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Augusto Amorim, pesquisador da Fundaj, concede entrevista sobre cinema ao blog Acesso

Publicado: Quarta, 25 de Setembro de 2013, 11h09 | Última atualização em Quinta, 20 de Dezembro de 2018, 21h15 | Acessos: 2497

Acesso, o Blog da Democratização Cultural, entrevistou Augusto Amorim, da Coordenação Geral de Estudos Sociais e Culturais, da Dipes/Fundaj, sobre a atual estrutura e conjuntura do cinema brasileiro.

Para Augusto Amorim, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, uma série de variáveis justifica o aumento do interesse dos brasileiros pelas produções nacionais, destaque para a alteração na narrativa cinematográfica, cada vez mais parecida com a das telenovelas.

Amorim também aborda a necessidade de produzir filmes menos comerciais e o aumento do incentivo financeiro à produção cinematográfica,

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Por Luana Costa / blog Acesso http://www.blogacesso.com.br/?p=6590.

O cinema brasileiro está apresentando bons resultados de bilheteria em 2013. Segundo dados divulgados no  Informe de Acompanhamento do Mercado, daAgência Nacional do Cinema – ANCINE, o cinema nacional, no primeiro semestre de 2013, registrou o melhor momento em participação de bilheteria desde 2010, atraindo 13,6 milhões de espectadores e gerando uma renda de R$ 141,9 milhões. Os números já superam, em 90%, os valores registrados em todo o ano de 2012.

No primeiro semestre de 2012, nenhum filme alcançou a marca de um milhão de espectadores. No mesmo período de 2013, cinco filmes brasileiros já venderam mais de um milhão de ingressos e integram a lista das 20 maiores bilheterias do semestre. “O crescimento da participação de mercado do cinema nacional mostra que distribuidores e produtores estão apostando cada vez mais em filmes brasileiros de diferentes gêneros, voltados para diferentes fatias do público”, declarou Manoel Rangel, diretor-presidente da ANCINE.

Para Augusto Amorim, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, uma série de variáveis justifica o aumento do interesse dos brasileiros pelas produções nacionais. “Em primeiro lugar, houve, nestes anos recentes, um acréscimo de público nas salas de cinema, sobretudo por conta da chamada ascensão da classe C, que voltou a frequentar o cinema, numa dimensão comparável apenas às décadas de 1970 e 1980. Tal cenário beneficiou o cinema brasileiro”, explicou.

Outro ponto que, para Amorim, merece destaque é a alteração na narrativa cinematográfica, cada vez mais parecida com a das telenovelas. “Progressivamente, os filmes nacionais estão levando ao cinema narrativas televisivas com atores de destaque, a partir de séries já consagradas ou mesmo comédias de linguagem extremamente comercial. Esse fato vai ao encontro do gosto médio do público espectador, que vai ao cinema para dar boas gargalhadas, assistir atores nacionais em situações mais ousadas, que, a princípio, não veriam no cinema”, salientou.

Investimento

Amorim ressalta que o aumento do interesse do público em filmes nacionais não tem a ver com o investimento no setor. “Continuamos com a mesma realidade. Cerca de 80% da produção cinematográfica que recebe investimento se situa no eixo Rio-São Paulo. Produtores e diretores do Norte e Nordeste estão à míngua, buscando outros tipos de apoio que não o oriundo de recursos federais, isso também acontece no Sul e no Centro-Oeste”, disse.

O pesquisador diz que há uma grande desproporção no cenário do cinema nacional. “Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Bahia têm polos tradicionais de produção, inclusive com uma filmografia premiada em festivais nacionais e internacionais, mas seus filmes são feitos com bastante sacrifício e têm dificuldade não apenas na produção, como também na distribuição, na exibição e no trabalho de publicidade e marketing, que é fundamental para que o filme possa ser conhecido e comentado”, explicou.

Política cultural

Para aumentar o incentivo financeiro à produção cinematográfica, Amorim acredita que o Brasil deve alterar algumas medidas da política cultural com relação à regulação do mercado cinematográfico. “Acredito que o País deveria adotar medidas semelhantes àquelas que a França adotou para proteger o seu produto nacional no mercado interno, a chamada exceção cultural”, explicou. A exceção cultural é um sistema que oferece subsídios, incentivos fiscais e cotas para salvaguardar a produção local de cinema, TV e música da competição com produtos norte-americanos e de língua inglesa.

Amorim também aborda a necessidade de produzir filmes menos comerciais. “O Brasil estará sempre patinando e a reboque de um ou outro ciclo de filmes comerciais, que trazem um público expressivo para as salas de cinema? E a produção de cinema mais questionadora, mais criativa, mais vinculada às questões estéticas que renovam a linguagem e a narrativa cinematográfica? Como fica? Enquanto diretores mais criativos e descompromissados com fórmulas consagradas não tiverem o incentivo devido, a situação permanecerá a mesma”, argumentou.

O ponto positivo no aumento do interesse do público pelas produções nacionais, de acordo com o pesquisador, é o olhar para o cinema. “As leis de incentivo, Audiovisual e Rouanet, precisam urgentemente de uma reforma. Elas têm que contemplar a diversidade da produção cinematográfica brasileira, de gêneros, de correntes estéticas. É preciso acabar com a má distribuição de incentivo no país”, concluiu.

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