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UM ANTIGO E FUTURO DESERTO

Publicado: Quinta, 06 de Fevereiro de 2020, 16h04 | Última atualização em Quinta, 06 de Fevereiro de 2020, 16h04 | Acessos: 293

TRANSCRITO DA REVISTA “DISCOVER” – ORIGINAL JUNHO 1985 

GINA MARANTO 

A hora já vai se tornando adiantada, em uma tarde de março, no Vale São Joaquim. Um aguaceiro está caindo sobre “Coast Ranger” e sobre os 1200 acres (489 ha) da fazenda de Buzz Allen. A luz que penetra pela janela do escritório, situado atrás da casa de Allen, faz com que o seu rosto pareça ainda mais bronzeado e desgastado pelo tempo. Ele começa a falar. Não obstante o tom de voz seja pausado, o sofrimento e a tristeza transmitem um eco que chega até o interlocutor. É fácil adivinhar que não é freqüente, para esse homem rude, mostrar-se emocionado diante de estranhos: “Luta contra o vento. Contra os elementos. De todos, este inverno está sendo o pior. Ninguém acena com a possibilidade de uma solução”. Allen se detém, considerando as perspectivas para o plantio desta estação e da próxima. Parece ser quase certo que a água que ele recebia para irrigar suas terras, comprada indiretamente da Comissão de Irrigação dos EEUU, será cortada. Nas terras áridas de São Joaquim, a prática agrícola, é praticamente impossível, sem se dispor da água que a Comissão canaliza de Sacramento ao delta de São Joaquim, ao longo de 70 milhas (112,6 Km) de distância, e de diversos rios de Sierra Nevada. 

Menos de duas semanas antes, o novo Secretário do Interior, Donald Hodel, anunciou que estava obrigado por lei, a suspender o fornecimento federal de água para os 420.000 acres (171.150 ha) de terras, situados na parte oriental do vale. Motivo: a correnteza de águas servidas procedentes das fazendas irrigadas na área1 , e que corre no dreno São Luiz, com 82 milhas de comprimento (132 Km), para o reservatório Kesterson, contém selênio. Um dos elementos químicos mais difusamente distribuídos na terra, o selênio em proporções equilibradas, é um suplemento necessário à dieta de homens e animais. Mas como o selênio a partir de certa taxa de concentração, se acumula nos tecidos do organismo humano, alguns cientistas temem que a ingestão de mais que 50 microgramas por dia, possa provocar danos irreversíveis à saúde. Em 1983, embriões e filhotes recém-nascidos de aves aquáticas que fizeram seus ninhos nos tanques (doze tanques que no final do Dreno São Luiz, formam o reservatório Kesterson, destinado acumular as águas drenadas/servidas), começaram a apresentar algumas anomalias nos bicos retorcidos. Os biólogos concluíram que era o selênio concentrado a partir do solo lixiviado, na água da drenagem / servida das fazendas irrigadas, que estava provocando tais deformidades. “Até 1980 não sabíamos ou imaginávamos o que estava ocorrendo em Kesterson”2 , diz Allen “Até então pensávamos que a Comissão Governamental estava cuidando do problema. Mas o Governo Federal estava nos destruindo. Quem pagará agora mais que US$ 3,50 por acre (US$ 8,60/ha) desta terra? Eu perdi muito. Estou com raiva. Gostaria de poder acertar contas com Ronald Reagan” 

Algumas horas depois que Allen desabafou sua amargura, os fazendeiros tiveram um alívio. Os agricultores que moram no distrito de irrigação ou de águas do local (“Coast Ranger”), que cobre uma área de 942 milhas quadradas (244.000 ha) de Mendota até Kettleman City, não ficarão fora do suprimento d’água deste ano. Não obstante, de acordo com o programa estabelecido pelo Ministério do Interior, os fazendeiros das terras do Oeste deverão de alguma maneira até junho de 1986, impedir que o caudal de suas águas servidas, penetre no dreno São Luiz. Isso significa que os fazendeiros precisam encontrar um meio qualquer de se livrarem dos 8.000 pré-acre de água de drenagem (um pé-acre de água equivalente a 1242 m3 , resultando os 8.000 pés-acre de água, cerca de 9,9 milhões de m3 ). O envenenamento no Reservatório Kesterson, é apenas um sintoma de um mal ecológico muito grave e generalizado, que começou a castigar os fazendeiros do Oeste árido. O problema é que a irrigação, que em época recente transformou durante os primeiros tempos, vastas faixas de terras áridas, nas mais produtivas fazendas do mundo, está agora destruindo centenas de milhares de acres daquelas terras, está também poluindo pântanos, lagoas, na Califórnia, no Colorado e em outros estados do Oeste. 

