ÚLTIMOS DIAS da Exposição "E agora?", que redefine o conceito de "Ser Nordestino"

A exposição "E agora?", de concepção e curadoria compartilhada por servidores e estagiários da Coordenação-Geral do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), Coordenação de Projetos Educativo-Culturais e do Espaço Cultural Mauro Mota, lança-se como um projeto "divisor de águas" entre o conceito de Nordeste trabalhado pelo atual circuito expositivo de Longa Duração e a visão contemporânea de um Nordeste transformador e pulsante, que não se deixa rotular por estereótipos folclóricos, culturais ou de xenofobia. Instalada no primeiro andar do Museu do Homem do Nordeste, a exposição ficará em cartaz somente até o próximo domingo, dia 30 de junho, das 13h às 17h. 

A exposição "E agora?" tem como objetivo não apenas mostrar, mas principalmente, compartilhar as dúvidas e anseios de representar, de forma expográfica, os 52 milhões de brasileiros que nasceram entre o sul da Bahia e o norte do Maranhão.

A coordenadora geral do Museu do Homem do Nordeste, a antropóloga Ciema Silva de Mello, e a chefe da Divisão de Museologia, a museóloga Maria Fernanda Pinheiro de Oliveira explicam que, "os nordestinos são milhões que carregam o mesmo adjetivo, porém possuem suas singularidades e especificidades que não cabem nas amarras do estereótipos do nordestino sertanejo". E elas, se perguntam: "logo, como representá-los? como utilizar o Museu como ferramenta de conhecimento e questionamento da realidade? Como colocar este nordeste real, vivo, contemporâneo, múltiplo, em transformação, encerrado dentro de quatro paredes?" E respondem: Eis o desafio.

Paradoxalmente, "E agora?" vem se contrapor à atual exposição de Longa Duração do Museu do Homem do Nordeste na medida em que nega os estereótipos presentes e fixados no imaginário sobre o homem nordestino, despindo-o das amarras de sertanejo, rude, pobre, ignorante. De certa forma, a atual exposição reforma esses estereótipos, por isso "E agora?" torna-se um ensaio do discurso que constituirá o modelo conceitual da próxima exposição de Longa Duração. 

Sob a aparente modéstia da expografia, que utiliza materiais simples, a exposição "E agora?" apresenta um discurso ousado com soluções sutis de refinamento intelectual que ratifica a qualidade da sua curadoria. A marca, interrogativa, lança ao expectador o desafio de construir o novo museu, para ajudar a propor "Nordestes" onde antes só havia um Nordeste vago, difuso e ficcional. 

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