Hidrelétricas se tornam insustentáveis, dependendo de onde forem construídas

Casa de força e vertedouro da usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, em Rondônia - Janeiro 2014 Foto: GRUTZMACHER / Divulgação
Dois estudos, um deles publicado pela revista americana Science e outro pela Universidade Estadual de Michigan (MSU), colocam em xeque a sustentabilidade das hidrelétricas. Tida como fonte energética “renovável e limpa” por parte dos estudiosos, as usinas construídas em barragens - como as do Brasil - começam a ser questionadas por uma parte dos cientistas especializados. Os autores de ambos os estudos discutem como o setor hidrelétrico precisa não apenas se concentrar na produção de energia, mas também incluir os impactos sociais e ambientais causados por barragens e reconhecer a insustentabilidade das práticas comuns atuais. Eles afirmam que a insustentabilidade não é apenas ambiental, mas também econômica; já que muitas das usinas não entregam o nível energético prometido.
Desde 2005, a Amazônia passou por três secas que quebraram todos os recordes históricos (e três anos de inundações extremas). Com isso, a barragem de Belo Monte no Rio Xingu, concluída em 2016, produzirá menos do que o prometido: serão apenas 4,46 dos 11,23 GW que fora construída para gerar, devido a níveis de água insuficientes e à variabilidade climática. A barragem de Jirau e a de Santo Antônio, na Amazônia brasileira, concluída há apenas cinco anos, por exemplo, devem produzir apenas uma fração dos 3 GW que foram projetados para cada uma produzir, devido à mudança climática e à pequena capacidade de armazenamento de reservatórios a fio d'água.
— A questão que se coloca é: Será que esse modelo é o que mais interessa do ponto de vista de custo benefício? Há estudos do próprio governo brasileiro que mostram, falando de maneira bem simples, que não adianta aumentar o tamanho da banheira se não tiver mais água para colocar nela — argumenta o geógrafo Brent Millikan, diretor da International Rivers, referindo-se ao tamanho das barragens que formam os reservatórios de água para as usinas hidrelétricas.
As represas impactam a ecologia dos rios, danificam as florestas e a biodiversidade, liberam grandes quantidades de gases de efeito estufa e causam o deslocamento de pessoas enquanto afetam os sistemas alimentares, a qualidade da água e a agricultura local.
Prazo de validade
O estudo "Energia hidrelétrica sustentável no século 21", realizado pela Universidade Estadual de Michigan, aponta como as grandes represas hidrelétricas poderão se tornar uma fonte de energia ainda menos sustentável diante das mudanças climáticas. Segundo os pesquisadores, a preocupação dos impactos socioambientais deste tipo de energia renovável caem, sobretudo, nos países em desenvolvimento, que permanecem investindo na instalação deste modelo.
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