A região encontra-se sujeita a isso, sobretudo porque a Comissão de Recuperação3 , em seu projeto de bilhões de dólares iniciado no começo do século atual (século XX), que estava empenhada em transformar as terras do milenarmente áridas Oeste, em fazendas produtivas, ignorou uma lição tão antiga como a própria prática agrícola. A irrigação de uma região árida inóspita, é como um casamento ruim: nenhum parceiro – o solo alcalinizado ou a água pura – obtém vantagens com a associação4 . A água pura, pouco a pouco degrada o solo, favorecendo a acumulação de sais, como sódio, cálcio e cloreto de magnésio. No mesmo processo, o solo, que em certas áreas contém selênio, arsênio, boro e outros venenos naturais, contamina a corrente de água da drenagem. A poluição em Kesterson, onde os venenos concentraram, é um exemplo. Mas o transtorno maior resulta da salinização da solo. É um processo crescente, encontrável em todas fazendas da Califórnia. Á medida que simplesmente a salinização avança, a sobrevivência da agricultura nos Vales Central e Imperial, fica cada vez mais ameaçada. A médio prazo, a produção desses vales, os quais fornecem cerca da metade dos frutos, castanhas e vegetais do país, bem como cerca de um quarto de sua produção algodoeira, pode estar sendo barrada. No ano passado, os pesquisadores em agricultura alertaram para o fato de que nada menos que 1,5 milhões de acres no Vale Central (611.300 ha) ou seja, um terço de suas áreas irrigadas, poderão entrar em colapso de produção até o ano 2000. Levantamentos feito pelo Departamento de Agricultura dos EEUU, mostram que dos 2,9 milhões de acres (1.182.000 ha) dentre os 10.1 milhões de acres (4.116.000 ha) de terras irrigadas sob controle do estado, apresentam sinais de danos causados pelo sal. A salinização atualmente pode já afetar 25 por cento de todas as áreas irrigadas em toda a nação americana. 

Nas fases iniciais, o fenômeno da salinização é praticamente imperceptível. Aparentemente São Joaquim é uma bela região de produção, com campos verdes que se sucedem um após o outro. Mas, de início imperceptivelmente, o sal a destrói pouco a pouco. À medida que, ciclo produtivo por ciclo produtivo, os campos partindo da condição de saturado, vão secando embebidos nas águas que os alimentam, o sal que está no solo ou dissolvido na água de irrigação, sobe ou se deposita à superfície do terreno. Sobe ou se deposita impulsionado termodinamicamente. No fenômeno em que sobe, é como se fora o óleo subindo no pavio de uma lâmpada, em busca da sua chama. Se uma região é suficientemente chuvosa, ela lava ciclicamente dos seus solos, o sal residual acumulado em cada ciclo. Se noutra situação os agricultores dispõem de muita água e conseguem acrescentar na irrigação, uma certa quantidade de água além daquela que as plantas precisam para crescer (quantidade além para poder lavar os sais) e existem possibilidades topográficas e pedológicas viáveis (para o escoamento das águas servidas), o sal será drenado para uma profundidade além da zona crítica das raízes5 . Porém nas regiões áridas, suas áreas em geral têm solo raso onde a drenagem possível é insignificante, e , a água escassa, apenas proporciona o suprimento mínimo da água na produção essencial ao consumo produtivo. Portanto em tais regiões, próximo à superfície do terreno, ocorre gradualmente uma concentração do sal existente normalmente de forma diluída no solo ou, na água da irrigação. É um processo de concentração progrssiva, ciclo produtivo por ciclo produtivo, que forma uma crosta superficial no solo, que aumenta anualmente. Desse modo, a concentração de sal termina por envenenar ou desidratar as culturas, reduzindo a produção. Mesmo um aumento relativamente pequeno na concentração de sal, termina por obrigar o agricultor a deixar de cultivar vegetais mais sensíveis como alfafa, ou feijão, e passar para outros mais resistentes como cevada, algodão ou beterraba. A médio prazo a terra pode tornar-se totalmente salinizada, isto é, coberta por uma crosta branca. Os solos ficam mais pesados e endurecem como cimento. Para poder cultivar esse tipo de terra, aplicando-lhe um tratamento com gesso (que dá aeração ao solo e ajuda a renovar o sódio), é preciso empreender uma tarefa muito pesada, que de tão difícil e onerosa resulta na prática desanimadora. 

