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Estiagem: 6 maneiras de sobreviver ao período de seca na agricultura

Publicado: Quinta, 05 de Março de 2020, 11h44 | Última atualização em Quinta, 05 de Março de 2020, 11h44 | Acessos: 818

https://blog.jacto.com.br/estiagem-6-maneiras-de-sobreviver-ao-periodo-de-seca-na-agricultura/ 

29/07/2019

período de estiagem

A água é um elemento básico para a produção de qualquer cultura, de modo que o período de seca ou a estiagem prolongada são um verdadeiro pesadelo para o produtor rural. Infelizmente, a falta desse recurso valioso é uma realidade em muitas regiões do país. 

A água é um elemento básico para a produção de qualquer cultura, de modo que o período de seca ou a estiagem prolongada são um verdadeiro pesadelo para o produtor rural. Infelizmente, a falta desse recurso valioso é uma realidade em muitas regiões do país. 

A estiagem ocorrida em 2016 na Bahia, por exemplo, resultou na perda de mais de 50% da produção, dispensa de funcionários e morte de cerca de 30 mil cabeças de gado, citando apenas alguns dos prejuízos. 

Apesar desse quadro, não existem soluções para acabar com esse fenômeno, mas há iniciativas que ajudam os agricultores a lidar com esse cenário. E é sobre isso que vamos falar neste post. Confira 6 maneiras de ter sucesso com a safra mesmo em épocas de estiagem! 

O que causa o período de estiagem? 

Existem muitos motivos por trás da escassez de água, que impactam profundamente os meios de produção agrícola. De uma forma geral, a estiagem é uma anomalia que gera condições meteorológicas de baixa precipitação pluvial, ou simplesmente a ausência chuvas. Assim, sua principal causa são as condições naturais da região, como o Nordeste. 

Essa é uma área que recebe chuvas poucas vezes ao longo do ano. Além disso, dificilmente as massas de ar úmidas e frias que vêm do Sul causam algum tipo de influência no clima dessa região. Por isso, especialmente no sertão, a massa de ar quente e seca se fixa durante muito tempo, impedindo a formação de chuvas. 

No entanto, vale lembrar que a seca nem sempre é uma característica de uma região específica. O já citado Nordeste, por exemplo, é uma área muito conhecida pela forte estiagem, principalmente pela ausência de umidade. Mas esse fenômeno tem chegado a lugares que antes nunca tinham experimentado tão longos períodos sem chuvas. 

Assim, isso leva especialistas a concluir que outros fatores também são responsáveis por gerar ou intensificar os efeitos desse cenário de estiagem. Entre eles: 

desmatamento;

sistemas de armazenamento de água insuficientes;

exploração descontrolada das reservas hídricas subterrâneas;

má gestão do consumo de água;

desordenamento territorial. 

Qual é o tempo médio de duração? 

Um período de seca ocorre quando a evaporação das plantas (transporte da água do solo para ar) vai além do tempo das chuvas. Durante esse tempo, a água pode ser escassa para fins específicos. Por isso, seu tempo de duração depende do ponto de vista analisado. Do viés climatológico, a seca pode durar um semestre, mas vendo pelo contexto agrícola, a estiagem é reconhecida somente quando se torna crítica para a cultura. 

A reversão do quadro característico do período de estiagem só se dá quando a deficiência hídrica é recuperada por um excedente e de um estado em que as operações voltam ao normal. Por exemplo, se houver uma chuva, a seca só terá cessado se tiver sido suficiente para elevar o armazenamento do açude a um nível médio anual. 

Há como prever esses períodos? 

Apesar do avanço da tecnologia, os especialistas não conseguem prever com exatidão a ocorrência de períodos de estiagem além de 90 dias. No entanto, existem métodos que ajudam os governos e a população a estar preparados e assim reduzir o impacto no agronegócio. Os dois mais reconhecidos para a previsão de seca são: 

estatísticos: se baseiam no estudo da interação oceano-atmosfera, fenômeno que é o maior responsável pela variação climática;

dinâmicos: se baseiam em modelos de circulação atmosférica global, que funcionam com base nas diferenças entre pressão e temperatura e movimenta o ar ou massas de ar. 

Quais são os efeitos da estiagem na agricultura? 

A água é um dos elementos básicos e mais importantes para a atividade agrícola. Assim, a deficiência do recurso hídrico impacta profundamente os resultados da produção. Podemos elencar os principais efeitos desse problema. 

Menor rendimento das plantações 

Com um índice pluviométrico menor, ou a ausência das chuvas, a estiagem resulta na falta de abastecimento de água no talhão. Sendo um elemento indispensável para o desenvolvimento das plantas, a safra terá um rendimento muito menor, com um grande potencial de perdas. 

