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14 - Cazumbá

Publicado: Quinta, 11 de Julho de 2019, 11h30 | Última atualização em Quarta, 17 de Julho de 2019, 11h27 | Acessos: 2723



Abel Teixeira

Tecido, 2006
Zona Rural de São Luís, Maranhão

Durante o ciclo junino, as brincadeiras de Bumba-meu-boi — com seus rituais e símbolos religiosos e festivos, danças, músicas, indumentárias e encenações dramáticas — invadem o estado do Maranhão. Festa em devoção aos santos católicos, e aos voduns, orixás e encantados cultuados nos terreiros de matriz africana, o Bumba-meu-boi constitui um auto narrado de forma irreverente e cômica, que celebra a vida, a morte e a ressurreição do boi. Perseguidas pela polícia até meados do século XX, por estarem associadas à população negra e pobre, rural e suburbana, as brincadeiras de Boi só vieram a ser aceitas pelas elites e autoridades governamentais maranhenses a partir da década de 1950. Nas décadas de 1970 e 1980, o Bumba-meu-boi sofreu modificações em suas formas de expressão e significados, convertendo-se em objeto de interesse turístico e em produto no mercado de bens culturais. Transformado em um espetáculo grandioso, o Bumba-meu-Boi firmou-se como símbolo de identidade do Maranhão e em 2011, foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil. 

A Baixada Maranhense, berço dos cazumbas ou cazumbás, é uma região eminentemente afrodescendente, território de brincantes como Abel Teixeira, nascido em 1939, mestre artesão de caretas que confeccionou a indumentária de cazumbá existente no acervo do Museu do Homem do Nordeste. O conjunto da roupa de cazumbá foi adquirido do artesão e pesquisador maranhense Jandir Silva Gonçalves em 2006, para integrar a atual exposição de longa duração do Muhne, Nordeste: território plural, cultural e direitos coletivos, inaugurada em 2008. Abel Teixeira trabalhou na roça, plantou mandioca e semeou arroz. Todos os meses de junho, Abel e seus companheiros compravam um pano barato para confeccionar a careta, a máscara do cazumbá, e faziam a vestimenta com os sacos de estopa utilizados para estocar arroz. As caretas eram bem simples, improvisadas e de uso efêmero, feitas por trabalhadores pobres que não dispunham de tempo e dinheiro para investir no visual do personagem. 

 

Síntese a partir do texto de autoria de Rita de Cássia Barbosa de Araújo para a publicação 40 Anos em 40 Peças, comemorativa aos 40 anos do Muhne, a ser lançada em breve.

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