O Iraque, lutando para cultivar a terra existente entre o Tigre e o Eufrates, descobriu que a mesma tornou-se salinizada, devido aos excessos cometidos na irrigação feita pelos agricultores sumerianos há cerca de 6.000 anos atrás. Essa mesma terra era então conhecida como o “O Fértil Crescente”. Os agricultores do Vale de São Joaquim lutam contra a invasão do sal desde 1870, quando eles começaram a desviar as correntes naturais de água com a finalidade de irrigar e, mais tarde, começaram a usar água em grandes quantidades. 

Todavia foi a recente intensificação da corrente com a formação de corporações de fazendas, que tornou a luta ainda mais difícil. A chegada dos anos 60 de água a preço barato, elevou a área de produção em 500.000 acres (203.700 ha) no distrito de águas para as terras do Oeste, onde a drenagem possível é limitada e o lençol natural de água subterrânea, é elevado. Devido a uma camada de argila natural existente entre 20 e 100 pés ( entre 6,10 e 30,48 m) abaixo da superfície do terreno, a água de irrigação, percolando através do solo, não se dispensa, mas deposita-se sobre a argila. Rompido o equilíbrio natural de carga e descarga do estrato subterrâneo, pouco a pouco o nível da água subterrânea sobe. Atualmente, por debaixo de cerca de 180.000 acres (73.350 ha), a água está carregada de sal e deposita-se a um nível que em alguns anos de operação, já se elevou para um nível a 10 pés (3,05 m) da superfície. Em alguns casos, tal nível está inundando as raízes mais profundas de culturas como algodão e alfafa. 

Quase ao mesmo tempo em que o Bureaux of Reclamation (birô de Reclamações)6 , começou a racionar a água do reservatório São Luiz, com dois milhões de pés-acre (2,48 bilhões de m3 ), para o distrito de irrigação ou águas de Westlands, o lençol d’água subia a ponto de deixar os agricultores preocupados. Nos termos do acordo inicial, o Complexo São Luiz comprometera-se a assumir qualquer problema de drenagem que aparecesse. Assim, os agricultores forçaram a comissão encarregada, a iniciar a construção de uma canal para drenagem que segundo se presumia então, conduziria as águas de rejeito (água de drenagem ou a água servida de irrigação), por 180 milhas (290 Km), indo desde o Norte até o braço oriental da Baia de São Francisco. Porém, em 1975, com 82 milhas do dreno construídas (132 Km – 46-% do total) e 40 milhões de dólares gastos, o dinheiro acabou. Ao invés de despejar na Baia de São Francisco, o canal terminou a meio caminho, em Kesterson. Em virtude do fato de não haver saída para o mar, a água salgada e tóxica de rejeito, começou a se acumular e concentrar dentro do canal. Entre 1978 e 1981 a qualidade e a quantidade da água piorou e os agricultores estabelecidos adjacentemente ao longo do canal, instalaram drenos. Eram drenos cerâmicos, enterrados e tubos perfurados que coletavam a água de rejeito alimentando condutos maiores, para, no último estágio, levá-la até o canal ou dreno São Luiz. Com a aprovação da comissão, eles passaram a enviar anualmente cerca de 8.000 pés-acre (9,9 milhões de m3 ) de água para os doze tanques de concreto em Kesterson. Os tanques em Kesterson todos com quatro pés de profundidade (1,30 m) e em cinco conjunto cobrindo 1.200 acres (cerca de 500 ha). foram originalmente projetados para regular o fluxo de água no canal (funcionarem como reservatórios pulmões). Com o projeto encurtado, (porque o dreno São Luiz foi interrompido em Kesterson), os tanques passaram improvisadamente a funcionar como destino final, sob a forma de bacias de evaporação. Ninguém foi capaz de prever os riscos que o selênio acarreta. Nem tampouco os químicos conseguiram conceber com a necessária antecipação, um método para estabelecer uma rotina de medição da presença e evolução do Selênio, quando contendo inicialmente pequenas concentrações. Atualmente os tanques em Kesterson apresentam um aspecto desagradável, com uma lama de cor purulenta e crostas de sal formando beiradas asquerosas em alguns dos seus pontos. Os charcos locais estão agora desprovidos de vegetação, restando apenas um limo biologicamente resistente ou certas aves aquáticas que se adaptaram, inclusive ajudadas pelos esforços que o Serviço de Pesca e Vida Selvática, tem despendido para atenuar os piores efeitos. O orçamento estimado para a limpeza do reservatório, incluindo dragagem da lama e remoção do material para um terreno baldio em Kesterson City, alcançou a cifra de algo entre 30 e 60 milhões de dólares. A acumulação do selênio foi o que forçou os agricultores do lado Oriental, a procurarem outra maneira de utilizar a água de rejeito, no próximo ano. A melhor estratégia, diz Luiz Beck – um “expert” em qualidade de água, que em 1979 participou de um estudo mais profundo sobre drenagem agrícola, realizado pelo Departamento de Recursos Aquáticos da Califórnia – seria completar o dreno São Luiz até Baía de São Francisco, ou puxá-lo para o mar, até a Baía de Monterrey. À primeira dessas soluções (incluindo os canais, tanques, reservatórios reguladores e drenos), custaria U$ 1,2 bilhões ou mais. Afirma ainda Beck: “Se forem comparadas com o custo do projeto, as perdas de produção causadas pela salinização (cerca de U$ 300 milhões por ano até o ano 2.000), o investimento até parece aceitável”. Ele admite, no entanto, que um dreno mestre com tais dimensões, provavelmente nunca será construído. “Sua extensão de 180 milhas (290 Km), é inteiramente inaceitável politicamente”, afirma.

