Levantamento da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) indica que o Brasil precisa trocar cerca de 100 milhões de bacias sanitárias. São produtos antigos que gastam, em média, 5 vezes mais água por descarga, do que os encontrados hoje no mercado que se utilizam de 6 litros para fazer a mesma higienização. Estudos realizados mostram que 35% da água de uma residência se esvai através dos vasos sanitários.Pesquisas comprovam que numa residência com quatro pessoas, a descarga sanitária é acionada, em média, 16 vezes ao dia. Então, se em cada descarga gastamos 30 litros, o total do consumo diário é de 480 litros. Quando multiplicamos por 30 dias chegamos a um total de 14.400 litros ou 14,4 m3 de consumo mês.Quando é feita a substituição por produtos com nova tecnologia já existentes no mercado, que utilizam 6 litros por descarga, e dividimos o cálculo acima por 5, o consumo é de 2.880 litros ou 2,88m3/mês.Essa conta revela uma economia de 11.520 litros/mês ou uma redução de 80% no consumo de água nas descargas sanitárias. A Anamaco lembra que a água da descarga é a mesma do filtro de água, ou seja, tratada e potável, e seu custo na Sabesp é o mesmo. Portanto essa economia, cinco vezes menor, no pagamento desse custo e da conta de água poderá, em muitos casos, obter o retorno do investimento na troca desse produto, em média, em três meses.Quando calculamos uma média de 11,5 m3 por casa e multiplicamos por 50 milhões, um número de estimado de imóveis existente no Brasil, chegamos a 575 milhões de metros cúbicos/mês de desperdício de água, volume igual ao do Rio São Francisco.Seguindo esse raciocínio, a Anamaco cita como exemplo, três importantes cidades que executaram com sucesso programas de incentivo ao uso racional da água, com campanhas de conscientização de massa e que conseguiram realizar a troca de todas as bacias em curto espaço de tempo, com benefícios ao varejo e proprietários de imóveis.A cidade do México que conseguiu efetuar a troca de todos os produtos em 6 anos. Em 1985, iniciou um programa oficial, reunindo uma comissão composta por membros do governo, fabricantes, escolas, representantes da sociedade e do comércio.Em 1986, determinou um prazo de 9 meses para que a indústria de produtos sanitários se adaptasse às novas exigências, isto é, todos teriam de se adequar a nova norma de produzir bacias de 6 litros.Entre 1989 e 1991 os fabricantes de louças sanitárias precisaram destruir os estoques de todos os produtos cujo consumo fosse maior que 6 litros e, a partir de 91, o governo proibiu a venda e a comercialização de bacias com funcionamento acima do determinado. Neste mesmo ano, o governo estabeleceu para todos os modelos de bacias um incentivo chamado de “reposition cost”. Isto é, os gastos efetuados na troca de bacias foram restituídos aos proprietários de casas, apartamentos, escritórios, lojas, fábricas etc. Para ter direito a esse benefício o proprietário tinha que efetuar a troca nas revendas, deixando a bacia antiga.A Anamaco tem se empenhado para que esse tema seja solucionado e acredita que pode ser desenvolvida uma ação idêntica, aproveitando algumas idéias já aplicadas com sucesso, e adequar soluções. Com relação ao destino desse resíduo de construção, já há uma alternativa, pois a ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland - realizou testes que comprovaram que as bacias velhas poderão ser reaproveitadas como parte da matéria-prima usada pelas indústrias cimenteiras e nas concreteiras.Sem dúvida, é importante unir esforços da indústria, do varejo e dos órgãos governamentais. Um bom começo é incorporar nesse esquema as escolas e a sociedade como um todo. Para tanto se faz necessário a tomada de algumas medidas urgentes, entre elas, a criação de campanha publicitária de conscientização, de projetos de incentivo para os empresários do setor e proprietários de imóveis e de programas educacionais.Agora com a lei nº 14.018, assinada pelo Prefeito de São Paulo, José Serra, que instituiu o Programa Municipal de Conservação e Uso Racional da Água em Edificações, temos que unir os esforços e acelerar esse processo. Fica evidente que é necessário um choque de gestão, onde a economia de consumo a ser gerada diminui a despesa, o que pode contribuir para a redução da carga tributária desses produtos, viabilizando, mais rapidamente, esses projetos de mudanças.
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