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Imagens que desafiam o tempo em "O Retrato e o Tempo"

Publicado: Terça, 11 de Agosto de 2015, 10h32 | Última atualização em Quinta, 20 de Dezembro de 2018, 21h07 | Acessos: 1826

O livro "O Retrato e o Tempo - Coleção Francisco Rodrigues (1840-1920)", que a Editora Massangana, da Fundação Joaquim Nabuco, lança, no dia 19 de agosto, às 19 horas, em sua sede, no bairro de Casa Forte (na avenida 17 de agosto, 2187), traz, entre centenas de fotografias de famílias do "Ciclo Açucareiro", imagens de mulheres que desafiaram o seu tempo. Como a da escritora e feminista Edwiges de Sá Pereira, que encontra-se na página 55 do livro,e a foto de Fátima Miris, uma artista transformista que atuava no Teatro do Parque, no final da década de 1910, que está na página 90.

As fotos vêem reforçadas por textos de pesquisadores, como os do ensaio da historiadora Rita de Cássia Barbosa de Araújo, uma das organizadores do livro: "Podemos ver os rostos de algumas dessas mulheres, pioneiras na luta pela igualdade de direitos em relação aos homens, nos retratos da Coleção Francisco Rodrigues; como o de Edwiges de Sá Pereira, escritora, membro da Academia Pernambucana de Letras, professora da Escola Normal, líder do movimento feminista e uma das fundadoras da federação pernambucana para o Progresso Feminino, em 1931.

Já em outro texto, do professor Pedro Afonso Vasquez, a foto da transformista que trabalhou no Teatro do Parque, é que é alvo de um comentário, pela sua ousadia no início do século XX: “Fátima Miris, adotou um visual masculino em que as roupas e o corte de cabelo masculino foram realçados pela pose desafiadora de fumante ostensiva e pelo pé direito apoiado sobre a cadeira ao lado da está de pé. Não chegou a ponto de usar uma botina ou um sapato de homem, preferindo um sapatinho de salto, mas tudo nela é pose e desafio, num claro anseio de afirmação de sua individualidade. Seria ela gay? Tudo parece indicar que sim, mas de qualquer forma é alguém que deseja afirmar a personalidade transgressora e distintiva, tendo chegado a escrever seu nomes três vezes em seu pequeno retrato, assinando-o na frente e grafando seu nome em letra de imprensa duas outras vezes no verso.

Desta forma, se percebe que a diversidade sexual não é uma coisa tão nova e os integrantes dos movimentos LGBT iriam se surpreender ao ver essa foto, que faz parte do livro “O Retrato e o Tempo”. É uma “curiosidade histórico-fotográfica”. Uma das organizadoras do livro, Teresa Motta, explica que já era comum, na época, este tipo de artista.

O livro “O Retrato e o Tempo” é um álbum de arte, em dois volumes, com edição bilíngüe (português e inglês), que reúne, em 512 páginas, centenas de fotos (das 12.727 que fazem parte do acervo da Fundaj), de famílias tradicionais do ciclo do açúcar em Pernambuco, inclusive com imagens dos escravos domésticos, e de negros, filhos bastardos dos senhores de engenho (geralmente não identificados, nos créditos, pelo nome e/ou sobrenome).

Destaque para o retrato da ama de leite, a escrava Mônica, e o menino da família Gomes Leal, seu “sinhozinho”, uma fotografia de domínio público que foi utilizada como capa do segundo volume, dedicado ao império, da série “História da Vida Privada no Brasil”, do historiador Luis Felipe Alencastro. A obra conta, ainda, com depoimentos, ensaios e artigos sobre fotografia, escritos pelas organizadoras, Teresa Motta e Rita de Cássia Barbosa de Araújo, e por pesquisadores, como Gilberto Freyre, autor do ensaio “Por uma sociofotografia”.

O Retrato e o Tempo é  o retrato fiel da oligarquia que reinou na província, depois Estado, de Pernambuco, que foi a herdeira das tradições familiares, e que gerou, em parte, o grupo político e ideológico criador do Instituto Nabuco. Uma das fotos, que está na página 315 da obra, é do ex-governador de Pernambuco, Cid Sampaio, ainda criança, por volta dos dez anos de idade. Cid pertenceu a essa oligarquia do açucar.

A Coleção Francisco Rodrigues, uma das mais importantes coleções fotográficas pertencentes a uma instituição pública brasileira, desafia o tempo e se faz presente e amplamente acessível nesta publicação.

São retratos de formatos e processos variados, que acompanham a história da fotografia e o desenvolvimento da nossa sociedade. Nessa obra, pode-se apreciar o marco dos seus fotógrafos e casas fotográficas; perfis de anônimos e figuras ilustres; e nuances que permeiam os diversos campos do conhecimento. Oito ensaios assinados por especialistas de renome nacional – historiadores, sociólogos, antropólogos, fotógrafos, colecionadores, conservadores e gestores da Coleção – analisam e contextualizam esse rico patrimônio do acervo da Fundação Joaquim Nabuco

 


 

 

 

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