O Eleitorado Imperial em Reforma, livro que será lançado no dia 19 de agosto, pela Editora Massangana, da Fundaj
No dia 19 de agosto, haverá o lançamento de cinco livros, pela Editora Massangana, da Fundaj, entre eles: O Eleitorado Imperial em Reforma. Sobre este livro, leia a seguinte resenha:
Há um episódio crucial para se compreender a história da democracia e dos direitos políticos no Brasil, trata-se da reforma eleitoral de 1881. Conhecida como Lei Saraiva, esta reforma foi responsável pela eliminação do direito de voto de mais de 90% do eleitorado que ia as urnas no Brasil Império. O livro O eleitorado imperial em Reforma, do historiador Felipe Azevedo e Souza, traça uma minuciosa incursão sob as motivações que levaram a elite política a ensejar esse drástico corte no eleitorado político e seus impactos no quadro maior da cidadania em uma sociedade que passava por profundas mudanças em seu perfil social e político.
Mais do que acompanhar a evolução de uma série de discursos discriminatórios em relação a participação popular nos destinos políticos da Nação, o historiador teve a preocupação de observar as correspondências desses posicionamentos parlamentares com o ideário liberal da época. Foi naquele momento que uma série de compreensões que planavam sobre a atmosfera da opinião pública, ganharam corpo enquanto discussão política e institucionalidade enquanto lei. Questões como o direito de voto dos libertos, a capacidade eleitoral dos analfabetos, a natureza do voto para o sistema político – se uma função ou um direito -, foram colocadas em tela e discutidas com base no repertório da ciência política.
O livro, no entanto, não lida com esses conceitos que eram dispostos pelos intelectuais de uma maneira etérea. Há um eficaz esforço em observar as maneiras como essa grade conceitual era apropriada à realidade brasileira. Nesse sentido, foi desenvolvida uma cativante análise das dinâmicas internas das eleições que, para além do acompanhamento dos pleitos afamados pela cenas de violência e corrupção, conseguiu dar a ver a intensa participação das várias camadas da sociedade e uma cultura política efervescente entre os mais pobres que, até pouco tempo, eram tidos como alienados ou indiferentes pela bibliografia especializada.
Algumas dessas análises só foram possíveis a partir de um tratamento serial das fontes, que sistematizou milhares de dados de eleitores, propiciando uma visualização espacial e social de quem votava na cidade do Recife. A criação de mapas demográficos por renda e alfabetização, possibilita uma compreensão esmiuçada da ocupação e das dinâmicas socioeconômicas de cada região da cidade.
A cidade e a população do Recife passam a ser mais bem conhecidas com O eleitorado imperial em Reforma, que toma a cidade como base para explicar a ascensão e aplicação da Lei Saraiva, em sintonia com a observação das eleições e de suas representações no Brasil Império.
Felipe Azevedo e Souza é mestre em História pela UFPE e doutorando em História Social do Trabalho pela UNICAMP. Atualmente desenvolve pesquisas sobre as articulações entre os mundos do trabalho e a política formal no Recife de fins do século XIX recebendo financiamento da FAPESP.
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