaj, o doutor em Sociologia e professor emérito da Universidade de Brasília, Vamireh Chacon, conversou sobre o tema "José Guilherme Merquior: escritor e cidadão". 

A mesa foi aberta pelo presidente da casa, Luiz Otávio Cavalcanti, e pela coordenadora dos seminários de Tropicologia, Fátima Quintas. Os dois falaram da importância de fechar o ciclo Merquior com a presença de Chacon. “A presença de Vamireh enriquece bastante o Ciclo Merquior. Ele é uma máquina de pensar do Brasil pós-moderno e faz parte da nossa realidade”, afirmou Quintas.

Grande amigo de Merquior, o doutor em Sociologia falou sobre o brilhantismo da curta carreira do companheiro, que morreu com apenas 49 anos. "Ele fez teve uma carreira excelente. Foi nomeado com 35 anos para a Academia Brasileira de Letras e chegou a ser tornar embaixador com 45 anos", relembrou. 

Mas a entrada de Merquior na ABL não foi tão fácil quanto parece. "Por conta das posições políticas dele e da forma como pensava, sua entrada na Academia foi mais complicada do que se imagina. Algumas pessoas foram contra, mas o talento falou mais alto", continuou Vamireh.

Politicamente falando, Chacon ressaltou que Merquior se considerava um social-liberal, mas diferentemente de outros pensadores ele colocava em prática suas concepções. "Merquior acreditava em ideias, por isso o social liberalismo que ele defendia não era só em palavras, mas também em atos." 

Após o encerramento da fala do professor da UNB, o debate foi aberto entre seminaristas e pesquisadores. Algumas pessoas como o economista Clóvis Cavalcanti e Lourival Holanda, professor de Letras da Universidade Federal de Pernambuco, enriqueceram ainda mais o debate. “Vamireh é um veterano no seminário de Tropicologia, assim como Merquior foi. Tive a oportunidade de assistir aos dois e posso falar como estou honrado”, revelou o economista.