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A discriminação racial pode atrapalhar o desempenho escolar dos estudantes no ensino fundamental?

Publicado: Sexta, 10 de Março de 2017, 11h26 | Última atualização em Quinta, 20 de Dezembro de 2018, 20h23 | Acessos: 1231

O projeto de pesquisa “Acompanhamento Longitudinal do Desempenho Escolar de Alunos da Rede Pública de Ensino Fundamental do Recife” tem como ponto de partida a exploração analítica dos dados levantados pela Pesquisa “Determinantes do Desempenho Escolar na Rede de Ensino Fundamental do Recife” iniciada em 2013 pela Coordenação de Estudos Econômicos e Populacionais, FUNDAJ. Atualmente, o projeto se encontra na fase de revisão da literatura e exploração dos dados relacionados a resultados educacionais dos estudantes segundo raça/cor. 

Os primeiros exercícios estatísticos demonstram que os alunos de 6º ano de escolas públicas do Recife que se declaram negros apresentam em média um desempenho em matemática inferior em 5% quando comparados àqueles estudantes que se declaram de outra raça/ cor, como brancos, pardos, amarelos ou indígenas. Essa diferença de rendimento, embora apresente uma significância estatística, pode estar encobrindo o efeito de outras estruturas sociais, que não somente o aspecto racial, tais como o grau de escolaridade ou o poder aquisitivo dos pais desses alunos. É possível que as variáveis de escolaridade e renda sejam distintas entre os pais de alunos negros e não negros; e essas estruturas sociais, por sua vez, também contribuam para o desempenho do aluno independentemente do fator raça.


Quando se refina a análise, controlando-se também para os níveis de renda, escolaridade e raça dos pais dos estudantes, as diferenças de rendimento escolar persistem desfavoráveis aos alunos negros, porém em menor magnitude (-4%). É importante compreender ainda de que forma a etnia ou raça/cor de determinado aluno estaria impactando seu desempenho escolar. Não faz sentido a diferença de desempenho educacional ser decorrente do fato de um aluno ter determinada cor de pele ou etnia, ou seja, que a capacidade cognitiva de um aluno estaria baseada em sua raça. Mas, o fato de pertencer a uma minoria racial e conviver num contexto de discriminação, esse sim, pode impactar diretamente em suas notas.


Nesse sentido, é plausível considerar que, devido ao preconceito racial, alunos negros recebam tratamentos distintos de seus pares no ambiente escolar, sofrendo, inclusive, com a prática do bullying. Essa situação, por sua vez, desestimula o aluno no processo de aprendizagem, podendo incentivá-lo, por exemplo, a faltar mais aulas. Além disso, de maneira mais ampla, repercute também na autoestima do aluno, o que, por si só, já prejudica todo o seu desempenho escolar. Exercícios futuros continuarão a investigar as possíveis desigualdades educacionais por raça/ cor e gênero, sobre diversos outcomes escolares, a exemplo da estimação do efeito do professor segundo gênero e raça/cor, do efeito da composição de turma por gênero e raça/cor sobre desempenho; do efeito de pares no processo de aprendizagem por gênero e raça/ cor e do impacto da autoestima e da saúde, por gênero e raça/ cor, sobre a aprendizagem.

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