MUSEU DO HOMEM DO NORDESTE RECEBE GRUPOS DE JOVENS E ADULTOS EM HORÁRIO ESPECIAL
Por Marcela Lins
Todas as quartas-feiras, o Museu do Homem do Nordeste funciona até as 21h. Na ocasião, além de receber público espontâneo, o Muhne também dispõe de uma equipe de mediadores que recebe grupos de Educação para Jovens e Adultos (EJA) ou do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem).
Na última quarta-feira (17), o Museu recebeu um grupo de 28 estudantes, entre 18 a 29 anos, do ProJovem Urbano Recife. Hygor Callas e Nathália Sá foram os mediadores que, por meio de perguntas-chave, iniciaram o debate no espaço museal. “Quem é esse homem do nordeste?”, “O que vocês esperam encontrar aqui?”, “Que nordestes são estes?” foram alguns dos apontamentos deste primeiro momento.
A partir de uma perspectiva dialógica, os mediadores, junto com os estudantes exploraram cada uma das salas expositivas. “É importante a gente lembrar que este é um museu antropológico, cujo acervo foi constituído a partir do olhar de estudiosos brasileiros, dentre eles o Gilberto Freyre. Teremos aqui um ponto de vista, mas também queremos ouvir vocês”, enfatizou Hygor em determinado momento do percurso.
Entre porcelanas, pratarias, máquinas fotográficas e objetos cotidianos, os jovens faziam selfies, fotografavam as peças do acervo e debatiam, entre si e com os mediadores. Amanda, de 22 anos, afirmou ter vontade de retornar: “Foi minha primeira vez no Museu. E me vi principalmente na sala dedicada aos maracatus, que gosto muito”, concluiu.
Para Eugênio Souto Maior, professor de português e língua inglesa no ProJovem, é importante a visita aos espaços de educação não formal. “Trabalhamos com um ensino inclusivo e uma grande preocupação nossa é pensar o processo de aprendizado como algo prazeroso, e eles [os estudantes] gostam muito destas visitas”. A turma já foi a outros espaços cidade, como o Paço do Frevo e o Cais do Sertão.
Rafael, de 22 anos, afirmou ter tido uma experiência positiva: “Gostei muito da visita, principalmente a sala dos indígenas, onde tivemos uma visão mais crítica, de questionar o que estava sendo exposto. Adorei ver o praiá”, disse.
“Gosto muito de receber grupos de EJA e ProJovem porque, normalmente, são pessoas que não tiveram a oportunidade de concluir a escola e agora estão numa espécie de ‘segunda chance’. Então, acredito que por isso, vejo uma expectativa e um interesse grande nas visitas e, na maior parte das vezes, são pessoas que nunca tiveram contato com museus”, enfatizou Hygor.
Apesar do bom recebimento do grupo, a sala dedicada à religiosidade de matriz africana ainda é um desafio, segundo o mediador. “Acho importante, mesmo com a relutância de alguns alunos e visitantes, trabalhar a questão do candomblé, justamente por ser um assunto delicado e ainda de pouco conhecimento social, o que gera certo preconceito e afastamento. É enriquecedor lutar pela quebra deste tabu e mostrar que essa religião contribui para atos e crenças cotidianas”, concluiu.
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