IV Theória, de 21 a 24 de novembro, no Museu do Homem do Nordeste, da Fundaj.
O IV Theória está sendo realizado entre os dias 21 a 24 de novembro no auditório Benício Dias, do Museu do Homem do Nordeste, da Fundaj (Avenida 17 de agosto, 2187, Casa Forte), sob o tema Nordestes Emergentes, visto através da imagem entendida como ferramenta privilegiada da prospecção social. Desta forma, na mesa de abertura do evento, o professor Eduardo Queiroga (fotografo e doutorando em Comunicação, da UFPE e da AESO) trouxe trabalhos fotografados em Pernambuco, registros da fotógrafa Bárbara Wagner, que capturou imagens na praia de Brasília Teimosa, mostrando, sob um novo olhar, lugares, pessoas e objetos já conhecidos no Estado.
O professor Eduardo Queiroga deu ênfase à importância do olhar de diferentes aspectos sobre a imagem. “É importante que a gente discuta a partir das imagens essa realidade, esse cenário que a gente vive” declarou. Claudia Sanz, professora doutora em Comunicação, da Universidade de Brasília, também fez parte da mesa, e analisou uma imagem referente às guerras e destacou acontecimentos históricos com a relação que existe entre o tempo e a fotografia. A mediação da mesa-redonda, que contou com o presidente da Fundaj, Fernando Freire, foi da Professora Doutora Ana Maria Mauad (UFF), que também mediou as palestras da segunda mesa-redonda do evento, no dia 22 de novembro. Esta mesa teve a apresentação de trabalhos dos professores Renato Athias (UFPE/Fundaj) e Maurício Lissovsky (doutor em comunicação, da UFRJ), e do fotógrafo Fernando Pio, da Cia da Foto, de São Paulo (SP).
Renato Athias falou da pesquisa que ele iniciou em 2003, quando pegou, para investigar, um volume de documentos fotográficos, que pertencia ao Banco Safra, mas que estava depositado no Museu do Estado de Pernambuco. O volume tratava-se de material da coleção fotográfica Carlos Estevão de Oliveira, com 1.500 fotografias que Athias selecionou em dois conjuntos, um de fotos sobre os índios Canela, do estado do Maranhão, outro de fotos de índios da Amazônia, do Rio Negro. Todas as fotos feitas durante os anos de 1927 a 1935. O trabalho de Renato Athias com essa coleção já surtiu um artigo produzido a partir das fotos e exposição na tribo dos índios Canela, no território deles, no sul do Maranhão, conhecido como Barra da Corda. Exposição que provocou uma inquietação entre os indíos, pois as fotos retaratavam uma festa, um ritual de iniciação, que eles realizavam, com jogos, como a corrida com toras de madeira, que os Canela deixaram de realizar na década de 1950. "Ao verem as fotos muitos anos depois, os mais velhos, que chegaram a participar, quando criança, do ritual, propuseram realizá-lo novamente", explicou Athias.
Maurício Lissovsky expôs o seu trabalho, intitulado "A Fotografia e seus duplos: tão breve quanto possível", em que o autor reflete sobre as dualidades postas em jogo são como desdobramentos do duplo com o qual a fotografia sempre se defronta quando interage com si mesma. Segundo Lissovsky, "a fotografia acumula um duplo dentro dela, que duplica em algum modo o sentido do que ela quer dizer, como expressão de uma realidade retratada. Como, por exemplo, um personagem, com o seu duplo, uma outra figura do personagem disposta na foto, que o fotógrafo colocou como montagem para surtir algum efeito e/ou passar alguma mensagem. Lissovsky mostrou algumas dessas fotos, como a do imperador brasileiro Pedro II, em duplicidade numa foto de 1867, produzida pelo estúdio Carneiro e Gaspar. O fotógrafo pernambucano Fernando Pio, da Cia da Foto, de São Paulo, mostrou ensaios fotográficos experimentais que o seu grupo produziu nos últimos anos, geralmente com fotos que exploram o trabalho dos próprios repórteres fotográficos durante as suas atividades no dia-a-dia profissional.
No dia 23 de novembro, a programação do evento é a seguinte: Às 14 horas, Conclusão e proposta para o V Theória, com a professora Ana Maria Mauad ( Doutora em História Social - Universidade Federal Fluminense) e o professor Milton Guran (Doutor em Antropologia e Fotógrafo). Às 15 horas, terá início o Curso de Curadoria, intitulado: “Por que escolher se transformou em um ofício?”, com Eder Chiodetto, curador do Museu de Arte Moderna de São Paulo. No dia 24 de novembro, o IV Theória terá a continuação do Curso de Curadoria, das 9 às 17 horas, encerrando o evento.
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