Editora da UFPE lança coletânea "Fronteiras abertas da América Latina: Diálogos na Alas"
A Editora da Universidade Federal de Pernambuco – EdUFPE - está colocando ao alcance do público leitor a coletânea de textos intitulada Fronteiras abertas da América Latina: Diálogos na ALAS – Associação Latino-americana de Sociologia, que tem como organizadores Paulo Henrique Martins e Cibele Rodrigues.
Folheando esta coletânea o leitor terá oportunidade de ler alguns textos discutidos em Conferências, Seminários e Mesas Redondas que constituíram parte da Programação do XXVIII Congresso da Associação Latino-americana de Sociologia, na cidade do Recife, em setembro de 2011. O momento em que aconteceu este evento reveste-se de muitas singularidades para a história política, social e cultural do continente latino-americano, em especial do seu pensamento social. Daí a felicidade do título que leva esta publicação: Fronteiras abertas da América Latina -, certamente inspirada na verve poético denuncista das feridas, dores e sofrimentos sul americanos, de um Eduardo Galeano.
Folheando-se o livro e lendo os seus textos perpassa a convicção que sangram ainda as veias do novo continente; mas que, de igual modo, elas pulsam hoje com muita força a fertilidade dialógica e trans fronteiriça que perfila o futuro já anunciado de NuestraAmerica. Os textos, efetivamente, sinalizam um futuro que tem muito a ver com o sabor do presente latino americano. O Congresso do Recife neste sentido foi eloquente do esforço empreendido pelos atuais cientistas sociais latino americanos esquadrinhando novos rumos epistêmicos da cientificidade e pensando juntos suas diferenças culturais e suas afinidades históricas. Na maioria absoluta dos textos que compõem esta coletânea consolida-se a certeza de que o futuro latino americano está intimamente associado às desconstruções das fronteiras do passado da sua colonialidade onde viceja a violência, a intolerância e os abismos da exclusão social.
O conjunto dos textos baliza três “fronteiras” a serem discutidas, repensadas e questionadas criticamente: nas teorias da Sociologia, na disciplinarização do saber e fazer sociológicos e, finalmente, nos pressupostos políticos sociologicamente naturalizados. Os autores de diferentes países latino americanos reunidos no Encontro do Recife se apresentam como formuladores de um pensamento social crítico e eticamente solidário e responsável. E assim entendem que essas fronteiras entre passado e futuro só se diluem na adoção de uma postura crítica responsável, fundamento de uma coerência epistêmica. Através dela se torna possível aproximar as distâncias que medeiam entre o regional e o global, entre a colonialidade e pós-colonialidade. Com ela, busca-se também a coerência epistêmica que nos permite aproximação entre resistência e descolonialidade. Temas muito visitados nos textos e debates. Do mesmo modo, com ela recusamos a pasteurização dos conceitos de centro com a periferia, do etnocentrismo com o multiculturalismo, de modernismo com o pós-modernismo, de passado com o futuro, do Norte com o Sul.
Da denúncia do imperialismo, no século findo, por nossa esquerda, pode-se afirmar que o pensamento social latino americano se repensa na demanda do reconhecimento das novas identidades pelas políticas públicas; do crescimento com equidade pelas políticas sociais; da aproximação entre singularidades e universalidades. Atores do século XXI, os textos do livro trazem um esboço dos propósitos relativos às políticas ambientais, educacionais e de preservação da memória histórica latino americana, incluindo uma contundente crítica da “modernidade progressista” euro ocidental, trilhando o exemplo de um Boaventura de Souza Santos. Vale a pena, pois, um passeio do leitor pelos meandros provocativos e críticos das trilhas de cada um destes valiosos textos.
Antonio Jorge Siqueira - Professor da UFPE
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