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Painel do Carnaval no Nordeste

Publicado: Segunda, 27 de Fevereiro de 2012, 09h45 | Última atualização em Quinta, 20 de Dezembro de 2018, 21h16 | Acessos: 19888

regiaonordesteNão é verdade que o Carnaval no Nordeste só existe na Bahia e em Pernambuco, embora seja notório que esses Estados se destacam pela tradição, o envolvimento e a diversidades de agremiações carnavalescas, além da espetacularização e da maior estrutura que resultam das subvenções governamentais.

No reinado de Momo há traços culturais comuns a todos os estados nordestinos, como as agremiações que trazem elementos das culturas indígena (caboclinhos), africana (maracatus, afoxés, blocos afro, turmas de samba e escolas de samba) e européia (entrudos, blocos de sujos, mascarados). O que não elimina as características locais no que diz respeito a tipos de agremiação, musicalidade, personagens e coreografias.

Nesta reportagem feita pela equipe da Ascom-Fundaj, foram ouvidos dirigentes de órgãos públicos ligados à cultura, representantes de agremiações ou associações carnavalescas, pesquisadores e jornalistas nordestinos. Além de se recorrer aos especialistas e aos acervos da Fundação Joaquim Nabuco.

E vamos carnavalizar pelo Nordeste, estado por estado.

 

maranhaoO Maranhão comemora o carnaval de maneira muito peculiar, tanto com a presença de elementos tradicionais da festa momesca (fantasias, desfiles e ritmos comuns à festa), mais concentrados na Capital, quanto com elementos musicais díspares, como o forró estilizado, o axé e o sertanejo elétrico.  Este ano, as comemorações em homenagem aos 400 anos de São Luís conferem um sabor especial à festa, sob o tema “Carnaval de São Luís – 400 vezes mais feliz”.

O carnaval da Passarela do Samba, promovido pela Prefeitura da Capital em parceria com a Fundação Municipal de Cultura (Func), será aberto na quinta-feira (16) com a entrega da chave da cidade ao Rei Momo e sua Corte do Carnaval. Na seqüência haverá o desfile das turmas de Samba Mirim, tribos e blocos tradicionais.

Os desfiles das escolas de samba ocorrerão no domingo, 19/02, e segunda, 20/02. Os vencedores do Carnaval 2012 serão conhecidos na quarta-feira de cinzas (22/02), no auditório da Polícia Militar do Maranhão (Calhau). No dia 24, sexta-feira, haverá o desfile dos campeões e entrega de troféus.

Logo em seguida, as Turmas de Samba Mirins iniciam os desfiles da noite. Às 20 horas, desfilarão as Tribos de Índio - Tupiniquins, Curumim, Tapiaca Uhu, Sioux,Guajajaras, Tupinambá (Iguaíba), Guarani, Navajo, Kamayurá, Carajás, Itapoã, OsTupinambás (Anjo da Guarda) e Upaon-Açu. Depois, é a vez dos Blocos Tradicionais (hour concur) da Apae, Anjos Gladiadores e Boêmios do Ritmo. E, apartir da meia noite as Turmas de Samba encerram a programação do dia –Ritmistas de São José de Ribamar, Ritmistas da Madre Deus, Vinagreira do Samba e Fuzileiros da Fuzarca.

A novidade deste ano fica por conta do concurso dos Blocos Organizados, que antecederá os desfiles das Escolas de samba. Nove blocos desfilarão no domingo (19) e sete na segunda-feira (20).

De acordo com a pesquisadora Lenir Pereira dos Santos Oliveira, na capital São Luís o carnaval de tradição é representado no Desfile Oficial na Passarela do Samba , em área central da cidade. “Começa na 5ª feira de carnaval com a entrega das chaves da cidade ao Rei Momo, Rainha do Carnaval e Princesas, quando algumas agremiações se apresentam e há também  um show com artista maranhense”, explicou.

Na sexta-feira de carnaval acontece o desfile competitivo, onde se apresentam Tribos de Índio e Blocos Tradicionais. No domingo e na segunda-feira, desfilam os blocos Organizados, blocos Afro, blocos de Reggae e Escolas de samba. “Na terça-feira a passarela é do povo”, disse Lenir.

Os blocos tradicionais do Maranhão são grupos originais da Ilha, com concentração na capital, que se destacam pelo ritmo cadenciado e o luxo de suas fantasias,  com tema e indumentária padronizados. As tribos de índios, os grupos Afros e os blocos alternativos são criações mais atuais, embora algumas estejam presentes no carnaval maranhense há cerca de 30 anos. “As escolas e turmas de samba fazem parte do nosso carnaval antigo, formadas por porta-bandeira, muitas mulheres à frente que vão de  meninas a senhoras, e os batuqueiros atrás. Convém ressaltar que esta não é  a composição de outrora, e também que muitos desses grupos passaram à condição de escolas de samba”, disse Lenir.

É no Maranhão que existe a figura do Fofão, personagem de aspecto monstruoso, feito com máscara de papel machê, que se constitui na maior representação do carnaval maranhense, segundo a pesquisadora.  “Outras manifestações tradicionais animam o carnaval em São Luís, como o Cordão de Urso, Casinha da Roça (espécie de casa do interior montada sobre um caminhão), bandas marciais, blocos de sujo e Tambor de  Crioula, manifestação que em 2007 tornou-se Patrimônio Cultural do Brasil”, pontuou.

Em São Luís, o carnaval recebe subsídios do Governo municipal através da Fundação de Cultura, que é  responsável pelo Desfile Oficial de Passarela,  organizado em  estrutura metálica montada em espaço público central e fixo, com som e iluminação apropriadas, composto por camarotes e arquibancadas para o público, instituições de utilidade pública, imprensa em geral, o Prefeito e a  Corte Momesca. Este ano, a Fundação Municipal de Cultura (Func), apoiou com recursos financeiros as agremiações carnavalescas, que participam dos desfiles na Passarela do Samba, no Anel Viário.

