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Agronegócio x Agricultura Familiar – um conflito de opiniões indesejável, por João Suassuna

Publicado: Quarta, 20 de Outubro de 2021, 10h31 | Última atualização em Quarta, 20 de Outubro de 2021, 10h31 | Acessos: 545

11/10/2021

Agronegócio x Agricultura Familiar - conflitos de opiniões. Imagem do Google

Assuntos correlatos pesquisados na mídia:

Conflitos socioambientais entre agricultura familiar orgânica e agroecológica e o agronegócio na região oeste de Santa Catarina.

A estrutura fundiária da região oeste catarinense caracteriza-se pelo minifúndio, resultado do fracionamento territorial ocorrido durante o processo de colonização por agricultores familiares oriundos do Rio Grande do Sul nas primeiras décadas do século XX. Fatores socioeconômicos e ambientais favoreceram a instalação, na região, de frigoríficos que processam carne de frango e de suíno destinada a abastecer os mercados interno e externo. A economia regional tornou-se dependente do agronegócio, conduzindo a agropecuária familiar à subordinação pelo sistema de integração vertical na cadeia produtiva. Neste contexto, emergem movimentos de resistência ao agronegócio e de estruturação da agricultura familiar orgânica ou agroecológica voltada ao mercado regional. Políticas públicas implementadas nas últimas décadas possibilitaram a ampliação da capacidade produtiva e do mercado consumidor para os produtos da agricultura familiar. Há, no entanto, um cenário de incerteza quanto à sua continuidade em face das ameaças que vêm do agronegócio, que compete pelo território para suas práticas baseadas no uso de transgênicos e agroquímicos. Busca-se analisar duas estratégias de resistência da agricultura familiar nessa disputa territorial: a experiência de troca de sementes levada adiante pelo Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e a produção de sementes crioulas pelo Movimento de Pequenos Agricultores (MPA). Trata-se de pesquisa qualitativa, compreendendo revisão de literatura e trabalho de campo; este, consistente em entrevistas. Conclui-se que MMC e MPA enfrentam o desafio de produzir alimentos de modo orgânico e agroecológico em um contexto adverso, representado pelas práticas da agricultura convencional e transgênica, com escasso apoio de políticas públicas e sem respaldo na legislação.

https://bell.unochapeco.edu.br/revistas/index.php/acta/article/view/4964/2798

 

O agronegócio e os conflitos agrários: uma análise dos seus impactos na Amazônia Legal

O crescimento do agronegócio na Amazônia Legal se fortaleceu nas últimas décadas devido a incentivos fiscais, por parte do governo, financiamentos bancários atraindo pessoas e grandes empresas agroindustriais para a região fazendo que tenha uma grande importância para a economia brasileira, com atividades voltadas na produção de commodities para a exportação, gerando assim uma localidade marcada pela influência da globalização e economia capitalista. Esse avanço de atividades monocultoras e pecuária extensiva vem ocasionando impactos ambientais e sociais, principalmente com o desmatamento e por ser insustentável para os pequenos produtores o cultivo de outras culturas agrícolas, que diminui a cada ano. Muitas propriedades rurais se tornaram improdutivas devido a especulação de terras, não tendo por parte do governo uma ação para reforma agrária. Assim pessoas não tem acesso a terras e os pequenos produtores vão sendo excluídos, não tendo crédito rural, tecnologia, assistência técnica, tornando-se pessoas vulneráveis suscetíveis a conflitos agrários e sociais.

https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-ambiental/o-agronegocio-e-os-conflitos-agrarios-uma-analise-dos-seus-impactos-na-amazonia-legal/

Agricultura familiar versus agronegócio: a dinâmica sociopolítica do campo brasileiro

Os históricos embates e conflitos entre o setor patronal e os produtores familiares rurais (inclusive entre as entidades de representação) refletem-se também sobre a construção, a apropriação e o uso de noções e conceitos. A apropriação das noções do agronegócio e agricultura familiar, no início dos anos 90, no Brasil, é expressão de uma disputa política resultante da situação fundiária, especialmente após a adoção do aparato da Revolução Verde, classificado por muitos teóricos como um processo de “modernização conservadora” do campo brasileiro. Para além de uma simples disputa conceitual, essa apropriação explicita processos políticos de resistência e luta, principalmente pelo acesso à terra por milhões de produtores familiares.

http://bbeletronica.sede.embrapa.br/bibweb/bbeletronica/2008/texto/sge_texto_30.pdf

AGRONEGOCIO E AGRICULTURA FAMILIAR: modelos agrícolas de desenvolvimento que se contrapõem

O artigo intitulado “Agronegócio e Agricultura Familiar: modelos agrícolas de desenvolvimento que se contrapõem”, discute os modelos de desenvolvimento do agronegócio e da agricultura familiar. Enquanto que no agronegócio as pessoas e a natureza se transformam em mercadorias e se realiza a partir da exploração do trabalho assalariado e do controle político do mercado. Já a agricultura familiar faz o movimento contrário quando constrói relação de equilíbrio com a natureza, fruto de sua prática da policultura orgânica e a produção de alimentos como requisito principal, visa a transformação da natureza.

