MASP REINAUGURA EXPOSIÇÃO COM PEÇAS DO MUSEU DO HOMEM DO NORDESTE
Foi no ano de 1969 que o Masp inaugurava sua primeira exposição temporária, "A Mão do Povo Brasileiro". Em torno do tema "cultura material brasileira", cerca de mil objetos, incluindo carrancas, ex-votos, santos, tecidos, mobiliário, ferramentas, instrumentos musicais, adornos, brinquedos, etc., eram expostos como parte do projeto da italiana Lina Bo Bardi de inscrever a cultura popular dentro dos domínios do museu de arte.
Próxima sexta-feira (2), o Masp inaugura uma reencenação da exposição e contará, entre outras parcerias, com peças do Museu do Homem do Nordeste. Ao todo, serão emprestados 57 objetos de nosso acervo, entre peças religiosas, cerâmicas, indumentária de vaqueiro e brinquedos. A exposição é um convite à reflexão e ao debate sobre as contestadas noções de arte popular e cultura popular.
A relação da italiana com o tema vem dos anos 1958 a 1964, período em que Lina morou em Salvador e aprofundou seus conhecimentos e vivências. Para a mostra no Masp, a proposta é explorar a problemática em torno da noção de arte popular e as implicações de uma prática museológica descolonizada, resistente aos discursos hegemônicos, de tradições eurocêntricas. A mostra foi concebida pela arquiteta, pelo diretor do museu, Pietro Maria Bardi, o cineasta Glauber Rocha e o diretor de teatro Martim Gonçalves.
Entre as peças que seguem para São Paulo, Albino Oliveira, museólogo do Museu do Homem do Nordeste, destaca as calungas de Dona Leopoldina e Dom Luiz, do Maracatu Nação Elefante.
O cortejo da agremiação Maracatu Elefante destacava-se por ser o único a desfilar com três calungas representando figuras da corte: Dona Emília, Dona Leopoldina e Dom Luiz. As calungas são bonecas de cunho ritual que representam o poder e a hierarquia do terreiro de candomblé enquanto sistema sócio-religioso. Além das três calungas, também chamavam atenção as duas carroças alegóricas: a do Elefante e a do Tigre.
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