O apoio de R$ 5 mil foi repassado a todas as 104 agremiações e visa contribuir com a produção dos espetáculos levados à Passarela. “Vale destacar que o apoio financeiro concedido às agremiações carnavalescas não está condicionado a nenhuma apresentação. A única ressalva foi que os enredos estivessem relacionados ao aniversário de 400 anos da cidade”, disse o presidente da Func, Euclides Moreira Neto.

No ano passado, a Func iniciou a elaboração dos projetos previstos no calendário cultural da cidade para 2012 e convidou as Universidades Estadual (Uema) e Federal do Maranhão (Ufma), e o Instituto Histórico e Geográfico da Maranhão (IHGM), para sugerirem temas aos sambas das agremiações carnavalescas. A iniciativa visava engajar outras instituições nos projetos desenvolvidos pela Fundação de Cultura, além de direcionar todas as atividades realizadas pelo órgão às comemorações dos 400 anos da cidade. “Os temas foram bem aceitos pelas agremiações e, quase a totalidade dos grupos aderiram às sugestões”, complementa Euclides.

O Governo Estadual organiza  cortejos por ruas centrais  da cidade no período do pré-carnaval, circuitos de carnaval  que vão da praça Deodoro, centro da cidade, até a Madre Deus, no  bairro central, no período de carnaval, e o Carnaval dos Vivas, espaços  criados em Praças centrais de alguns bairros da capital. Todo o grupo ou artista que participa desta programação recebe cachê referente ao número de apresentação realizada para o Estado.

“Os bailes de Clubes já não têm tanta expressividade como antigamente. Hoje, restam os patrocinados pelo poder público:  Em São Luís, o Baile da Corte, Baile dos Artístas e Baile do Erê. Há ainda o Baile de Gala, Baile do Bigorrilho e Baile Sarava (este,  dedicado às crianças), mantidos pelo Governo do Estado. Da iniciativa privada restaram o Baile da AABB, Baile do Iate Clube, Baile da Caixa Econômica e o Baile das Fofinas, realizado no Espaço Renascença”, explicou a pesquisadora.

O pesquisador maranhense  Fábio Monteiro, citou como entidade representativa das agremiações maranhenses a União das Escolas e a Associação Carnavalesca dos Blocos Tradicionais do Maranhão. “A passarela do samba fica por conta da Prefeitura de São Luís, e os circuitos carnavalescos ficam sob a responsabilidade do Governo do Estado, que paga por cada apresentação dos blocos nos chamados ponto de cultura”, explicou.

Mas o Carnaval maranhense também abre espaço para sons da Bahia e do Ceará, como forró estilizado e sertanejo elétrico no interior do Estado. A festa se desenvolve com esse perfil em vários municípios. Nos municípios do interior, bandas  são contratadas para animar o carnaval tocando em praças públicas centrais dos municípios. A cidade de Lago da Pedra, por exemplo, promete muita animação em seu Carnaval da Paz Ano IV. A festa, que acontece na Praça Deputado Waldir Filho, contará com as bandas Safadões do Forró, Toca do Vale e Colo de Menina.

No município de Bacabal as atrações têm o mesmo perfil, com as bandas Mastruz com Leite e Forró Miúdo. Já em Cururupu, a programação começa na sexta-feira de carnaval, com Saída do Cortejo Momesco da Praça do Aeroporto com a Bandinha e Blocos Tradicionais, trios elétricos até a Praça Dô Carvalho onde se dará a Solenidade Momesca, com a entrega da chave da cidade ao Rei Momo pelo Prefeito Municipal e coroação da Rainha do Carnaval – 2012, seguida de Show Pirotécnico. Nos demais dias de festa, os foliões serão animados pelas bandas Sertanejo Elétrico, Mulek com Pimenta, Brasas do Forró, Gatinha Manhosa, Dyrrepent Show, Banda Chegadões e Forró da Pizada.

piauiO Piauí é o Estado nordestino com a menor tradição carnavalesca. A constatação é confirmada pelo poder público, através da Fundação Monsenhor Chaves/ Secretaria de Cultura do Piauí. Dos elementos tradicionais da festa restaram a figura do Rei Momo e Rainha do Carnaval.

“Teresina não tem identidade muito forte com carnaval. Agora o município está focado apenas no pré-carnaval, com o Corso de Zé Pereira, que se  habilita ser o maior corso do mundo. O forte é o pré-carnaval, porque na folia oficial as pessoas viajam para os municípios de Floriano, Água Branca e Luis Correia, para descansar ou curtir outro perfil de carnaval, com paredão de som/ trio elétrico aos ritmos baianos”, explicou Diego Iglesias, da Fundação Monsenhor Chaves/ Secretaria de Cultura do Piauí.

De acordo com o pesquisador Marco Antonio Vilarino de Oliveira, uma determinação do Ministério Público do Piauí proibiu a Prefeitura Municipal de Teresina de destinar verbas para as escolas de samba, alegando descaso com a saúde e a educação. O prefeito da cidade, Elmano Ferrer, também achou por bem acabar com essa destinação, já que as escolas, neste ano, reivindicaram R$ 9 mil cada, o que iria onerar os cofres públicos.

“Este ano não haverá desfiles de nenhuma escola de samba, porque não há verbas públicas. A última vez que tivemos estrutura e subsídios foi há três anos”, segundo Diego Iglesias. “O único subsídio do poder público ao carnaval do Piauí é o pagamento dos cachês do Rei Momo e da Rainha do Carnaval, que totalizam R$ 6 mil”, disse Diego.

Sem apoio, o carnaval de Teresina fica limitado ao Baile dos Artistas, realizado este ano 15 dias antes da festa oficial, no Clube dos Diários, ao Corso de Zé Pereira na semana pré, e algumas manifestações isoladas em bairros, durante a folia propriamente dita.

