Exposição fotográfica e debate discutem os desafios da cultura da bicicleta no cenário urbano
Desmistificar o conceito de acervo e torná-lo mais conhecido do grande público é a tarefa da Fundação Joaquim Nabuco ao disponibilizar, a toda a sociedade, os dois milhões de objetos museais abrigados na instituição, entre filmes, documentos, fotos.
A riqueza desse acervo, que é conhecido internacionalmente, está aberta a todos, sem distinção, e a Fundaj deseja estreitar essa relação, estimulando as pessoas a relacionar, a partir de documentos históricos, experiências vividas no passado e questões cotidianas da atualidade.
Essa é a idéia central do Projeto Piloto ExpoMemória, desenvolvido pelas historiadoras e pesquisadoras Cibele Barbosa e Sylvia Couceiro. Nessa primeira edição é explorado o tema Bicicleta ao longo dos tempos, revelando imagens históricas sobre os diferentes usos da bicicleta.
Nos catorze painéis estão expostas fotografias antigas de várias décadas do século passado, flagrantes do cotidiano com ciclistas, modelos de bicicletas, sua utilização como meio de transporte urbano, passeios, anúncios de jornais e textos de conhecidos intelectuais sobre a importância e o uso da bicicleta. A mostra pode ser vista no primeiro andar do prédio da Fundaj-Derby.
A exposição dos painéis fotográficos foi acompanhada de um debate inaugural com representantes da sociedade civil para discutir Os desafios da cultura da bicicleta no cenário urbano. Estiveram presentes o arquiteto e urbanista Marcelo Bione, Antonio Machado, do Instituto Pelópidas Silveira e, representando o Porto Digital, Leonardo Guimarães, além da diretora de Memória Educação Cultura e Arte-Fundaj, Silvana Meireles e dos cicloativistas Daniel Valença, Virgínia Brasil e Lúcio Fausino.
Bicicleta como modal
Leonardo Guimarães fez a apresentação do Projeto Mobilidade Urbana – O Bairro do Recife como Piloto já amplamente divulgado na imprensa pernambucana e nacional. Dentro do projeto, deu ênfase ao uso da bicicleta como modal e solução tecnológica sustentável.
O projeto do Porto Digital contempla, inicialmente, a implantação de estações de bicicletas para compartilhamento, distribuídas em dez pontos, sendo sete deles no Bairro do Recife e três no bairro adjacente de Santo Amaro, com disponibilidade de 100 bicicletas e a promessa de, muito em breve, dobrar esse número.
O arquiteto e urbanista Marcelo Bione apresentou o trabalho Mobilidade por bicicletas nas cidades: A cultura de planejamento, gestão e infraestrutura. Ele avaliou os principais problemas nas cidades relacionados à mobilidade urbana, salientando entre eles, o congestionamento, os conflitos entre diferentes modos de transporte e a redução na segurança para pedestres e ciclistas.
Segundo Marcelo Bione, esses impactos comprometem o estilo de vida das pessoas e existem caminhos para driblar essa realidade: humanizar o pensamento sobre mobilidade urbana e romper com o paradigma da hegemonia do automóvel no sistema de transporte. Citou o exemplo de São Caetano do Sul, em São Paulo, considerada cidade-amiga das bicicletas no país.
Na participação dos cicloativistas Daniel Valença (Ciclo Ação), Lúcio Fausino ( Desafio Intermodal) e Virgínia Brasil (Massa Crítica Bicicletada Recife), ficou evidente a importância da mobilização, quer seja ela organizada ou anárquica, para que se instale a cultura da bicicleta. Eles concordaram quanto à falta de segurança aos ciclistas, de ciclovias, ciclofaixas e políticas públicas que contemplem, de verdade, os numerosos adeptos da bicicleta como modal.
:: Veja Galeria de Imagens do debate inaugural da exposição.
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