AGRONEGÓCIO & AGRICULTURAS FAMILIARES crítica do discurso único para dois brasis

Evitando-se generalizações, discutem-se os vários tipos de agriculturas e agricultores familiares no Brasil. Levantam-se questões sobre as diferentes abordagens e políticas públicas, particularmente o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Revendo-se dados do censo agropecuário de 2006, analisa-se a importância e participação da agricultura familiar na nutrição dos brasileiros, sobretudo quando relacionada à produção, autoconsumo e oferta de alimentos. Analisam-se também as diferentes produtividades do trabalho e do crédito rural, por mutuário e por unidade de área, comparadas às da agricultura não-familiar. Faz-se um alerta para os maus resultados das políticas agrícolas, destacando-se, nos últimos dez anos de vigência do Pronaf, o aumento da desigualdade social e regional, sempre em favor das regiões mais ricas. Finalmente, propõem-se metodologias participativas para a formulação de verdadeiras políticas de desenvolvimento territorialmente localizadas e geridas por conselhos locais. Ao contrário do exclusivo critério da demanda e concorrência via projetos padronizados, que só levam ao endividamento, propõe-se, com a sua participação nas decisões, que os agricultores mais fragilizados também possam participar dos benefícios do crescimento e das inovações tecnológicas e organizacionais. Benefícios movidos por projetos realistas de uma política de crédito rural corretamente planejado e tecnicamente assistido.

Agronegócio e agricultura familiar no Brasil - Debate - Canal Futura

A proposta de déficit orçamentário de 139 bilhões de reais do presidente Michel Temer para 2017 estabelece uma redução expressiva de verbas para importantes programas que beneficiam a reforma agrária. Se essa proposta de orçamento for aprovada, os programas direcionados à agricultura familiar terão uma diminuição de cerca de 50% de recursos. Entre eles está o Programa de Aquisição de Alimentos, ação que compra alimentos de agricultores familiares para distribuição a pessoas de baixa renda. Pela proposta, o número de famílias atendidas também deve cair pela metade. Vale lembrar que a agricultura familiar é fundamental para o país e produz por exemplo 70% do feijão, 60% da produção de leite e metade da avicultura. Hoje ela é responsável por 35% de nosso Produto Interno Bruto (PIB), qué a soma de bens e serviços produzidos no país. A agricultura familiar é fundamental para o abastecimento do mercado interno e pelo controle da inflação de muitos alimentos consumidos pelos brasileiros. Enquanto os incentivos para esse modelo de produção estão diminuindo, o setor do agronegócio ganha cada vez mais espaço e, apesar da crise econômica, teve aumento de 1,8% na produção em 2015. Hoje o agronegócio responde por 39% das exportações do país e faz com que o Brasil seja o maior produtor mundial de café, laranja e carne bovina e o segundo maior de soja./ O Debate de hoje vai discutir com especialistas se é possível desenvolver a agricultura no brasil de forma sustentável e com responsabilidade social. Contamos com a presença de Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura; e de Paulo de Oliveira Poleze, assessor de política agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, a Contag.

https://www.youtube.com/watch?v=Oj_eka1pqmE

 

Sobre o assunto

Da Agricultura Familiar ao Agrobusiness - Modelos viáveis para a região Nordeste 

http://www.suassuna.net.br/2021/09/tecnologiasde-convivencia-com-as-secas_30.html

 

COMENTÁRIOS

João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

Tenho reagido às divergências existentes entre o agronegócio e a agricultura familiar com muita preocupação! Creio que no ambiente acadêmico não era para se estar com o foco das discussões acontecendo de forma tão acirrada como vem se verificando. Não se pode tentar forçar as pessoas a acreditarem na existência de várias formas de agriculturas, quando, na realidade, ela se comporta de forma unitária, indivisível. A Agricultura é uma só! O que muda, na verdade, é o nível do processo tecnológico utilizado na sua implantação no campo. Os plantios realizados na agricultura primordial, por exemplo, foram marcados pela utilização de tecnologias bem simples, através do manuseio da enxada. Eles evoluíram com as Matracas (máquina manual simples, mas com tecnologia mais avançada) e, atualmente, são realizados na palhada, com sofisticadas máquinas plantadeiras adubadoras guiadas com o auxílio de GPS. Um ganho tecnológico sem precedentes se comparado ao plantio inicial feito com a rústica enxada. O sucesso do agronegócio - aí incluiria tanto a agricultura familiar como a de precisão, como negócios agrícolas - está associado a esses ganhos tecnológicos. Quanto mais sofisticadas forem as tecnologias levadas ao campo, maiores os ganhos auferidos pelo agricultor. A agricultura familiar não pode, e nem deve, ser tratada de forma excludente, quando analisada no universo agrícola global. Ela tem uma nobre participação no desenvolvimento da nação brasileira, por fazer chegar o alimento na mesa de sua população.

Tendo em vista a grandeza dos resultados auferidos pela agricultura brasileira, é contraproducente seccioná-la em A, B ou C. Entendemos a agricultura como única, contando, atualmente, com um cabedal tecnológico de ponta, o qual tem colocado o Brasil no patamar de celeiro do mudo. É inconcebível se pensar atualmente o Brasil sem o sucesso agrícola alcançado, nas últimas décadas, pelos seus sistemas de produção. É continuar a dar sequência a essa visão unitária da agricultura, para que ela continue contemplando não só o grande agricultor, mas também o pequeno, que tem uma parcela importante de fazer chegar o alimento na mesa do povo brasileiro.

 

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