No dia do carnaval, os foliões remanescentes se reúnem na Avenida Marechal Castelo Branco, centro de Teresina.  “Hoje não há mais shows patrocinados pelo poder público, por isso o ritmo predominante nos municípios do interior é, lamentavelmente, o axé music”, completou o pesquisador Marco Oliveira.

cearaNo Ceará o carnaval é pop. A diversidade de gêneros musicais, carnavalescos ou não, continua sendo a marca registrada do período, em Fortaleza, assim como a ocupação dos espaços públicos da cidade, garantindo livre acesso à festa como um todo. A Prefeitura de Fortaleza informou que este ano o homenageado do Carnaval é o humorista Chico Anysio e já definiu as atrações principais que farão shows no Aterro da Praia de Iracema de 18 a 21 de fevereiro – de sábado a terça-feira de Carnaval. O primeiro dia contará com a presença dos pernambucanos Otto e Karina Buhr. No domingo, o som vem mais do sul do Nordeste com os baianos da banda Moinho. A segunda e terça-feira de Carnaval vêm com atrações direto do Rio de Janeiro, como o Baile do Simonal – com Max de Castro e Simoninha rendendo homenagem ao pai, o mito da música brasileira, Wilson Simonal – fechando a programação com Arlindo Cruz, representante do clássico samba carioca.

Mas Fortaleza também tem carnaval de rua, que se desdobra por diferentes áreas da cidade entre os dias 18 e 21 de fevereiro. Destaque para o tradicional desfile das agremiações carnavalescas (maracatus, afoxés, blocos e cordões) na Avenida Domingos Olímpio, centro da cidade.

“Os blocos carnavalescos é que melhor representam o genuíno espírito de carnaval de Fortaleza. Por isso, cada vez mais, a Prefeitura estimula para que eles animem não só o pré-carnaval, como também os quatro dias oficiais de carnaval. São os blocos que abrem os shows na Praia de Iracema e são os foliões ligados a cada um deles que hoje ficam na cidade para brincar um carnaval que tem, de fato, a nossa cara. Respeitando essa vocação festiva e tornando a festa acessível a todos, sem distinção, a cidade prova que sabe e quer fazer carnaval de rua”, destaca a secretária de cultura de Fortaleza, Fátima Mesquita.

Em 2012, a Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura (Secultfor), apoiou diretamente, através do V Edital de Fomento aos Blocos de Pré-Carnaval de Rua de Fortaleza, 60 blocos carnavalescos, num total de incentivo no valor de R$ 360 mil. Por meio do V Edital de Concurso Público Prêmio Carnaval de Rua de Fortaleza 2012 – Edição José Maria da Silva, a Secultfor também subsidiou 18 grupos de maracatus e escolas de samba, além de 14 blocos, cordões e afoxés, perfazendo um total de R$ 462 mil de investimento e beneficiando 32 agremiações.

Para o pesquisador cearense Raimundo Oswald Cavalcante Barroso, a principal atração típica carnavalesca em Fortaleza são os maracatus, em número de 13, que desfilam na passarela da Av. Domingos Olímpio. “No local, há também desfile de afoxés, escolas de samba e cordões. Os que aparecem com o nome de ‘sujos’, são na verdade os papangus, que agora foram renomeados pelos poderes oficiais”, comentou o pesquisador.

De acordo com Barroso, no interior do Ceará também há carnaval, e bem mais popular que na capital, “com cordões de frevos e marchinhas, principalmente, além de escolas de samba ao estilo cearense. Há também presenças de maracatus, como em Fortaleza, diferentes dos de Pernambuco, com a batida dolente e a cara preta”, resumiu. Uma crítica do pesquisador cearense deve se repetir em quase todos os Estados da Região Nordeste: a de que a festa oficial vem perdendo espaço para prévias ou carnavais fora de época, com a descaracterização dos ritmos e elementos tradicionais.

riograndedonorteNo Rio Grande do Norte, o Carnaval também começa nas prévias, com blocos de rua tradicionais, como a ‘Banda Antigos Carnavais’ e a ‘Banda Independente da Ribeira’. As subvenções às agremiações são de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Natal, através da Fundação Cultura Capitania das Artes (Funcarte), que contempla somente as agremiações tradicionais.

Os investimentos do poder público são tímidos. A subvenção ao concurso de Rei e Rainha do Carnaval 2012 totaliza R$ 3 mil para cada, além de R$ 2 mil para a Rainha do Frevo – considerada uma majestade à parte. O governo do Estado,  este ano,  lançou um edital para ajudar financeiramente, com quantia simbólica de R$ 6 mil para cada agremiação tradicional do Estado, em edital público. Há duas associações de agremiações na capital potiguar: a de Escolas de Samba e Tribos de Índios e a União de Blocos.

Integrante da comissão organizadora do carnaval de Natal em 2012, Ana Cristina Medeiros informou que, este ano, a cidade terá, mais uma vez,  a folia distribuída em cinco pólos multiculturais. São eles,  Redinha, Ribeira, Rocas Alecrim e Ponta Negra. No pólo da Redinha (praça do Cruzeiro e largo do Buiú), ficarão concentradas as principais atividades do carnaval 2012. “A Prefeitura ainda investirá recursos nos pólos da Ribeira (Avenida Duque de Caxias, local do desfile das escolas de samba e tribos de índios), Rocas (largo da rua Pereira Simões), Alecrim (avenida 4 com a 7) e em Ponta Negra (Ponto Sete)”, complementou Ana Cristina.

O pesquisador Guttemberg Costa explica que, em Natal (RN), o carnaval de rua mais animado ocorre no bairro/praia da Redinha, com blocos tradicionais como ‘As Raparigas’, que reúne homens travestidos de mulheres e ‘Os Cão’, que junta milhares de foliões que saem enlameados, do mangue, na terça feira de carnaval, percorrendo as ruas. Na capital e em diversas cidades saem tradicionalmente as tribos de índios e troças. Há presença de papangus em algumas cidades pequenas do interior. Na cidade de Mossoró é tradição a presença da ‘La Ursa’ durante os festejos momescos.

