Antropólogo Renato Athias, da Coordenação de Museus da Fundaj, palestra, na SBPC, sobre conflitos socioambientais
Por Cristiano Marques, estagiário da Ascom/Fundaj
Os conflitos socioambientais que existem nas construções das grandes hidroelétricas no país foram destacados na palestra do professor Renato Athias, coordenador geral de Museus da Fundaj, na 65ª Reunião Anual da SBPC, realizada no final de julho, na UFPE. A falta de um planejamento que trate com seriedade os povoados tradicionais e a degradação do meio ambiente também foram analisados.
As obras deste porte geralmente trazem riscos às populações tradicionais dos arredores das construções. “Neste caso, os grandes afetados são os índios, que saem praticamente a força das suas terras garantidas por lei, já que a Constituição Federal dá usufruto permanente para estes povos”, ressaltou.
Renato Athias salientou que o desenvolvimento socioeconômico é outro fator esquecido pelas grandes empreiteiras. Atividades que dependem do meio ambiente, como a pesca e a colheita, não são consideradas na hora da desapropriação dos moradores.
A elaboração de um planejamento de gestão coletiva de uso comum da natureza, onde tanto os moradores quanto o setor elétrico possam ser beneficiados, seria uma estratégia para finalizar este impasse. “A partir de um estudo social sobre os moradores, suas necessidades e qual a melhor forma de relocação para as famílias, poderia haver uma forma em que os moradores locais não saíssem tão lesados quanto o que acontece normalmente”, enfatizou Athias.
O professor falou sobre os desastres ambientais que ocorrem enquanto estas hidroelétricas são construídas. Ações como o desmatamento excessivo, explosões com dinamite – que não agridem somente a natureza, mas também a população – e o desvio e uso indevido de lençóis de água foram alguns exemplos citados.
Segundo o palestrante, existem formas sustentáveis para o desenvolvimento das obras,porém, o uso de fórmulas clássicas de construção, onde não se leva em conta o desenvolvimento socioambiental dos locais, é o principal agravante destes impasses”.
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