Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Engenho Massangana > Engenho Massangana > Engenho Massangana > 6ª Primavera dos Museus aproxima desafio territorial francês do brasileiro (08/10/12)
Início do conteúdo da página

6ª Primavera dos Museus aproxima desafio territorial francês do brasileiro (08/10/12)

Publicado: Quarta, 17 de Outubro de 2012, 11h27 | Última atualização em Quinta, 20 de Dezembro de 2018, 20h51 | Acessos: 1221

Durante os dois últimos dias da 6ª Primavera dos Museus, historiadora francesa participa de debates sobre soluções de preservação e atuação do patrimônio diante de cenário nacional de desenvolvimento acelerado. Na ocasião do IV Encontro Temático de Patrimônio, houve também o lançamento do livro “Massangana: o tempo revisitado”

Na última semana de setembro, o Engenho Massangana encerrou as atividades na 6ª Primavera dos Museus com o IV Encontro Temático de Patrimônio. O evento trouxe a historiadora francesa e consultora em engenharia cultural e turística Marie-Charlotte Belle para ministrar a palestra “A valorização do patrimônio como desafio territorial”. No dia anterior (26), Marie também esteve no Engenho Massangana.

Na primeira vez que esteve no Brasil, em 2004, com pouco português na bagagem, a historiadora ficou por São Paulo e Brasília, onde fez pesquisa de urbanismo de metrópole e aumentou o interesse pelo desenvolvimento territorial no Brasil, onde diz ver uma gama de possibilidades sustentáveis. Nesta segunda passagem pelo país, agora num rápido período de três dias, Marie-Charlotte conheceu as instalações do Massangana e participou do Projeto Engenho em Diálogo, que reuniu gestores e equipe técnica do Engenho Massangana, do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti (PMAHC) e do Museu do Pescador, para falar sobre a valorização do patrimônio e conferir exemplo de políticas de valorização cultural na França que culminam também em desenvolvimento econômico-territorial para a cidade.

Marie frisa que o pouco aproveitamento dos espaços históricos pode ser evitado a partir de avaliação de uma nova função social do patrimônio, que contemple visitantes locais e turistas. Como exemplo, citou a cidade de Lorraine, norte da França, que constantemente aproveita o espaço rural da Casa da Natureza com cursos de jardinagem e cozinha: “O visitante não quer ler e ser guiado, ele quer algo lúdico”, afirma. O debate fomentou uma discussão de iniciativas de apropriação do patrimônio pela comunidade local entre os mediadores.

Na quinta (27), dividiu mesa com as pesquisadoras (Fundaj) Silvana Meireles e Rúbia Campelo, Fernando Freire, presidente da Fundaj, e Frederico Almeida, superintendente do IPHAN, durante palestra que ministrou na sala Aloísio Magalhães da Fundaj/Derby. Em meio a cerca de cento e vinte participantes, cita mudanças ao longo dos anos dos sítios históricos em meio rural, urbano e estratégias de facilitação de acesso ao público aliado à preservação do patrimônio. Belle aborda o patrimônio como vantagem das metrópoles, como Paris, cujo uso dos bens públicos como marca promocional lhe rendeu o atributo de cidade da “moda”, e de regiões (sejam urbanas ou rurais) que, em decorrência de desenvolvimento acelerado, têm a preservação de seus patrimônios ameaçada, como bairros de Madureira e Campinho (RJ) com as obras da Transcarioca, e nos entornos do Engenho Massangana. Sobre Massangana, Marie-Charlotte reflete como, em meio à pressão do desenvolvimento do Complexo Industrial Portuário de Suape, a área é estratégica para repensar a história e meio ambiente, de modo a manter vivo o diálogo entre passado e contemporaneidade. Juízo, inclusive, que faz lembrar uma parede da casa onde viveu Joaquim Nabuco, onde uma há uma frase sua afirmando que “duas questões não podem ser separadas: a da emancipação dos escravos e da democratização do solo”.

Sempre embarcando na questão da sustentabilidade, Marie fala de uma “maturidade do desenvolvimento”, que envolve visibilidade, atração e marketing cultural. A palestrante afirma que o patrimônio não precisa ser museu, mas que para evoluir precisa adquirir nova identidade, mais coerente com o contexto sócio-territorial. “É preciso gerar um novo uso rentável, ainda que cultural. O território irá gerar recursos.”

Quando abordada sobre a dificuldade de agregar valor ao patrimônio nas cidades sul-americanas, Marie fala que na França há o mesmo embaraço, no entanto o poder político tem mais consciência de patrimônio como instrumento de desenvolvimento território-econômico do que no Brasil e, consequentemente, toma mais iniciativas de intervenção: “O tombamento deve ser feito antes que o proprietário concorde ou não. A população deve pressionar o governo”. Em seguida, Marie fala dos benefícios que o dono ganha do governo ao ter sua propriedade tombada, como subvenções e isenções fiscais e cita, ainda, um caso em Marseille, no qual, após dificuldades de negociações com o proprietário, a prefeitura obrigou-o (direito de intervenção) a vender o imóvel “Quando o diálogo não funciona, a prefeitura pode usar desse direito”. Belle avalia também que nem sempre é vantagem o tombamento em seu país e conclui a palestra salientando a necessidade de valorizar o patrimônio com a reinserção deste na comunidade, de modo a ganhar nova identidade – procedentes de um constante diálogo entre a comunidade entre si, comunidade e governo, governo e comunidade.

Fim do conteúdo da página

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o fundaj.gov.br, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de privacidade. Se você concorda, clique em ACEITO.