Ainda segundo Gutemberg Costa, o frevo é predominante na Redinha Velha, em Natal (RN). “Em diversas cidades/ praias o ritmo é baiano, com contratos milionários de bandas de axé, algumas até oriundas da Bahia”, explicou o pesquisador, informando que este ano o Ministério Público está interferindo e fiscalizando as verbas públicas destinadas a estas bandas forasteiras.

paraibaNa Paraíba o Carnaval começa uma semana antes do calendário oficial, na quarta-feira pré-carnavalesca, que em João Pessoa é conhecida como “Quarta-feira de fogo”, numa satírica referência à Quarta-feira de Cinzas, que marca o fim da folia. É na Quarta-feira de fogo que acontece o tradicional desfile do bloco "Muriçocas do Miramar", saindo da Praça das Muriçocas (que tem esse nome por causa do bloco) e faz um percurso de 5 km de extensão pela orla. “Esse carnaval de rua não é subvencionado nem pelo governo do estado nem pela prefeitura de João Pessoa”, disse Pedro Santos, da Secretaria Estadual de Cultura da Paraíba.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Cultura, esse  carnaval é organizado pelas próprias agremiações, através de sua associação de classe. As agremiações são subvencionadas pelo governo estadual e, organizadas, desfilam no carnaval de tradição, que reúne as escolas de samba, as tribos de índios (caboclinhos) e papangus.

O jornalista e historiador paraibano Wills Leal, relembra com saudosismo a história do Carnaval na Paraíba, que teve seu auge há 30 anos: “Como a cidade de João Pessoa não foi fundada no litoral, como a maioria das capitais dos estados nordestinos, a festa carnavalesca também não foi originada na beira-mar. Então, somente depois dos anos 1970, os desfiles da cidade foram para a orla. Aquela foi a grande fase do carnaval de rua e dos clubes”, rememorou.

Para o pesquisador, o carnaval perdeu sua essência desde a década de 1990, com a eclosão dos carnavais fora-de-época pelo Brasil, fazendo com que os carnavais dos clubes fossem minguando em todas as capitais do Nordeste. “Desestruturaram o carnaval de João Pessoa a partir daí. Hoje, considero que o carnaval na cidade acabou, pois existe apenas como um carnaval de tradição de segundo time, com somente 2 dias de desfile na cidade, reunindo grupos de orquestra, escolas de samba e caboclinhos. A falta de incentivo à festa se percebe pelo valor das premiações subsidiadas, de apenas R$ 9 mil por agremiação.

Wills Leal criticou, inclusive, o modelo considerado bem-sucedido do carnaval de rua, apesar da grande participação do público. “O Muriçocas do Miramar não sai mais com as antigas marchinhas, o frevo. Ele vem com 10 dez trios elétricos, às vezes nem se houve o hino do Muriçocas. É só Axé”, criticou.

Segundo o jornalista Renato Félix, Editor de Cultura do jornal Correio da Paraíba, a prévia carnavalesca é muito mais forte em João Pessoa do que o carnaval em si, com muitos blocos de rua.

Defendendo a Federação Carnavalesca de João Pessoa, da qual é presidente, e que atua há quase um século, na informalidade, mas que existe há mais de 50 anos, registrada em cartório, Fernanda Benvenutty garante que há uma subvenção do governo municipal e um pouco do estadual. No entanto, a verba é insuficiente para fazer um bom carnaval. Algumas agremiações só existem graças ao esforço e ao amor dos seus representantes”.

Ela destaca que “João Pessoa abriga um público grande e fiel, mas o espetáculo apresentado pelas agremiações ainda não é satisfatório. É muito difícil fazer um carnaval com uma verba restrita. Ainda falta um incentivo da iniciativa privada, que não aposta no carnaval da cidade, além de só valorizar as outras capitais mais divulgadas pela mídia”.

Benvenutty aponta que “o ponto forte do carnaval de João Pessoa é a vontade e o esforço dos artistas locais – muitas vezes são os próprios representantes das agremiações. No entanto, ainda faltam incentivos financeiros para que as agremiações se sustentem. A cidade é muito carente de infraestrutura e de projetos culturais, necessários para manter viva a tradição do carnaval”.

Em Campina Grande, a secretária de Cultura, Eneida Agra Maracajá, informou que a programação do Carnaval inclui recitais, oficinas e um ‘arrastão cultural’, programado para o Dia do Frevo, celebrado no dia 9 de fevereiro. As prévias do “Carnaval Folia de Todos 2012”, o carnaval tradição de Campina Grande, também tem início no dia 9, com um desfile de fantasias de luxo. A programação oficial começa no domingo, 19, com o desfile de nove agremiações de Bumba Meu Boi e se encerra na terça-feira de carnaval, 21, com o desfile das escolas de samba Unidos da Liberdade, Acadêmicos do Monte Castelo, e Bambas do Ritmo.

O primeiro secretário da Associação Campinense das Escolas de Samba e Troças Carnavalescas (ACESTC), José Alexandre Neto, informou que as agremiações de Bumba Meu Boi, La-Ursas, tribos indígenas e escolas de samba se apresentarão às margens do Açude Velho, no entorno do Monumento de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Mais de duas mil pessoas deverão participar dos desfiles, programados para começar às 17h. Mas, já a partir das 15h, grupos de pagode animarão os foliões.

pernambucoEm Pernambuco  o carnaval apresenta opções de folia 24h, desde o momento da abertura oficial do Carnaval, na noite da sexta-feira gorda, no Recife Antigo, até os últimos acordes do Bacalhau do Batata, na tarde da quarta-feira de cinzas, em Olinda. Isso para quem quiser seguir à risca o cronograma ,  pois a folia já começa na virada de ano-novo, onde o frevo dá o ritmo às comemorações, logo depois das doze badaladas que anunciam o 1º dia do ano. Em Olinda, o carnaval se faz presente em todas as semanas de janeiro e fevereiro, até a chegada da folia oficial. 