Redução das reservas de alimento 

Como o período de estiagem influencia nos rendimentos das plantações, a produção virá em uma quantidade muito menor, reduzindo as reservas de alimentos. Aliado a isso, é preciso considerar que a demanda por alimentos é cada vez maior, sobretudo em virtude do aumento populacional. Maior demanda e menor disponibilidade resulta em preços menos acessíveis ao consumidor final, intensificando um problema social. 

Baixos níveis de irrigação 

A irrigação serve de complemento ao trabalho que a chuva faz no solo. Mas com longos períodos de estiagem, não há recurso hídrico suficiente para dar conta dessa tarefa. Quando isso ocorre, a produtividade da lavoura é diretamente afetada. 

A importância da irrigação no período de estiagem 

A irrigação é essencial para manter o solo em condições adequadas para o seu desenvolvimento. Em períodos de estiagem, essa complementação é especialmente importante, a fim de garantir ao solo um teor de umidade, uma vez que não se pode contar com a precipitação. 

Em regiões sujeitas a extensos períodos de seca, é fundamental instalar estruturas de captação e armazenamento de água. O que determina a forma como isso será feito vai depender bastante da frequência, duração e intensidade das chuvas. Ao adotar essas técnicas, o produtor rural assegura que terá uma quantidade de água suficiente para irrigar a plantação mesmo em períodos de estiagem e manter bons resultados na produção apesar das condições adversas. 

Nesse cenário, para não perder sua safra, o produtor precisa sempre buscar informações técnicas que o ajudem tanto a adotar os melhores métodos de manejo de água quanto a manter um bom suprimento do recurso. 

Como lidar com o período de estiagem? Confira 6 métodos! 

  1. Plantio de culturas adaptadas e resistentes 

Devido às dificuldades na coleta de água, muitos produtores apostam em plantas regionais, que são mais resistentes ou tolerantes aos períodos de estiagem. Entre essas culturas, estão a acerola, o sorgo, o umbu, a palma forrageira e o caju. 

Essas plantas produzem bem mesmo em condições mais adversas, contribuindo para boas safras em período de seca. 

  1. Rotação de culturas

O esquema de rotação de culturas é uma estratégia sustentável não só para reduzir a erosão do solo e elevar a produção, mas também para ajudar o agricultor a conviver com a seca. 

Trata-se de uma técnica de alternância de plantio de diferentes tipos de plantas em determinado local e em um período específico. É diferente da sequência de culturas, na qual se utiliza apenas um tipo de vegetação na área total do terreno. Na rotação, por sua vez, cultivam-se diferentes culturas em um mesmo espaço 

Na prática, o terreno de plantio é dividido em um uma série de áreas separadas, onde as culturas de um mesmo tipo são plantadas juntas. Todos os anos, as plantas mudam de área, de forma que cada grupo obtém as vantagens do novo terreno. 

Considere o que ocorre na região de Cerrado. A estiagem prologada prejudica o cultivo da vegetação de cobertura na entressafra. Além disso, os resíduos orgânicos decompõem-se mais rapidamente em virtude das altas temperaturas e da umidade comuns no verão. 

A rotação com a cultura de milho, por exemplo, tem sido utilizada de forma estratégica nessas condições, uma vez que essa planta apresenta elevados níveis de nitrogênio e carbono, e produz uma grande quantidade de resíduos — mais de seis toneladas por hectare. Isso está diretamente ligado à técnica do plantio direto, que veremos a seguir. 

  1. Plantio direto 

O plantio direto é uma técnica de cultivo do solo em que não se faz aração nem gradagem no plantio. Deixa-se a superfície do solo coberta por resíduos vegetais de palhada ou de plantas vivas. 

O maior benefício dessa estratégia em relação à seca é a capacidade que o composto orgânico aplicado sobre o solo tem de reter água. Isso é muito importante porque, em regiões de altas temperaturas, os índices de transpiração dos vegetais e de evaporação da água do solo são muito altos. O resultado é a decomposição das raízes e a morte de microrganismos essenciais para o desenvolvimento da planta. 

O plantio direto, por sua vez, é capaz de impedir que as temperaturas fiquem muito elevadas na superfície do solo, minimizando a evaporação da água e auxiliando a ação microbiana. A palhada, por exemplo, pode reduzir a temperatura em até 19ºC na superfície. 

  1. Armazenamento de água 

Para garantir o abastecimento ao longo do ano, é preciso armazenar água das chuvas de modo adequado. Existem diversos métodos para captar e depositar os recursos hídricos na propriedade e, entre os principais, encontramos os citados abaixo. 

