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E por falar em Fernando Spencer: “A Sala de cinema ficou hoje ainda mais escura”

Publicado: Quarta, 18 de Março de 2015, 11h08 | Última atualização em Quinta, 20 de Dezembro de 2018, 21h07 | Acessos: 1827

                                                                                                                                                                                                                 Por Anízio Andrade                 

“Silêncio ao Redor: Morreu o Cineasta da ‘Velha Geração’ do filme pernambucano.” Assim, a Fundação Joaquim Nabuco, em seu site, noticiou, no dia 17 de março de 2014, a morte do cineasta Fernando Spencer – que trabalhou na instituição durante 20 anos, como diretor da Cinemateca/Fundaj.

Um sem-número de depoimentos de amigos, cineastas, produtores culturais, admiradores, etc, preencheu as páginas dos jornais e noticiários, principalmente, locais. E a notícia se espalhou “mundo afora”, onde também era conhecido. Um momento amargo e triste para a cinematografia, de modo geral.

Em 2007, Fernando Spencer foi considerado Patrimônio Vivo de Pernambuco. Um homem que transcendeu o tempo e enxergava além dos próprios olhos e das lentes do cinema. Numa linguagem simples e direta, soube divulgar a cultura do nosso povo e o cinema pernambucano – com destaque para o Ciclo de Cinema do Recife.

Conhecido como o cineasta das três bitolas (Super-8, 16mm e 35mm), apesar dos poucos recursos de que dispunha para produzir seus filmes, desafiava os limites e dava aulas de “como fazer”, “tirando leite de pedra”, na execução dos seus projetos. Era mestre em remover as pedras e obstáculos do seu caminho.

Dono de uma vasta filmografia, com temáticas diversificadas (mais de 30 filmes), Spencer transitou do cinema experimental à ficção, mas o que se destaca na sua obra são os filmes de documentário sobre a cultura do Nordeste (vários), os pioneiros do cinema pernambucano e o Ciclo do Recife.

“Fazer cinema, viver, respirar, suar cinema por todos os poros, tem sido a existência de Fernando Spencer”: frase do poeta e escritor pernambucano Marcus Accioly sobre o cineasta, no seu artigo intitulado A (lme) ri, datado de 23/5/1982 e publicado no livro 20 Anos de Cinema  – 1969/1989  (Edições Bagaço, 1989) – uma filmografia pessoal escrita pelo próprio Spencer.

Os primeiros filmes produzidos por Spencer foram A Busca (1969) – filme experimental de ficção, com Frederico Spencer, Sérgio Spencer e Deborah Gomes; Humor Branco (1969) – filme experimental de ficção com Enéas Alvarez; Safari (1969) – filme experimental de 90 segundos; e o último, Almery, a estrela (videodigital, 2007), com o apoio da Fundação Joaquim Nabuco.

Várias das suas películas foram premiadas, selando o seu reconhecimento como cineasta e ressaltando a qualidade das suas produções – uma carreira coroada de êxitos. “As estrelas sobem e Fernando Spencer sobe com as estrelas” (poeta e escritor Jaci Bezerra, em artigo intitulado Viva Spencer: As Estrelas Sobem, constante do livro  filmográfico de Spencer):

Caboclinhos do Recife (Super-8, 10 m), melhor filme do I Festival Brasileiro de Cinema Super-8, Curitiba, PR, 1974; Valente é o galo (Super-8, 10 m), melhor filme da III Jornada Brasileira de Curta-Metragem da Bahia, 1974; Quem matou Marilyn, melhor montagem do IV Festival de Cinema Nacional de Sergipe, 1976; Toré a Nossa Senhora das Montanhas (Super-8, col., 10 m), melhor fotografia do IV Festival de Cinema Nacional de Sergipe, 1976; Adão foi feito de barro (16 mm, col., 13 m), 1978. Ampliado para 35 mm, por haver sido selecionado pelo Conselho Nacional de Cinema (Concine); RH positivo, melhor direção do Festival de Cinema do Departamento Cultural do Centro Médico Cearense.

Continuando, As corocas se divertem, melhor filme de comunicação e 2º melhor filme do VI Festival Nacional de Cinema de Sergipe, 1978; Noza - santeiro do Carirí (16 mm, col., 10 m.), selecionado pelo Concine, Prêmio: Argumento, Funarte, 1979; Cinema Glória, 3º lugar no VII Festival Nacional de Sergipe, 1979 (em parceria com Feliz Filho); Eróticos Corbinianos, melhor filme na V Jornada de Cinema do Maranhão, 1981; Santa do Maracatu (16 mm, col., 10 m), melhor filme e melhor montagem do IX Festival de Cinema Nacional de Sergipe, 1981.

Finalizando, Memorando Ciclo do Recife, melhor filme do concurso da TV Tropical, Recife, 1982; Estrelas de celulóide, prêmio especial do Júri (Candango de Ouro), no XX Festival Brasileiro de Cinema de Brasília, 1987;  O último bolero no Recife, prêmio da Fundação de Cultura do Recife no I Concurso de Roteiro de Cinemas e Vídeo, 1987; Trajetória do frevo (35 mm, col., 9 m), prêmio da Fundação de Cultura do Recife no I Concurso de Roteiro de Cinema e Vídeo, 1987; Evocações Nelson Ferreira, melhor filme na Jornada Latino-Americana de Cinema e Vídeo, Maranhão, 1987. Melhor filme do III Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa, Aveiro, Portugal, 1988 (em parceria com Flávio Rodrigues).

 Pois é, um ano sem Spencer. Relembrando o que disse o jornalista e cineasta Amin Stepple, em entrevista a um dos jornais locais, por ocasião do falecimento do cineasta: "A sala do cinema ficou hoje ainda mais escura. Se os avôs do cinema pernambucano são os pioneiros do cinema mudo Ary Severo e Jota Soares, Spencer é inquestionavelmente o pai do moderno cinema realizado hoje em nosso Estado."

 

*Analista em Ciência & Tecnologia da Fundaj, lotado na Massangana Multimídia Produções

 

 

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