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Seminário Avançado de Museologia Social aconteceu no dia 20 de setembro, das 14 às 18 horas, no Museu do Homem do Nordeste, sobre o tema "Museus de Antropologia", e revelou a reaproximação da Fundaj com a Antropologia

Publicado: Terça, 11 de Setembro de 2012, 16h47 | Última atualização em Quinta, 20 de Dezembro de 2018, 21h15 | Acessos: 1758

O Seminário Avançado de Museologia, que aconteceu no dia 20 de setembro, das 14 às 18 horas, no auditório Benício Dias (avenida 17 de agosto, 2187, Casa Forte), do Museu do Homem do Nordeste (MUHNE), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), sob o tema "Os Museus de Antropologia - Percursos, Políticas e Perspectivas", tendo como palestrante o professor/doutor Manuel Ferreira Lima Filho, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), foi, simbolicamente, a reaproximação da Fundação com a antropologia.

A Fundaj que já teve, no passado, em sua Diretoria de Pesquisas Sociais, o Ciclo de Estudos do Imaginário e um departamento de antropologia, volta, agora, com a criação da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (MECA), em 2012, a ter um espaço destinado à antropologia cultural, o Museu do Homem do Nordeste, que tem, desde este ano, uma coordenadoria de folclore, sob a coordenação da pesquisadora Rúbia Lóssio, e que tem como novo diretor um antropólogo, o professor/doutor, da UFPE Renato Athias. Este, o responsável por trazer o professor Manuel Ferreira Lima Filho, da Universidade Federal de Goiás, para fazer a palestra no seminário de museologia social.

Na palestra, Manuel Ferreira Lima Filho trouxe à tona o tema da reaproximação da Antropologia com os Museus. Fazendo um resgate histórico, mostrado em slides em sua palestra, o professor da UFG explicou que o surgimento dos museus, no século XVIII, na Europa, trazia elementos muito particulares do período: a Época da Razão, do Iluminismo/Antropocentrismo e a expansão comercial e marítima com o Novo Mundo, as Américas. Estas, um dos motivos pelos quais foram criados os museus europeus: mostrar a dominação, o colonialismo, o poder de países da Europa sob o Novo Mundo. Tudo mostrado, nos museus, peças e objetos, a partir de uma visão eurocentrista, do exótico do Mundo Novo Americano, dos hábitos e costumes dos indígenas.

Manuel Ferreira Lima, deste modo, disse que os museus nasceram, desta forma, alinhados ideologicamente com os impérios nacionais, mostrando coleções e exposições que apresentavam o poder civilizatório dos seguintes países: França, Inglaterra e Alemanha. Contudo, era através de um viés antropológico que nasciam os museus. A arqueologia dos povos primitivos, com suas flexas, machados e arte rupestre, estavam à mostra nos museus, que, à época, estavam sintonizados com o cientificismo, do desenvolvimento da biologia e, deste jeito, a antropologia física era o mote daquele momento. Expedições científicas exploratórias européias levavam, da América ao Velho Continente, verdadeiras coleções de objetos. Os cientistas deste período trabalhavam com a noção do exótico, e assim foram expostas a Cidade de Deus, do México, a Mostra Tarzan, que tinha a ver com silvícolas americanos e africanos, respectivamente, na idéia da época, colonial. "Era um apelo forte do exótico", ressaltou o professor da UFG. "O Museu de História Natural dos EUA, em Washisngton, surgiu também com este viés, comentou Manuel Ferreira Lima, "assim, como no Brasil, foi criado o Museu Nacional, nascendo desta perspectiva".

No entanto, palestrou o professor da UFG, houve, com o tempo, um afastamento dos museus com relação a antropologia, porque a história da museologia é a história dos grupos sociais, e sendo, dentre estes grupos, o grupo dominante - a elite, econômico/social, e pensante - a que dirige o processo, o modelo de exclusão, dominação e discriminação tornou-se tal, que as classes populares, os grupos étnicos e originais se viram banidos, alijados das coleções e exposições. "Somente com uma mudança, na academia, do conceito de cultura e identidade da antropologia, o conceito de meio ambiente e a metodologia da história oral, viu-se que era preciso mudar os museus. A crítica cultural, novas linguagens (as polissemias) que emergiram, o pós-colonialismo (a desconstrução da prática de exclusão de dominação), o pós-modernismo,a globalização, o fluxo de informações e as culturas híbridas trouxeram de volta a antropologia para a museologia, de um outro modo", falou Manuel Ferreira Lima .

O professor lembrou que a valorização do tema patrimônio cultural, o debate sobre patrimônio imaterial, tangíveis e intangíveis, além da valorização das memórias coletivas e dos novos significados dos sítios arqueológicos apresentaram uma noção museológica nova de fato e de prática museal e colocaram novas demandas ao museólogo, na sua formação profissional, de museólogo contemporâneo, que compreende ele enquanto ator político, ator social, com novas técnicas e conceitos, dentro de campos interdisciplinares da museologia aliada a antropologia, às ciências naturais, à ciência da informação e à administração, por exemplo. Sobre as novas demandas sociais, Manuel Ferreira citou o repatriamento do objeto e restos mortais pelos indígenas americanos, brasileiros. Neste ponto, a construção de museus étnicos e de eco-museus (museus abertos) representam um novo modelo.               

Currículo do Palestrante

O palestrante, Manuel Ferreira Lima Filho, é doutor em Antropologia Social e Cultural pela Universidade de Brasília (1998). Cursou o Mestrado em Antropologia Social na Universidade de Brasília (1991) e a Especialização em Antropologia Social (1987) na Universidade Federal de Goiás. Possui Graduação em Geologia pela Universidade Federal do Pará (1985), entre outras coisas. Atualmente é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e professor dos Programas de Mestrado e de Doutorado em Sociologia da Universidade Federal de Goiás. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Patrimônio Cultural, Etnologia Indígena e Antropologia do Desenvolvimento, atuando principalmente nos seguintes temas: patrimônio cultural, cidade, memória coletiva, identidade social e Karajá.  

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