Fundaj promove Curso de Especialização em Políticas de Promoção da Igualdade Racial na Escola
:: Por Rafael Mello
Ascom/Fundaj
Durante quase 400 anos da nossa história, a escravidão negra foi não somente admitida, mas também a base da economia brasileira. Passados mais de cem anos da abolição (formal) da escravatura, as sequelas sociais desse sistema cruel ainda persistem no nosso cotidiano. Pouco a pouco, setores civis comprometidos com a inclusão desta parcela agem com o fim de eliminar esse senso comum marginalizante.
Terá início em 12 de setembro o Curso de Especialização em Políticas de Promoção de Igualdade Racial na Escola, projeto promovido pela Diretoria de Formação e Desenvolvimento Social (DIFOR) da Fundaj que pretende atuar em um dos locais mais fundamentais para trabalhar a consciência racial: o ambiente escolar.
“A menor escolaridade está entre os jovens negros e negras. A população mais pobre é a população mais vulnerável. Se você pegar os dados da educação há uma relação entre pobreza, cor da pele e baixa escolaridade”, explicou a pesquisadora Cibele Rodrigues, coordenadora do curso e servidora da Fundaj.
A demanda para a criação da especialização surgiu por meio de solicitação à Secadi (Secretaria de Educação Continuada, Diversidade e Inclusão), uma vez que a Fundaj possui rica quantidade de pesquisas e forte tradição na área, já que desenvolveu projetos anteriores em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB-UFPE). O Labdidática (Laborátorio de Acervos e Materias Didáticos) da Fundaj também serviu como base para a construção e levantamento dos materiais didáticos.
“Os estudos da Fundaj, desde sua fundação, foram nessa linha. A ideia é dar vida ao acervo através de cursos. A gente vai discutir de onde vieram as principais ideias do racismo, quais foram os teóricos, fazer uma análise crítica da obra do próprio Gilberto Freyre, e pensadores que trabalharam com a ideiado racismo antes dele, como Joaquim Nabuco e André Rebouças”, detalhou a pesquisadora Cibele Barbosa.
A Especialização é direcionada a professores da rede pública de ensino básico e tem duração de dois anos - o primeiro para aplicação das disciplinas e o segundo para a produção do trabalho de conclusão. São 420 horas distribuídas em 14 matérias com aulas quinzenais semipresenciais – utilizando o Moodle, plataforma de Ensino à Distancia (EAD). Boa parte das aulas serão lecionadas por professores dos programas de Mestrado Profissional em Ciências Sociais para o Ensino Médio e o Mestrado em Educação, Culturas e Identidades, ambos promovido pela Fundaj.
As aulas se colocam em conformidade com a proposta de temas transversas do Mec, baseadas nas leis 10.639 e 11.645, que inserem temas antirracistas (como cultura afrodescendente, igualdade racial e movimentos sociais) no conteúdo programático do ensino básico.
“Se esse conteúdo não faz parte da formação do professor durante a universidade, como ele vai saber por onde começar? Só por iniciativa espontânea. Mas o curso vai dar uma base teórico-conceitual para ele poder agir de forma mais sistemática mais pensada”, disse Cibele.
A inclusão desses tipos de temáticas no currículo básico mostra-se fundamental na medida em que potencializa, inclusive, o rendimento do aluno.
“O jovem que chega à escola deve encontrar um ambiente propício para que ele se desenvolva, que melhore a autoestima, que o impulsione para mudar. Quando se depara com um ambiente de preconceito, é mais fácil desistir”, Explica Cibele.
O curso de especialização em igualdade racial se coloca numa linha de ação afirmativa que, de certa forma, complementa o lento processo de inclusão social que começou em 1888 (ano do fim legal da escravidão no Brasil), passa pela luta ético-racial dos movimentos sociais, as políticas de ações afirmativas de cotas para ingresso nas universidades públicas e concursos, atualmente em vigor.
Aula inaugural
Na próxima sexta-feira (12) ocorrerá a cerimônia de abertura do Curso de Especialização em Promoção da Igualdade Racial na Escola. O evento acontece das 18h às 18h30, no auditório Calouste Gulbenkian, na Fundaj/Casa Forte. Na ocasião a solenidade contará com a presença do pesquisador, e um dos professores do curso, Joanildo Burity. Após o ato, os alunos já terão a primeira aula presencial.
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