Faleceu na manhã desta quarta-feira (13 de agosto) o diretor, ator e arte-educador Joacir Castro, que foi também ex-preso político durante o regime militar. Joacir está sendo velado no cemitério Parque das Flores, e o sepultamento está marcado para o período da tarde.
Joacir teve uma longa trajetória como dramaturgo e arte-educador.
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Joacir Castro: um artista solidário
Este homem doou-se ao teatro como se convidado fôra por Baco a aceitá-lo, assumindo, com prazer, uma vida que gira em torno de sua labuta teatral. Protegido também por Dioniso, Joacir Castro tornou-se um artista plural na arte de representar e um ser grandioso no teatro que escolheu para praticar. Hoje, várias décadas depois de se tornar artista e de fazer-se notável na sua arte, quer dirigindo, escrevendo ou interpretando, o Janeiro de Grandes Espetáculos o homenageia, merecidamente, lembrando às gerações de agora que o teatro praticado por Joacir teve e sempre terá como meta elevar o ser humano à sua potência maior: um ser livre e gestor de suas próprias vontades. Por isso o teatro construído pelas mãos e pela mente de Joacir tem fundamentalmente um veio libertador, fazendo de sua arte um instrumento concreto de transformação.
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 Joacir Castro no espetáculo O inspetor, pelo Teatro Popular do Nordeste. Foto: Arquivo Projeto Memórias da Cena Pernambucana.
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Participar de movimentos artísticos como o Teatro Popular do Nordeste – TPN – e políticos como o Movimento de Cultura Popular – MCP –, foi determinante na vida cênica deste homem que destinou grande parte de sua existência a levar teatro ao povo do interior, basicamente a moradores de vilarejos e povoados da zona rural ou comunidades de pescadores do litoral pernambucano, numa demonstração de solidariedade e grandeza artística que o irmana também em atitude ao saudoso Augusto Boal. Nos cinco espetáculos que atuou no TPN entre 1966 e 1967 (O inspetor geral, de Gogol; O cabo fanfarrão, de Hermilo Borba Filho; Um inimigo do povo, de Ibsen; O santo inquérito, de Dias Gomes e Antígona, de Sófocles), percebe-se o espírito engajado às causas populares que abraçou desde muito jovem e que mantém firme ainda hoje em seus ideais artísticos. Recifense, geminiano do dia 19 de junho, Joacir da Silva Castro divide o seu tempo entre a Ilha de Itamaracá e Recife, e é um dos poucos artistas que sempre desempenhou o seu ofício como mestre e operário (ao mesmo tempo), com a simplicidade que os Deuses só consentem aos verdadeiramente sábios. E como ele sabe bem viver e aproveitar os prazeres da vida! É isso que o faz um ser bonito, agradável, divertido e companheiro para todas as horas, desses que a gente quer ter sempre por perto. No mais, peço a todos que se juntem a mim no caloroso e sincero aplauso a este solidário homem de teatro chamado Joacir Castro.
Romildo Moreira Ator, autor e diretor de teatro.
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