As prévias carnavalescas em clubes são muito comuns no Estado, como o Baile Perfumado, Baile das Serpentinas, Siri na Lata, Siri Pirata, Guaiamum Treloso, Bal Masqué, Baile dos Artistas e Enquanto Isso na Sala de Justiça. O poder público patrocina o Baile Municipal, cuja renda é revertida para duas instituições de caridade.

No carnaval pernambucano predomina a  irreverência de seus foliões, sendo praticamente impossível encontrar alguém sem fantasia ou adereços que remetam à festa. Máscaras, perucas e badulaques estão em toda parte, na capital e no interior, e alguns municípios têm sua própria identidade com fantasias-símbolos próprias, a exemplo dos papangus, em Bezerros (PE); as burrinhas, em Goiana (PE); e os caboclos-de-lança dos maracatus da Zona da Mata.

Na cidade de Nazaré da Mata, situada a 65 Km do Recife, conhecida como a terra do Maracatu Rural, a agremiação não é apenas uma dança, uma brincadeira das camadas menos favorecidas, mas uma tradição passada de pai para filho em que os passos, as cores perpassam uma aculturação milenar da história da região.

Agremiações como o Piaba Dourado, Estrela de Ouro e, o mais antigo de Pernambuco, o Cambinda Brasileira, apresentam-se  no O tão esperado Encontro de Maracatus, que acontece na segunda-feira e terça-feira de Carnaval, na praça principal. São mais de 50 grupos de brincantes com seus reis, rainhas, baianas e caboclos de lança, que dançam e cantam em homenagem aos orixás.

O caboclo de lança é personagem do Maracatu Rural ou de Baque Solto – também conhecido como Maracatu de Orquestra. A origem desse maracatu ainda não está totalmente desvendada. Admite-se a mistura das culturas afro-indígenas como resultado de manifestações populares – cambinadas, bumba-meu-boi, cavalo-marinho, coroação dos reis negros, caboclinhos, folia de Reis – existentes no interior de Pernambuco.

É formado por personagens “sujos” – Mateus, Catirina, burrinha, babau, caçador –, um baianal, damas de buquê, dama do paço, calungas, caboclos de penas e de lança, e orquestra (caixa, surdo, gongué, cuíca ou porca, trombone e piston).

Símbolos do carnaval de Pernambuco, os caboclos-de-lança podem ser encontrados no período momesco nas seguintes cidades, além de Nazaré da Mata, onde se concentra o maior número de Maracatus Rurais( 20 grupos): Igarassu, Buenos Aires, Tracunhaém, Carpina, Chã de Alegria, Lagoa de Itaenga, Feira Nova, Araçoiaba, Paudalho, Camaragibe e São Lourenço da Mata.

Na região do agreste pernambucano, quem imaginaria que uma simples brincadeira de amigos tornaria Bezerros, monótono município do interior de Pernambuco, uma encantadora cidade conhecida nacionalmente como a Terra do Papangu? O carnaval dos papangus deixou de ser do povo de Bezerros para se tornar do povo brasileiro.

A Terra do Papangu  fica a 107 Km do Recife. O município tem aproximadamente 60 mil habitantes, mas no período de carnaval, chega a congregar 600 mil foliões. A tradição surgiu em 1905, quando um pequeno grupo de amigos resolveu sair mascarado, mantendo sobre sigilo o rosto, passando nas residências de famílias e amigos, comendo e bebendo anonimamente, numa tradição de pai para filho.

Existe uma versão do papangu evidenciada pela cultura oral, a de que escravos, percebendo que no carnaval mascarados tinham livre acesso á Casa Grande, atreviam-se a adentrar nos lares dos seus senhores sem serem reconhecidos e almejando serem servidos por eles.

Foi então que surgiu o personagem mascarado, cheio de panos, roupas sobrepostas e máscaras, sem deixar aparecer nenhum sinal da cor, sem a possibilidade de serem identificados olhos ou lábios, característicos da raça. Meias nas mãos e nos pés,e até saltos que lhes camuflassem a altura, foram também artifícios utilizados.

Contam ainda os moradores mais antigos que o nome “Papangu” surgiu porque, nos grupos dos mascarados que brincavam o carnaval, existiam dois irmãos que comiam muito, e quem era comilão recebia o nome de papa alguma coisa (papa-pimenta, papa-chocolate, etc). Naquele tempo, as pessoas ofereciam angu nas suas casas para os foliões, originando-se o nome do folião “Papangu”.

A cidade de Triunfo, localizada no sertão pernambucano, a 399 km do Recife, também constitui um destacado pólo carnavalesco. O bloco Careta de Triunfo, o senhor das ladeiras, mais uma vez será o foco da folia entre os dias 14 e 22 de fevereiro de 2012. Para aqueles que incorporam o personagem cultural, o prazer em se mascarar, desfilar e alegrar o povo durante o Carnaval é sensacional, sem limite de idade ou sexo, herança passada de geração em geração.

A tradição dos Caretas vem desde o inicio do século passado, com a versão de que o Mateus do reisado (ciclo natalino), tendo bebido, foi expulso do grupo e resolveu brincar de mascarado pelas ruas da cidade, dando origem à figura que era chamada de “Correio”, hoje Careta.

Durante os três dias de festa comemorados no passado, eles saíam pelas ruas por volta das 9 da manhã, após a missa, até às 17h, pontualmente. Caso não cumprissem o horário conforme estabelecido pelo delegado da cidade, terminavam presos. A cada ano que passa, o número de mascarados aumenta em Triunfo, tornando o concurso anual dos Caretas bem disputado e concorrido. O concurso, como sempre, será realizado na segunda-feira de Carnaval, dia 20 de fevereiro.

