Jovens portadores de necessidades especiais estão estagiando na Fundaj
:: Por Rafael Mello
Ascom/Fundaj
A última segunda-feira (2) foi o primeiro dia de Melquezedeque Júnior e Salatiel da Silva como estagiários da Fundaj. Os estudantes participam da Oficina de Conservação e Preservação do Museu do Homem do Nordeste (MUHNE). De início, o caso pode até parecer banal, mas os jovens fazem parte dos quase 10 milhões de brasileiros que são portadores de deficiência auditiva – e tornaram-se os primeiros estagiários portadores de necessidades especiais a trabalhar na instituição.
A lei 8.213/91, conhecida como Lei de Cotas, já estabelece um percentual mínimo de vagas a serem preenchidas por Portadores de Necessidades Especiais (PNE), mas não existe qualquer especificação quanto aos estagiários. Mesmo assim, a Fundaj não abre mão de sua responsabilidade social. “Queremos mostrar que a Fundaj tem essa visão de ensino e se preocupa com esse tipo de formação”, declara Eutrópio Pereira, coordenador da oficina e especialista em Patrimônio Documental, Bibliográfico e Artístico.
Salatiel e Melquezeque tem muito em comum. Além da surdez, ambos possuem 18 anos e são estudantes do ensino médio do Colégio Estadual Governador Barbosa Lima. A escola é uma referência para alunos com deficiência auditiva e foi contactada pela Fundaj quanto à existência do curso direcionado a esses tipos de aluno.
O objetivo é capacitar e colocar no mercado de trabalho pessoas capazes de lidar com a conservação do acervo não só do Museu (composto por cerca de 15.000 peças), mas de arquivos de bibliotecas, por exemplo. O projeto se insere dentro da Política de Conservação do MUHNE e tem duração de 2 anos, dos quais nos 2 meses iniciais os jovens passarão por um treinamento. “O começo veremos a base teórica para, de pouco em pouco, trabalharmos teoria e prática simultaneamente”, garante Eutrópio.
A oficina já existia antes, mas desde agosto de 2014 se formava a idéia, a partir da Divisão de Museologia, de destiná-la a portadores de necessidades especiais. Além de Eutrópio, Salatiel e Melquezedeque, a equipe da oficina conta com o funcionário Wilmar Francisco e o estagiário Igor Carlos - que participou recentemente do translado da carruagem do século XIX, que foi do MUHNE para o Instituto Histórico e Geográfico Pernambucano (IHGP).
Melquezedeque e Salatiel demonstram entusiasmo e suas famílias estão empolgadas com a oportunidade proporcionada pela Fundaj. Os dois, que nunca haviam ido a um museu, colocam a área como um interesse futuro.

Equipe da Oficina de Conservação e Restauro do Museu do Homem do Nordeste
MAIS ACESSIBILIDADE
O coordenador-geral de Museus e Restauros, Maurício Antunes, revela que essas atividades se inserem na implementação do Plano de Acessibilidade, que ainda consta na sinalização adequada aos deficientes e admissão de profissionais capacitados com Linguagem Brasileira de Sinais (Libra). A preocupação com a inclusão social é fundamental no exercício da prática museológica, visto que o museu é um local de formação das humanidades e ainda se relaciona com a nova visão educativa da Fundaj. “O museu oferece uma gama de possibilidades que vão de atividades intelectuais a práticas, tanto para quem está dentro como fora dele”, diz.
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