O cuidado com meio ambiente é apenas uma das atribuições públicas, talvez a menor delas. Com os dólares dos tributos em proporções cada vez mais reduzidas, os californianos se mostram cautelosos em relação aos projetos de engenharia grandiosos, que beneficiam principalmente a agricultura de corporações. Além do mais, a cidade de Los Angeles estando sempre se expandindo, começou a voltar os olhos cobiçosos para as grandes disponibilidades federais de água de baixo custo, que às vezes é vendida pela bagatela de 7 dólares na por pé-acre (1242 m3 ),. Os agricultores, argumentam os moradores da cidade, poderiam resolver seus problemas de drenagem utilizando a água de modo mais eficiente, e assim os moradores de Los Angeles, teriam mais água para regar seus gramados. Na proporção em que se proíba a descarga do fluxo de água usada no dreno São Luiz, alguns agricultores certamente teriam que fazer recircular a água. Isso inicialmente custaria pouco, demandando apenas pequenas modificações nos sistemas de irrigação existentes, a fim de distribuir a água pelos campos. Contudo, em virtude dessa dupla exposição da água à evaporação, causada pela recirculação, depositar maior quantidade de sal na terra, os agricultores teriam que desenvolver um melhor controle e dar tratamento intensivo ao solo. Já meio num desespero, têm sido sugeridas soluções, no mínimo discutíveis. Exemplos: canalizar os rejeitos de água para poços sumidouros, perfurados até camadas profundas de rochas porosas, situadas entre camadas de rochas impermeáveis, as quais teoricamente evitariam o vazamento. O Senador Pete Wilson noutra sugestão quase hilária, propôs que se fervesse a água de rejeito para obter vapor, que seria injetado em campos para recuperação de petróleo. Ambos os planos resultariam em milhões de galões de água a ser canalizada desde as fazendas até lugares muito distantes, o que torna tais sugestões, no mínimo impraticáveis. 