O Recife e Olinda concentram o peso pesado do carnaval de Pernambuco. Para o pesquisador, jornalista e historiador pernambucano Leonardo Dantas, quem sempre dominou o carnaval na região Nordeste foi Pernambuco, e o Recife, em particular, por conta da radiodifusão, que aqui era mais avançada, com várias empresas de destaque, como a Rádio Clube, a Rádio Jornal, etc.

“Todos copiaram Pernambuco, até a Bahia e o Rio de Janeiro, pois na década de 1930, exatamente em 1932, vários clubes de frevo foram criados, a partir do incentivo do prefeito da capital fluminense, Pedro Ernesto. O Clube Pernambuco Vassourinhas esteve no Rio, “excursionando”, e deixou lá um seu congênere, o Vassourinhas carioca.  O frevo, em 1951, foi adaptado, em Salvador, na Bahia, a partir da invenção do trio elétrico, mais moderno, eletrificado, que repercutiu e ganhou todo o Brasil. Dia 9 de fevereiro vou a Brasília, levando o maestro Ademir Araújo, para levar o frevo à capital federal, só que lá já existem clubes locais deste gênero, iremos apenas reforçar. Desse modo, nosso carnaval é e frevo, é exportação”, explicou Leonardo Dantas Silva.

O pesquisador relembra uma história pitoresca que entrelaça os carnavais do RJ e de Pernambuco. “Na década de 1940 foi fundado por Henrique Bonfim, no bairro da Saúde, o clube Prato Misterioso - Henrique Bonfim foi também fundador do Vassourinhas (RJ) -. nome inspirado no clube de frevo pernambucano conhecido como Clube Carnavalesco Prato Misterioso. A razão deste nome foi à própria festa de criação do clube pernambucano: um almoço comemorativo em que a comida demorou a sair, e a bebida não, e lá pelas tantas, alguém disse: - Que prato misterioso é esse que estão fazendo? Daí, surgiu o nome da agremiação”, disse.

O carnaval recifense começa no Galo da Madrugada. “Este ano o Galo da Madrugada vai ter mais de 2 milhões de foliões” é um bordão entoado por Alceu Valença há vários carnavais, sem correr o risco de soar inverídico. De fato, o maior bloco do mundo, confirmado pelo Guinness Book, terá como homenageado em 2012 o cantor Luiz Gonzaga. O tradicional desfile do Galo acontece na manhã do dia 18 de fevereiro (Sábado de Zé Pereira), com atrações para todos os gostos: o próprio Alceu Valença (que este ano é o homenageado no Baile Municipal do Recife), Maestro Spok, Elba Ramalho, Maestro Forró, Almir Rouche, Gustavo Travassos, João do Morro, André Rio e Geraldinho Lins, além de participações especiais da Banda Calypso, Fafá de Belém, Luiza Possi, Guilherme Arantes e Jorge Vercilo.

Este ano, diversas agremiações de tradição no carnaval de Pernambuco comemoram aniversário, como o agora centenário bloco Vassourinhas de Olinda, o Homem da Meia-Noite (80 anos), Batutas de São José (80), Pitombeira dos Quatro Cantos (65), Elefante de Olinda (60) e Ceroula de Olinda.

O Vassourinhas surgiu em 1912 como Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas de Olinda. A primeira diretoria do clube foi composta exclusivamente por mulheres negras.

Em 2012 o Vassourinhas fará a sua centésima saída oficial do Largo do Guadalupe, em Olinda, no domingo de Carnaval. Já na Terça-feira Gorda, dia 21 de fevereiro – data real do aniversário do clube – haverá o grande encontro entre o Clube Vassourinhas de Olinda e o Clube Vassourinhas do Recife. O encontro será em frente a Prefeitura de Olinda, às 19h.

“Realmente, este é um momento bem significativo, e tenho a honra de estar presidindo o clube durante as comemorações do centenário”, salienta, com entusiasmo, Erivelto Paes Barreto, presidente do Vassourinhas de Olinda há nove anos e membro da agremiação carnavalesca há 39.

Segundo o maior historiador do carnaval de Olinda, José Ataíde, a composição “Música, Mulheres e Flores”, de Lídio Macacão, do repertório do Clube Vassourinhas de Olinda, é considerada uma obra-prima da música do carnaval de Olinda e continua fazendo sucesso em todos os carnavais.

O mais conhecido clube de boneco gigante e mais famoso folião da cidade de Olinda é o calunga Homem da Meia-Noite, que completa 80 anos em 2012. A tradição dos bonecos gigantes é mais comum em Olinda, onde acontece a “Corrida dos Bonecos Gigantes” e também o tradicional encontro que reúne mais de 100 deles, na terça-feira de Carnaval. Até Gilberto Freyre e Luiz Gonzaga já foram imortalizados em réplicas gigantes de papel machê, mas nenhuma homenagem a personalidades de carne e osso se equipara ao ilustre Homem da Meia-Noite, que reina absoluto há 80 carnavais pelas ladeiras históricas de Olinda.

Ao contrário dos clubes, blocos e troças que possuem estandartes, a figura alegórica nesse caso é o boneco, que pode pesar cerca de 35 quilos. Alguns chegam a ter mais de 3,5 metros. Em 2005, o Homem da Meia-Noite tornou-se Ponto de Cultura Nacional; em 2006, foi eleito símbolo da primeira capital brasileira da cultura e proclamado Patrimônio Vivo de Pernambuco. Agora em 2012 é o grande homenageado do carnaval de Olinda.

O Bloco Carnavalesco Misto Batutas de São José foi fundado no dia 5 de junho de 1932, no Pátio de São Pedro, n.33, (Recife), com uma festa animada pela banda do 21º Batalhão de Caçadores. Surgiu como uma dissidência do Batutas da Boa Vista e é o mais antigo bloco carnavalesco misto em atividade ininterrupta  do Recife.

