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E QUEM CUIDA DAS DOENÇAS DA TERRA?

Publicado: Segunda, 15 de Outubro de 2018, 09h13 | Última atualização em Quinta, 20 de Dezembro de 2018, 21h34 | Acessos: 416
GeoCentelha - 440
Por Edézio Teixeira de Carvalho

Analogias materiais podem ser muito úteis no esclarecimento de questões científicas. Aproveito possibilidades para ampliar o conteúdo básico e as profundidades científicas. Uma delas é analogia entre o sistema geológico (a terra, afinal) e os corpo dos animais, nós incluídos. Como os geólogos são pouco numerosos, aproveito o número muito maior dos médicos e veterinários para alacançar uma difusão maior do que exponho. Faço assim: a doença humana, de mal-estares dolorosos até enfermidades graves, manda a Lei, devem ser tratados por médicos (ou, naturalmente, os mais próximos deles em sua ausência); a doença do gato, cachorrinho da madame, vaca ou cavalo de corrida deve ser cuidada por veterinários, ou pelo retireiro bem treinado nos casos mais simples.

Ora, a terra, o sistema geológico a que é vinculado o reino animal, nós incluídos, como componentes transitórios,adoece também, de inúmeras formas, tendo seus males consequências potenciais gravíssimas sobre humanos e fauna. A respeito o que faz a Lei? Afasta o geólogo e outros profissionais operadores sobre a terra sob alegação de existência de nascente. Uma das mais graves dessas doenças pode ser o processo erosivo chamado voçoroca, cuja consequência geológica principal é a perda de solo.

Esse solo perdido será levado rio abaixo pelo emissário típico dos solos continentais; no trânsito ele promove o assoreamento dos rios e reservatórios. Note-se que nele o solo movimenta-se das cabeceiras para as partes baixas dos rios. Então vejamos o que já terá ocorrido de prejuízos:

· Falta de solo para sustentar a vegetação (componente transitório do sistema geológico);
· Falta de solo para armazenar em seus poros a água (componente itinerante do sistema geológico)
· Nos reservatórios e leitos dos cursos d’água o assoreamento, principalmente dos reservatórios, toma o lugar da água, e muitas vezes obstrui as locas onde ocorreria a desova e os peixes podem proteger-se de predadores.

Muitos pensam que para por aí o conjunto dos prejuízos geoambientais. Entretanto não é assim, pois esse solo que desceu das alturas não tem retorno por causa da lei da gravidade, e neossolos não se formam rapidamente para substituir o perdido. Vale dizer que, em termos práticos, o solo, o principal recurso geoambiental de formação e desenvolvimento da flora, que sustenta a fauna e nós, também componentes transitórios, e que armazena a água, componente itinerante, é recurso ambiental não renovável. Uma infinidade de perdas associadas ocorre, de modo que se justifica dizer que o solo á a fina camada superior do sistema geológico que nos separa da morte pela fome, no dizer do engenheiro Francisco José Casanova “O solo é a fina camada da Terra que está entre nós e a morte pela fome!”


O que se acaba de dizer justifica perfeitamente a conclusão de que o tratamento dado pelo L>egislador aos processos erosivos do tipo citado, e de outros de distintas configurações, pode ser considerado uma monstruosidade, ou não é isso que se vê na sequência que começa abaixo com fotografia de Cachoeira do Campo e termina no reservatório completamente assoreado da usina de Rio de Pedras em Itabirito? Intervir no processo para salvar o solo das cabeceiras é a forma geologicamente mais eficaz de salvar rios de qualquer grandeza, alguns em estado muito avançado de perdas importantíssimas como o São Francisco. Uma tal disposição de povo que pretende ser culto com linguagem geológica correta precisa evidentemente de alteração das leis.
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Belo Horizonte, 05/10/18
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Edézio Teixeira de Carvalho
Msc Eng.o Geólogo – CREA 8157/D - MG
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