Cisterna calçadão 

É formada por um calçadão de cimento em uma área de uns 200m², de modo que a água que cai sobre essa superfície é direcionada para o interior de uma cisterna enterrada ou construída em um terreno mais baixo. 

Cisterna enxurrada 

Funciona de modo similar à cisterna calçadão. Ela é construída enterrada na terra, apenas com a cobertura para fora, em forma de cone. A zona de recolhimento de água é o próprio terreno. No entanto, quando chove, antes de a água escoar para o interior da cisterna, ela passa por cerca de três caixas pequenas, onde ocorre um processo de decantação para retirar as impurezas. 

Barragens subterrâneas 

São construídas em terrenos onde se formam córregos ou riachos no inverno. É feita por meio de escavação de uma vala até a parte impermeável do solo. Após isso, forra-se uma lona de plástico e fecha-se a vala. Essa barreira prende a água da chuva que escoa no subterrâneo. Dessa forma, o solo fica encharcado. Daí, então, constroem-se poços a cerca de 5 metros de distância — que podem ser do tipo cacimba ou tubulares — para armazenar a água da barragem. 

Poços 

Existem diversos tipos de poços, que variam conforme o método de escavação, profundidade e material utilizado. Entre os principais estão: 

cacimba ou poços amazonas: escavados manualmente e, devido à sua pouca profundidade, não exige licenciamento do governo; 

poço tubular profundo: com diâmetro entre 4 e 36 polegadas e profundidade podendo chegar aos 2 mil metros, é feito por meio de uma sonda perfuratriz e exige autorização governamental. 

  1. Uso de tecnologias e técnicas de plantio 

Para lidar com a estiagem, o produtor pode empregar outras formas de plantio ou algumas soluções tecnológicas que economizam água e auxiliam no planejamento da cultura. 

Captação direta no pé da planta 

Também chamada de captação in situ, o método envolve a aração do solo em faixas para formar sulcos, que ficam dispostos ao longo de faixas de terras altas e largas (camalhões), onde as plantas são cultivadas. A água da chuva é captada e armazenada nesses sulcos, reduzindo a necessidade de irrigação. 

Hidroponia 

A hidroponia é o cultivo de plantas sem o uso de terra (solo), especialmente utilizado no plantio de hortaliças. O vegetal fica suspenso em uma estufa e imerso em uma solução nutritiva diluída em poucos litros de água. Cada pé de alface, por exemplo, demanda apenas 3 litros de água ao longo de todo o seu ciclo de produção — e a água ainda pode ser reaproveitada! A economia hídrica chega a 85%. 

Agricultura de precisão 

agricultura de precisão (AP) emprega a tecnologia da informação na produção agrícola. Em suma, são utilizados diversos sistemas de hardware e software agregados às máquinas do campo para coletar e analisar dados do solo e do clima. Dessa forma, é possível automatizar etapas da produção e planejar o plantio e aplicação de pulverizadores agrícolas e adubos, entre muitas outras atividades. 

No período de estiagem, a AP será útil pois terá contribuído para que o solo tenha seu valor nutricional bem equilibrado, fortalecendo a lavoura para enfrentar condições climáticas adversas, como as altas temperaturas e a falta de umidade. 

Além disso, a agricultura de precisão mune o produtor com diversos recursos que o ajudam a se preparar melhor para futuras intempéries. Uma dessas ferramentas são os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) — ou Geographic Information System (GIS). 

O SIG é constituído por uma série de componentes de hardware e aplicativos que coletam e fornecem dados espaciais sobre o clima e solo a fim de detectar tendências meteorológicas, como o período de seca, e avaliar como isso pode afetar a colheita. 

  1. Garantia Safra 

O governo em seus diversos níveis tem ajudado os produtores rurais em épocas de estiagem por meio de programas de auxílio financeiro. Uma das principais iniciativas é o Garantia Safra. Trata-se de um benefício concedido a famílias que perderam pelo menos 50% da sua plantação em razão da seca ou de enchentes. 

Esse auxílio é liberado somente a produtores rurais de cidades que tenham decretado calamidade pública ou estado de emergência resultantes desses problemas. Então, vale a pena avaliar se você tem direito a essa remuneração. 

Todas essas técnicas e recursos formam uma infraestrutura adequada para lidar com o período de seca. Inúmeros produtores em todo o país têm sido bem-sucedidos por meio dessas práticas, apesar dos longos períodos de estiagem. 

tendência é que surjam cada vez mais iniciativas e tecnologias que amparem o produtor nessas situações adversas e, por isso, é fundamental que o empreendedor busque informações a fim de garantir a produtividade.

 

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