A história do bloco foi contada através das músicas do compositor e carnavalesco João Santiago dos Reis, que se inspirou no dia-a-dia da agremiação. Personagens importantes da agremiação foram homenageados por ele como o fundador Augusto Bandeira, na música A vitória é nossa; Edite, figura obrigatória da ala feminina do bloco, em Edite e o cordão; Osmundo, um barbeiro que sempre foi o reco-reco de ouro do bloco, lembrado na música Reminiscência; Levino Ferreira, um dos mais importantes compositores de frevos-de-rua do carnaval de Pernambuco, em Escuta Levino.

O maior sucesso comercial do Batutas, no entanto, foi a música Você sabe lá o que é isso, também de autoria de João Santiago, feita para o carnaval de 1952 e que ficou conhecida como o hino do bloco.

alagoasEm Alagoas, segundo a presidente da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), Paula Sarmento, a folia 2012 será aberta com o tradicional Baile Municipal de Maceió, que acontece no dia 9 de fevereiro, no espaço Vox Room, no bairro de Jaraguá. Para a festa oficial, a Prefeitura de Maceió vai financiar parte da produção das escolas de samba da capital, com uma ajuda no valor de R$ 15 mil para cada escola, para o custeio com a confecção de fantasias e carros alegóricos. O repasse, este ano, será 50% maior do que no carnaval passado, quando a ajuda de custo da Prefeitura foi de R$ 10 mil para cada escola de samba.

A novidade deste ano, em Maceió, é a volta dos desfiles na orla da Pajuçara, e não mais em Jaraguá, como vinha sendo feito até 2011. Segundo o presidente da Liga das Escolas de Samba de Alagoas, Nivaldo Santana, “a mudança vai trazer o carnaval de Maceió para mais perto da população”.

No dia 11, a partir das 6h, começa a concentração do bloco Pinto da Madrugada, com previsão de saída a partir das 8h, na Pajuçara. Também desfilam nesse dia os tradicionais blocos Pecinhas de Maceió e Turma da Rolinha. No domingo, dia 12, a Prefeitura apóia o projeto “Venha ver a Banda Passar”, com o Bloco Vulcão e a Banda da Polícia Militar, na Rua Fechada, com o chamado Banho de Mar à Fantasia. “Estamos trabalhando no resgate das raízes do carnaval de Maceió, e vamos incentivar as pessoas a comparecerem usando suas fantasias”, diz Paula Sarmento.

De 18 a 21 de fevereiro, a programação oficial começa - no sábado de Zé-Pereira - com o desfile das escolas de samba, que este ano vai acontecer na Praça Multieventos. Nesse período, segundo Paula sarmento, a Prefeitura também vai garantir a animação nos bairros, com alguns pólos de folia, que vão na Pajuçara (Praça Multieventos), Jacintinho, Ponta Grossa (Praça Moleque Namorador), Tabuleiro e Pontal da Barra. “Esses pólos terão atrações locais de samba, frevo e axé-music, que ainda estão sendo definidas”, diz ela.

Este ano a Prefeitura vai repetir uma experiência que deu certo no carnaval passado, de realizar o concurso de Bumba-meu-boi no final de semana seguinte ao carnaval. Portanto, os grupos se apresentam nos dias 24 e 25, na Praça Multieventos. “A preocupação da Prefeitura de Maceió é de realizar um carnaval mais próximo da comunidade. Por isso teremos programação na orla, na região sul (Pontal da Barra) e na parte alta da cidade. Também não é uma programação só da Prefeitura. Ela foi discutida e definida junto com representantes da liga das escolas de samba, dos blocos carnavalescos e dos grupos de Bumba-meu-boi. Estamos deixando uma semente de resgate do carnaval da cidade, para que floresça e se fortaleça nos anos que virão”, diz a presidente da FMAC.

O professor e antropólogo Sávio de Almeida, da Universidade Federal de Alagoas, pesquisa o carnaval no Estado há 20 anos. “Alguns clubes foram criados especialmente para o carnaval, como o Clube Fênix. Tínhamos ainda a Rua dos Blocos de Carnaval de antigamente, onde desfilavam blocos como o “Cara Dura” e o “Cavaleiro dos Montes”, que arrastavam de 3 a 5 mil foliões”, explicou o professor.

"Hoje em dia, as agências de turismo vendem o destino com o perfil de lugar para descanso, como se aqui não tivesse folia. Não é bem assim”, refutou.

sergipeEm Sergipe o carnaval é comemorado nos municípios de Aracaju, São Cristovão, Canindé de São Francisco, Estância e Neópolis, segundo a assessoria de comunicação do Governo do Estado. É na capital, Aracaju, e em Estância, onde predomina o frevo. Neópolis concentra a representatividade do samba sergipano. Os demais pólos de animação seguem o perfil baiano, embora seja possível encontrar um pouco de tudo também na capital.

Sergipe tem Rei Momo e Rainha do Carnaval - iniciativa da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), por meio da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Funcaju). A premiação para o rei e rainha é de R$ 3 mil, segundo a prefeitura. A pesquisadora Aglaê D´Ávila conta que em Sergipe existem  27 blocos na cidade de São Cristovão, na Região Metropolitana de Aracaju, com o Acorda Povo para a Folia, que acontece na sexta-feira, dia 17 de fevereiro. “A partir do dia 18, teremos blocos e bandinhas de frevo com a participação dos bonecões da Casa do Folclore, parecidos com os de Olinda (PE)”, explicou.

Em São Cristovão (SE), a prefeitura não subvenciona nenhuma agremiação nem a associação de blocos, limitando-se ao pagamento dos cachês dos músicos de cada bandinha de frevo (cem profissionais de dez bandas, no total). A grande subvenção em Sergipe é focada na festa oficial da capital e também no carnaval fora-de-época, o Pré-Caju, que integram o “Projeto Verão” e recebem recursos dos governos Municipal, Estadual e Federal. É o que comprova Mércia Barreto, diretora do Bloco Rasgadinho: “nosso projeto tem o incentivo da lei Rouanet, e com isso recebemos apoio dos governos do município e do estado, com a chancela do Ministério do Turismo”. O Rasgadinho funciona nos três dias de carnaval, e é um cortejo, reunindo várias agremiações dentro dele, com blocos de frevo e marchinhas. Desfila no bairro de Cirurgia, reduto carnavalesco tradicional de Aracaju, que tem história na criação de escolas samba e blocos do carnaval de Sergipe.

