29 - Calunga Dona Emília
Madeira, cabelo e tecido, século XX
Recife, Pernambuco
Elemento significativo dos maracatus nação, as calungas são bonecas iniciadas que representam os ancestrais e seus orixás. Utilizando nomes de personalidades afro-brasileiras, os maracatuzeiros prestam assim reverências religiosas. A nossa Dona Emília mimetiza bem esse papel, tanto por ser calunga do Maracatu Nação Elefante e ter sido carregada pela rainha Dona Santa.
Com a morte de D. Santa em outubro de 1962, aos 85 anos, e o fim do Maracatu Nação Elefante, os seus 189 objetos foram transferidos para o edifício do Centro Artesanal do Movimento de Cultura Popular (MCP), no bairro de Santo Amaro, Recife, onde ficaram até o golpe civil-militar. Logo em seguida, em maio de 1964, foi realizada na sede do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS), em Recife, a cerimônia de transferência dos objetos pertencentes ao Maracatu Elefante, da sede do MCP para o Museu de Antropologia pertencente ao IJNPS.
Além de Dona Emília, o Maracatu Nação Elefante ainda possui mais duas calungas, D. Luiz e D. Leopoldina, e todos os três sempre tiveram em exposição no Museu do Homem do Nordeste, desde a exposição inaugural, em 1979, até hoje. Nas primeiras exposições, Dona Emília e o Maracatu Nação Elefante foram apresentados como elemento da cultura carnavalesca de Pernambuco. A atual exposição de longa duração, que foi inaugurada em 17 de dezembro de 2008 – e revitalizada em 2016 –, é intitulada Nordestes: Territórios Plurais, Culturais e Direitos Coletivos; nesta mostra, o Maracatu Nação Elefante encontra-se no módulo Terra, trabalho e Identidade, sendo apresentado da maneira mais expressiva possível, como elemento da história de luta e resistência da cultura negra em Pernambuco.
Síntese a partir do texto de autoria de Eduardo Castro para a publicação 40 Anos em 40 Peças, comemorativa aos 40 anos do Muhne, a ser lançada em breve.
Redes Sociais