A solução definida tanto pelos agricultores a nível pessoal, como pelos representantes oficiais da irrigação em Westlands, é construir uma serie de tanques de evaporação, cobrindo um total de cerca de 15 por cento das terras escassamente drenadas, existentes no Distrito de Irrigação. Devido ao selênio, esses tanques teriam que possuir um revestimento especial para se adequarem aos regulamentos estatais do meio ambiente. Por isto, a construção deles custaria um total de US$ 190.000,00 por acre (ou US$ 466.257,00 por hectare) de tanque. Os economistas agrícolas ponderam que, se os irrigantes não contarem com algum tipo de subsídio oficial na construção, os tanques de evaporação serão inacessíveis. Afirma a respeito George Goldman, da Universidade da Califórnia, em Berkeley: “Os agricultores vão obter subsídios. Talvez via financiamento. O problema é saber até que ponto vale a pena manter a terra produzindo, sob tais condições”. Os especialistas em questões do meio ambiente acham que alguns trechos das terras de São Joaquim, nunca deveriam ter sido cultivadas. Especialmente as áreas que formam bolsões de substâncias tóxicas7 . Eles afirmam que os agricultores deveriam lidar eles próprios com os seus rejeitos de água, assumindo os respectivos custos, “Não estou propenso quanto a concordar que o onus de alimentos a preços mais altos, em virtude do custo do descarte da água de rejeito, deve no final das contas, recair sobre o consumidor”, afirma Alvim Greenberg, do Sierra Club8 . “Mas mesmo se isso vier a ocorrer entretanto, o público americano terá sido advertido, com ênfase, de que vale a pagar um pouco mais pelos produtos, contanto que se proteja o meio ambiente”. Se a agricultura irrigada na Califórnia, continuar sendo praticada na forma e proporção atual, chegará o dia em que os agricultores, cientistas e políticos, terão de entrar num acordo. Em algum momento futuro, eles serão obrigados a firmarem acordos sobre um ponto ainda mais crucial: os meios de se descartarem da água poluída da drenagem, tendo em vista um motivo muito mais fundamental, que é preservar a qualidade dos reservatórios de água potável para consumo. De acordo com o Sierra Club, um teste recente e ainda não confirmado feito nas águas do Rio São Joaquim, ao norte de Los Barros, mostrou que registrou-se ali a presença do selênio. Ou seja: presença de, selênio na água conduzida pelo Aqueduto Califórnia, que a leva água para o consumo de Los Angeles. A solução para todas essas questões implica em resumo, que alguém terá que sair perdendo. Já está evidente que sem mais subsídios para os sistemas de drenagem, alguns agricultores serão atingidos financeiramente ou que uma porção correspondente de terras, tornar-se-á improdutiva em decorrência da salinização. Os economistas agrícolas pensam que o estado e a nação suportarão a perda de 40.000 acres (16.300 ha) na Califórnia, sem que ocorra um “deficit” nos suprimentos alimentares, ou seja prejudicada a sério, a economia do estado. Todavia a perda de 10 a 50 vezes essa quantidade de terras, o que os especialistas admitem que seja possível acontecer, diminuirá seriamente no País os suprimentos de frutas e vegetais. Tal hipótese, certamente irá provocar uma grande situação de carências encadeadas, como resultado dos problemas existentes nas terras agrícolas irrigadas da Califórnia. Embora legisladores e cientistas atualmente se debrucem sobre o problema da drenagem, fazendo as mais soturnas previsões, ninguém ainda foi capaz de prever as modificações políticas que se teria, como resultado da eventual transformação num futuro próximo, de vários trechos da Califórnia, em regiões inóspitas e desoladas. Pesquisadores como Norylon, um velho fazendeiro, relembram a sombria lição da história. Diz Norylon: “Em nenhum lugar está escrito que a agricultura irrigada seja uma força de sustentação de uma civilização permanente”.

 

Tradução: Maria da Paz Ribeiro Dantas 

Revisão e adaptação das grandezas para o sistema métrico, bem como grifos, negritos e notas de rodapé de: José Artur Padilha 

Origem do Exemplar em Inglês: Biblioteca do Senado Federal 

JUNHO/1987 – JUNHO/1993 – AGOSTO/1994 – JUNHO/1995 V4 – MAIO 1999 (V5) S ETEMBRO 1999 (V6)

 

NOTAS1 Correnteza da água da drenagem surgida a partir da irrigação. 

2 A reportagem é de 1985, portanto 5 anos após o ano de 1980 referido por Allen. 

3 Comissão criada na virada do século dezenove , para através da irrigação, tornar produtivas as terras milenarmente áridas da região. 

4 O sentido dados pela autora do artigo, refere-se claramente à irrigação sistemática. Sistemática porque praticamente abrangendo todas as épocas do ano, principalmente abrangendo as épocas sem chuvas, que é tradicionalmente marcada por razões de comercialização, pelo cultivo de produtos inexistentes no comércio. São irrigações vantajosas microeconomicamente e de imediato, porém macroeconomicamente e a médio prazo não ecológicas, problemáticas e desvantajosas ou insustent-aveis. Operam por imposições de mercado, em contradição frontal e intencional às condições naturais e ecológicas. Não é o caso de se prevê os mesmos problemas, no caso da irrigação ecológica. Como tal deve ser entendida a irrigação complementar e sazonal, praticada no cultivo de produtos tradicionais, apenas durante a estação das chuvas, em cultivos permanentes ou em cultivos sob condições tecnicamente muito especiais e cuidadosas. 

5 Em condições viáveis de produção e operação, a profundidade do solo pela sua espessura, e a topografia da região com as suas declividades, permitem construir drenos com declividade e profundidade necessárias. Entenda-se como necessária as condições nas quais a água drenada salgada e/ou tóxica, fique com um nível cuja cota, permanece abaixo da zona crítica das raízes. Também permitem que a água salgada e/ou tóxica, possa chegar ao mar, por um trajeto ao longo do qual não cause danos, e no mar, por uma questão de escala dimensional dada a vastidão dos oceanos, se dilua naturalmente sem qualquer problema. 

6 Órgão federal normativo do setor nos EEUU. 

7 Bolsões de solos contendo selênio, arsênio, boro etc.

8 Grêmio de eco-desenvolvimento regional, com nome derivado da montanha Sierra Nevada

 

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