O Estágio Atual do Inventário/Documentação do Museu do Homem do Nordeste (MUHNE), da Fundaj
Por José Luiz Gomes da Silva (MUHNE)/Arthur Pedro Bezerra de Menezes (ASCOM), da Fundação Joaquim Nabuco.
O estágio atual do inventário/documentação de acervos nas instituições museológicas brasileiras e/ou pernambucanas obedece a um critério estabelecido pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBM) *. E este é um critério adotado também pela Coordenadoria de Museologia do Museu do Homem do Nordeste, da Fundaj. A equipe, dirigida pela museóloga Fernanda Pinheiro, composta pelo museólogo Albino Oliveira, pelo arquiteto Rodrigo Cantarelli, e pelos técnicos Augusto Pinto, Rizomildo Guedes e Ademário José, segue o registro de acervo do IBM.
O registro do acervo é um procedimento essencial para a sua preservação e ainda, para o desenvolvimento de pesquisas, bem como a realização das atividades de educação e comunicação dos museus. O Estatuto de Museus, em seu Art. 42 da Subseção V (Do Uso das Imagens e Reprodução dos Bens Culturais dos Museus) especifica que: “Os museus facilitarão o acesso à imagem e à reprodução de seus bens culturais e documentos conforme os procedimentos estabelecidos na legislação vigente e nos regimentos internos de cada museu.”
A situação dos museus no que se refere ao registro dos acervos e os instrumentos utilizados para essa finalidade, pelo IBM, comprova que a maior parte (78,7%) dos museus cadastrados declarou realizar o registro dos seus acervos.
Pode causar certa estranheza a comparação de informações fornecidas sobre o número de bens culturais, do IBM, com dados de outras fontes. Embora 78,7% dos museus tenham declarado realizar algum tipo de registro de acervo, 75% afirmaram possuir somente um número aproximado sobre a quantidade de seus bens culturais. Essa aparente distorção deve-se ao fato de que alguns museus possuem inventários atualizados de suas coleções, podendo informar com exatidão o número de bens preservados.
Outro aspecto a se considerar, é o fato de que, apesar do reconhecimento da importância do registro dos bens culturais, muitos museus apresentam dificuldades na execução dessa atividade. O não estabelecimento de números exatos ocorre por diferentes motivos, entre eles a escassez de recursos humanos e a ausência de capacitação técnica para a realização da atividade e o próprio caráter dinâmico dos acervos, uma vez que boa parte das instituições atua com a permanente inclusão de novos bens culturais em suas coleções.
Os principais instrumentos utilizados para registro do acervo, segundo o Catálogo Nacional de Museus, são o livro de registro e a ficha catalográfica, que se equiparam em freqüência de citações no IBM. Os softwares de catalogação aparecem como o recurso menos utilizado em relação aos demais instrumentos.
A importância de um trabalho dessa natureza para as outras atividades inerentes às instituições museológicas, como a pesquisa, acessibilidade à informação, digitalização do acervo é que o acervo de uma instituição museológica é sua primeira responsabilidade, pois é através de sua aquisição, interpretação e dinamização que ele se comunica, demandando uma postura ética na construção de sua identidade e proposta sociocultural, segundo a museóloga Fernanda de Camargo-Moro, em sua obra “Museus: Aquisição/Documentação” (MORO, 1986, p.17).
Considerando ponto básico imprescindível para todas as instituições museológicas a necessidade de organização da documentação dos seus acervos, é premente fazer um levantamento das Políticas Públicas federais para documentação do patrimônio museológico, na tentativa de, ao reunir o maior número possível de dados, podermos entender o problema da ausência de Políticas Públicas para o setor.
Sendo os documentos / objetos, os suportes de informação no museu, para promover sua difusão é necessário o desenvolvimento de elementos básicos para sua decodificação. Segundo Maria Inez Cândido (2006, p.34), isto pressupõe interrogá-lo e qualificá-lo, decodificando seus atributos físicos, emocionais e simbólicos como fonte de pesquisa.
O diagnóstico específico da situação do inventário/documentação do acervo do Museu do Homem do Nordeste, apontando para uma situação futura, quando possamos ter um controle efetivo sobre o nosso acervo é o de que o sistema de documentação do museu não acompanhou as evoluções da tecnologia, tornando-se obsoleto; e não conseguiu acompanhar o aumento de acervo adquirido pelo Museu através de doações e compras durante seus 31 anos de existência, acarretando num acúmulo de problemas que vão desde a impossibilidade de quantificar as peças do Museu, especificar a necessidade real de espaço necessário para guarda deste acervo, até a impossibilidade de gerenciar as informações do acervo para pesquisa interna e externa, aquisição de novos acervos e os produtos que podem se elaborar através do conhecimento deste acervo: projetos educacionais, museológicos, de difusão cultural, etc.
O estágio dos trabalhos que estão sendo realizados pela Coordenadoria de Museologia do MUHNE/Fundaj, o quantitativo de acervos que já foram inventariados, coleções que foram priorizadas, possíveis estimativas do montante de acervos a serem inventariados é a de que foram inventariadas até o momento as seguintes coleções: de garrafas de aguardentes que conta com 1548 objetos. A coleção de azulejos e ladrilhos de 1419 objetos, que traçam um percurso da azulejaria no Brasil dos séculos 18 ao 20, muitos deles já desapareceridos dos centros históricos de Pernambuco; e os objetos de metal tais como a coleção de lamparinas populares – integrantes em 2008 da II Bienal Brasileira de Desing – totalizando 3.794 de peças inventariadas
Na base Isis existem aproximadamente 15 mil registros. No entanto devem ser descontadas a Coleção Noel Nutels (transferida nos anos 80 para o Museu do Homem do Norte), a Coleção de Folhetos de Cordel (transferida para a Biblioteca Blanche Knopf) e a Coleção de Artes Visuais (transferida para o Cehibra), e acrescentados os objetos adquiridos a partir de 2000, quando foi inserido o último registro na base.
* Instituto Brasileiro de Museus. Museus em Números/Instituto Brasileiro de Museus Brasília: Instituto Brasileiro de Museus, 2011. 240 p.; 29,7 cm; vol. 1. Páginas 80 e 81.
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