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Como economizar um Rio São Francisco, artigo de Cláudio Elias Conz

Publicado: Quinta, 06 de Junho de 2019, 09h57 | Última atualização em Quinta, 06 de Junho de 2019, 09h57 | Acessos: 340

Água Online


2005

Levantamento da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) indica que o Brasil precisa trocar cerca de 100 milhões de bacias sanitárias. São produtos antigos que gastam, em média, 5 vezes mais água por descarga, do que os encontrados hoje no mercado que se utilizam de 6 litros para fazer a mesma higienização. Estudos realizados mostram que 35% da água de uma residência se esvai através dos vasos sanitários.Pesquisas comprovam que numa residência com quatro pessoas, a descarga sanitária é acionada, em média, 16 vezes ao dia. Então, se em cada descarga gastamos 30 litros, o total do consumo diário é de 480 litros. Quando multiplicamos por 30 dias chegamos a um total de 14.400 litros ou 14,4 m3 de consumo mês.Quando é feita a substituição por produtos com nova tecnologia já existentes no mercado, que utilizam 6 litros por descarga, e dividimos o cálculo acima por 5, o consumo é de 2.880 litros ou 2,88m3/mês.Essa conta revela uma economia de 11.520 litros/mês ou uma redução de 80% no consumo de água nas descargas sanitárias. A Anamaco lembra que a água da descarga é a mesma do filtro de água, ou seja, tratada e potável, e seu custo na Sabesp é o mesmo. Portanto essa economia, cinco vezes menor, no pagamento desse custo e da conta de água poderá, em muitos casos, obter o retorno do investimento na troca desse produto, em média, em três meses.Quando calculamos uma média de 11,5 m3 por casa e multiplicamos por 50 milhões, um número de estimado de imóveis existente no Brasil, chegamos a 575 milhões de metros cúbicos/mês de desperdício de água, volume igual ao do Rio São Francisco.Seguindo esse raciocínio, a Anamaco cita como exemplo, três importantes cidades que executaram com sucesso programas de incentivo ao uso racional da água, com campanhas de conscientização de massa e que conseguiram realizar a troca de todas as bacias em curto espaço de tempo, com benefícios ao varejo e proprietários de imóveis.A cidade do México que conseguiu efetuar a troca de todos os produtos em 6 anos. Em 1985, iniciou um programa oficial, reunindo uma comissão composta por membros do governo, fabricantes, escolas, representantes da sociedade e do comércio.Em 1986, determinou um prazo de 9 meses para que a indústria de produtos sanitários se adaptasse às novas exigências, isto é, todos teriam de se adequar a nova norma de produzir bacias de 6 litros.Entre 1989 e 1991 os fabricantes de louças sanitárias precisaram destruir os estoques de todos os produtos cujo consumo fosse maior que 6 litros e, a partir de 91, o governo proibiu a venda e a comercialização de bacias com funcionamento acima do determinado. Neste mesmo ano, o governo estabeleceu para todos os modelos de bacias um incentivo chamado de “reposition cost”. Isto é, os gastos efetuados na troca de bacias foram restituídos aos proprietários de casas, apartamentos, escritórios, lojas, fábricas etc. Para ter direito a esse benefício o proprietário tinha que efetuar a troca nas revendas, deixando a bacia antiga.A Anamaco tem se empenhado para que esse tema seja solucionado e acredita que pode ser desenvolvida uma ação idêntica, aproveitando algumas idéias já aplicadas com sucesso, e adequar soluções. Com relação ao destino desse resíduo de construção, já há uma alternativa, pois a ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland - realizou testes que comprovaram que as bacias velhas poderão ser reaproveitadas como parte da matéria-prima usada pelas indústrias cimenteiras e nas concreteiras.Sem dúvida, é importante unir esforços da indústria, do varejo e dos órgãos governamentais. Um bom começo é incorporar nesse esquema as escolas e a sociedade como um todo. Para tanto se faz necessário a tomada de algumas medidas urgentes, entre elas, a criação de campanha publicitária de conscientização, de projetos de incentivo para os empresários do setor e proprietários de imóveis e de programas educacionais.Agora com a lei nº 14.018, assinada pelo Prefeito de São Paulo, José Serra, que instituiu o Programa Municipal de Conservação e Uso Racional da Água em Edificações, temos que unir os esforços e acelerar esse processo. Fica evidente que é necessário um choque de gestão, onde a economia de consumo a ser gerada diminui a despesa, o que pode contribuir para a redução da carga tributária desses produtos, viabilizando, mais rapidamente, esses projetos de mudanças.

 

Cláudio Elias Conz - Presidente da ANAMACO - Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção

 

Exemplos de sucesso
Outro exemplo aconteceu na cidade de Nova Iorque que contratou uma companhia privada para coordenar todos os projetos e efetuar as trocas. O município pagou um bônus de US$ 240 por bacia comprovadamente trocada. Esse bônus foi pago em parcelas mensais, descontado dos pagamentos devidos à municipalidade pelo proprietário do imóvel. Com a colaboração de órgãos de proteção ao meio ambiente, a companhia privada contratada e a prefeitura de Nova Iorque, definiram uma área em alto mar, jogaram as bacias retiradas e o entulho gerado, criando assim um recife e um habitat artificial para a formação de corais.Já em Los Angeles o governo da Califórnia ofereceu a redução de impostos às empresas e varejistas na troca de bacias com consumo superior a 6 litros e concedeu aos proprietários de imóveis descontos de tributos municipais e/ou estaduais. Realizaram ainda, uma expressiva campanha publicitária, em todos os órgãos de comunicação, mostrando as vantagens e a economia proveniente das referidas trocas. Toda a destruição e destino dos produtos usados ficaram por conta do governo. Outro “case” interessante da Anamaco foi o projeto realizado na cidade de Vinhedo, cidade do interior de São Paulo, em prédios públicos.Na Escola Municipal de Vinhedo, a troca de louças e metais comprovou uma economia de 97% no consumo de água. Lá se consumia 129 mil litros de água por mês e, depois da obra concluída, a escola passou a gastar, em média, 3,8 litros/mês e o retorno sobre o investimento aconteceu em menos de três meses. O mesmo foi feito na Escola Municipal Integração de Vinhedo, maior colégio da rede pública da cidade, com 1.114 alunos. Lá o consumo era de 853 mil litros de água/mês e após a implantação do projeto, a escola passou a consumir, em média, 355 mil litros/mês, uma redução de 58,4% no seu consumo total.O resultado constatado na economia de água de todos os edifícios públicos surpreendeu a todos, demonstrando que é possível adotar políticas de primeiro mundo e melhorar a utilização de nossos recursos hídricos.
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