O carnavalesco sergipano Emmanuel Dantas, fundador e diretor da Confraria Carro Quebrado, de outro tradicional bairro da Folia de Aracaju, chamado São José, comentou que, assim como o Rasgadinho, a Confraria Carro Quebrado segue o modelo tradicional (frevo) no carnaval da capital sergipana.

Para a pesquisadora Aglaê D´Ávila, no entanto, a presença dos ritmos baianos, Axé e Pagode, interferiram no carnaval sergipano, que segundo ela perde espaço todos os anos para o carnaval fora-de-época, no mês de janeiro. “O Carnaval de Aracajú, hoje, é o Pré-Caju. É esse modelo de festa que vem predominando e, aos poucos, destruindo o carnaval da capital sergipana, pois as subvenções oficiais convergem todas para ele. Todo mundo investe nesse carnaval, com apoio de políticos, governos, autoridades e até de ministérios”, criticou.

Na avaliação da pesquisadora, a autenticidade do carnaval do Estado de Sergipe começa a ficar restrita a outras cidades como Neópolis, que tem desfile de escolas de samba, e Estância, que têm ligação forte com o frevo.  

bahiaO Carnaval da Bahia figura entre os três mais caros do Brasil, com um forte espetáculo midiático. Com investimentos de mais de R$ 50 milhões, o Carnaval baiano reúne mais de 250 agremiações, oficialmente agrupadas em 12 categorias: afoxés, trios elétricos (independentes), blocos afro, blocos de trio, blocos de travestidos, blocos de índios, blocos de percussão e sopro, blocos alternativos, blocos infantis, blocos especiais, blocos de samba e pequenos blocos. Prevalecem, em termos quantitativos, os blocos de trio, os blocos afro e os trios elétricos independentes com predominância do axé, seguido de perto pela batida afro que mescla samba e maracatu numa mistura personalíssima que ganhou fama internacional através do bloco Timbalada.

De acordo com informações da Empresa de Turismo de Salvador (Emtursa), o carnaval da Bahia atrai cerca de 500 mil turistas, gerando receita de US$ 87 milhões.  O espaço midiático em todos os dias da festa momesca gera 161 horas de transmissão em rede local, 66 horas em rede nacional e mais cem horas em rede internacional, segundo a Secretaria de Cultura e Turismo da Bahia. Essa cobertura é destinada a 180 países, através da atuação de 24 jornais (oito internacionais e 17 nacionais) e outras 37 emissoras estrangeiras de TV.

O pesquisador Paulo Miguez, da Universidade Federal da Bahia, explicou que o carnaval em Salvador é realizado em três circuitos, chamados “Osmar”, “Dodô” e “Batatinha”, para homenagear respectivamente os dois criadores do primeiro trio elétrico (Dodô e Osmar) e um célebre carnavalesco baiano (Batatinha).

“O Circuito ‘Osmar’, também conhecido como circuito da ‘Avenida’, é o mais tradicional, remontando aos primeiros carnavais da cidade. Nele desfilam blocos afro, como Ilê Aiyê, Olodum, Muzenza e Malê Debalê, blocos de trio, como Camaleão, Internacionais e Corujas, o famoso Afoxé Filhos de Gandhi, blocos de samba e grande número de trios elétricos independentes”, explicou o pesquisador.

O ‘Batatinha’ é o menor dos três circuitos e ocupa um pequeno trecho da cidade entre a Praça Castro Alves, famosa nos carnavais dos anos 1970, e a zona do chamado Centro Histórico, onde fica localizado o não menos famoso Pelourinho, por onde desfilam apenas pequenos blocos e afoxés. Juntos, estes dois circuitos somam 7 km de avenidas e ruas.

Já o Circuito ‘Dodô’, incorporado aos festejos a partir do expressivo crescimento experimentado pela festa no início dos anos 1990, estende-se por 4,5 km da avenida que margeia a orla da cidade, zona em que estão situados os grandes hotéis. Entre o Farol da Barra e a Ondina, respectivamente, ponto de partida e chegada do desfile neste circuito, são instalados muitos camarotes privados, principalmente nos hotéis, bares e restaurantes. “Aí desfilam blocos como a Timbalada, o Cortejo Afro, o Ara Ketu, os grandes blocos capitaneados por estrelas da festa, a exemplo de Daniela Mercury, Margareth Menezes e Ivete Sangalo, e vários trios elétricos independentes”, disse Paulo Miguez.

O pesquisador explicou que o poder público extinguiu, desde os anos 1970, as premiações por categorias (afoxés, trios elétricos, escolas de samba etc). “Quando a festa foi reconfigurada como ‘carnaval-negócio’, as premiações passaram à iniciativa privada, com o ‘Troféu Dodô e Osmar’, promovido pelo grupo A Tarde, e o ‘Bahia Folia’, da Rede Bahia de Televisão, escolhida por votação popular”, disse.

Sobre o carnaval no interior do Estado, Paulo Miguez faz questão de destacar o de Maragojipe, pequeno município do Recôncavo Baiano, bem próximo de Salvador. “Com uma história que remonta ao século XIX, o carnaval maragojipano é patrimônio imaterial da cultura baiana. Os festejos obedecem ao calendário momesco e se caracterizam por manter vivas tradições dos velhos carnavais, como máscaras, fantasias, blocos de espírito mais comunitário, bandinhas de sopro e percussão, desfiles improvisados, etc”, comentou.

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Artigo:  Carnaval no Nordeste do Brasil

Textos: Nosso Carnaval, nossa cultura: uma festa de todos!

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