Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Adaptação ao Aquecimento Global > A pausa no aquecimento global é ilusória (e os cientistas explicam porquê)
Início do conteúdo da página

A pausa no aquecimento global é ilusória (e os cientistas explicam porquê)

Publicado: Quarta, 27 de Março de 2019, 15h25 | Última atualização em Quarta, 27 de Março de 2019, 15h25 | Acessos: 625

Um grupo de investigadores de diversos países concluiu que as alegações de uma suposta pausa no aquecimento global, cujos defensores indicam ter acontecido entre entre 2008 e 2010, “são e sempre foram enganadoras”.

 

Assista ao vídeo da matéria, no endereço abaixo

https://zap.aeiou.pt/cientistas-batem-porta-na-pausa-no-aquecimento-232328

 

24/12/2018

De acordo com o Mashable, o grupo de cientistas publicou, na passada terça-feira, dois artigos [ 1 | 2 ] na revista Environmental Research Letters, nos quais concluíram, que não há evidências que comprovem a desaceleração do aquecimento global.

“Descobrimos que nunca houve qualquer evidência estatística disso”, disse ao Mashable Stefan Rahmstorf, chefe do departamento de Análise do Sistema Terrestre no Instituto de Potsdam de Pesquisa do Impacto Climático (PIK), um dos autores da pesquisa.

A verdade é que o planeta foi aquecendo gradualmente ao longo do último século, tendo o aquecimento passado a um ritmo mais acelerado por volta de 1980. Os defensores do hiato afirmam que este ocorreu depois de 1998, persistindo por mais de uma década.

No entanto, segundo os investigadores, o que realmente aconteceu foi que, nesse ano, a tendência de aquecimento da Terra foi fortemente impulsionada pelo El Niño, um evento climático no qual as temperaturas superficiais mais quentes do oceano podem ampliar as temperaturas globais (facto que se verificou novamente em 2016).

Como indicam os estudos recentemente publicados, muitos dos anos da década posterior a 1998 – na qual supostamente foi verificado o hiato em causa -, não tiveram temperaturas tão elevadas como as registadas nesse ano, fazendo com que a taxa de aquecimento não tenha aumentado tanto quanto os modelos climáticos haviam previsto.

Para Stephan Lewandowsky, da Universidade de Bristol (Reino Unido), um dos responsáveis pelas pesquisas, caso se analise somente o ano de 1998 e a década seguinte, pode-se ficar convencido que a tendência do aquecimento global havia parado, residindo aí o problema.

A questão é que essa conclusão é um “erro estatístico”, que “ignora a maior tendência de aquecimento”. “Todo cientista sabe que não se pode analisar o clima baseando-se em apenas alguns anos de dados”, disse Naomi Oreskes, professora de História da Ciência na Universidade de Harvard (Estados Unidos) e uma das autoras do estudo.

Embora a taxa de aquecimento entre 1998 e 2010 tenha flutuado mais lentamente do que alguns modelos científicos previam, essas variações de subida e descida são normais na tendência geral, de longo prazo, que, para os cientistas, é a que realmente importa.

Environmental Research Letters / J S Risbey et al

A linha descontínua mostra as taxas médias globais de uma aumento normal da temperatura, face ao aquecimento global. A linha azul mostra os períodos mais lentos e a vermelha os mais rápidos

 

As conclusões destas duas investigações têm sido defendidas dentro da comunidade académica por diversos especialistas. É o caso de John Fasullo, que estuda a variabilidade climática no Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR). “O estudo questiona se o período recente foi estatisticamente incomum” e a resposta é “não”, declarou, acrescentando terem existido “outros períodos que se comportaram da mesma forma”.

A tendência continuada de aquecimento de longo prazo é cada vez mais clara, constataram os investigadores, visto que 17 dos 18 anos mais quentes já registados ocorreram desde 2001.

Em novembro, o Programa Ambiental da ONU já tinha alertado que os países estão a emitir cada vez mais gases com efeito de estufa, conseguindo, como consequência, estar aindamais longe do objetivo de travar o aquecimento global.

O investigador Stephan Lewandowsky reitera: “se olharmos para a questão a partir da perspetiva de hoje, usando o melhor conhecimento disponível, não há evidências de uma pausa no aquecimento“.

O artigo do Mashable indica ainda que, talvez, a melhor evidência contra a suposta pausa do aquecimento global esteja nos oceanos – um lugar imune à variabilidade do clima atmosférico -, que absorvem a maior parte do calor acumulado na Terra. A expansão desse calor, combinada com a fusão das grandes camadas de gelo do planeta, resulta numa elevação consistente do nível do mar.

Apesar de os dados indicarem que o hiato não existiu, Naomi Oreskes acredita que os defensores do hiato não deixarão de argumentar. “Eles não deixam os factos entrarem no caminho do argumento”, continuou a professora, que leu mais de 200 estudos científicos onde a pausa no aquecimento global foi citada ou analisada.

Fim do conteúdo da página

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o fundaj.gov.br, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de privacidade. Se você concorda, clique em ACEITO.