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A segunda esquadra, a Amazônia e o Atlântico Sul

Publicado: Terça, 15 de Outubro de 2019, 12h22 | Última atualização em Terça, 15 de Outubro de 2019, 12h22 | Acessos: 831

https://bonifacio.net.br/a-segunda-esquadra-a-amazonia-e-o-atlantico-sul/ 

Eduardo Bacellar Leal Ferreira 

03/10/2019

Bahia de São Marcos, Maranhão, onde ficará a segunda esquadra do Brasil. 

Há mais de 150 anos que a Marinha está presente nos rios amazônicos, provendo assistência medica e social a populações ribeirinhas carentes, levando a presença do Estado aos mais longínquos rincões, apoiando os pelotões do Exército que guarnecem nossas fronteiras e, com as demais Forças Armadas, garantindo a nossa soberania naquele espaço. Nas áreas marítimas adjacentes, a Marinha também atua, preservando a segurança da navegação, fazendo a patrulha naval, e impedindo que frotas pesqueiras estrangeiras operem ilegalmente em nossas águas jurisdicionais. 

Ao longo dos últimos anos, muito se tem discutido sobre a constituição de uma Esquadra na Costa Norte, a chamada Segunda Esquadra, apoiada por uma Base Naval capaz de atender às necessidades logísticas decorrentes. Inúmeras são as razões que justificam uma maior presença do Poder Naval Brasileiro na região. 

A primeira, e sem dúvida a mais relevante, é a proteção da foz do Rio Amazonas, impedindo que forças de potências hostis com pretensões intervencionistas tenham acesso pelo mar à vasta e ainda pouco conhecida Amazônia.

O Brasil está, potencialmente, capaz de controlar o acesso sul ao “Lago Atlântico”. 

Adicionalmente, e para além da preservação da integridade territorial, uma série de atividades no norte do país requerem, para poderem subsistir e crescer, que nossos interesses marítimos sejam plenamente garantidos, o que reforça o argumento para o estacionamento de uma Força Naval na área. 

Inicialmente temos a enorme produção agropecuária no Centro-Oeste brasileiro, em constante expansão, e que deveria ter na malha hidroviária da Bacia Amazônica seu escoadouro natural. Não é racional, e com certeza trata-se de opção muito mais cara, levar essa produção para Santos e Paranaguá e de lá embarcá-la para os portos europeus e asiáticos. Com alguns investimentos na infraestrutura, sairá muito mais barato fazê-lo a partir dos terminais ao longo do Amazonas e seus afluentes. Esta opção, que certamente acabará por prevalecer, provocará um aumento do tráfego marítimo que liga a foz do Amazonas aos portos estrangeiros, tráfego esse que precisará ser protegido, especialmente em caso de crise ou conflito. 

O mesmo se dá com a exportação de minerais. O porto de Itaqui já é um dos maiores terminais do mundo e ao longo da calha do Amazonas e seus afluentes é crescente a movimentação de navios empregados no transporte de produtos metalúrgicos e suas matérias primas. 

Conforme formos conhecendo e explorando mais a Amazônia, seremos capazes de, com sustentabilidade e resguardando sua enorme biodiversidade, desenvolver projetos que levem o progresso à população, hoje tão destituída. O rio, e a partir dele o Oceano Atlântico, é o caminho natural para o escoamento de todas as riquezas que virão a ser produzidas. 

Por fim, não poderia deixar de citar um aspecto geopolítico que por si só justifica a fixação de uma boa capacidade naval na Região Norte. Se observarmos o mapa do Oceano Atlântico acima da linha Natal-Dakar veremos que ele tem a forma de um retângulo. O Brasil ocupa quase metade de um dos lados desse retângulo, estando em uma posição que o torna, potencialmente, capaz de controlar o acesso sul ao “Lago Atlântico” e, em menor escala, interferir com o Canal do Panamá. Em caso de conflito internacional na área, seremos afetados e provavelmente, querendo ou não, tal qual nas Guerras Mundiais do século passado, acabaremos por envolver-nos nas hostilidades. 

As restrições orçamentárias por demais conhecidas e a necessidade de priorizar a construção dos submarinos e corvetas, meios essenciais sem os quais sequer podemos falar em Poder Naval, levaram ao postergamento dos projetos da chamada “Segunda Esquadra” e da sua Base Naval. No entanto, tenho certeza que haverá o momento em que poderemos retomá-los, muito possivelmente iniciando pela Base Naval, já que com um bom ponto de apoio logístico pode-se deslocar uma Força Naval para a área a qualquer momento. A Marinha obteve um excelente terreno na Baia de São Marcos, o qual oferece boas condições de instalação da Base, quando assim for decidido.

 

 

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