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ALGAROBEIRA – Prosopis juliflora – REALIDADE OU MITO

Publicado: Segunda, 17 de Junho de 2019, 09h22 | Última atualização em Segunda, 17 de Junho de 2019, 09h22 | Acessos: 1670

Rafael Silvio Nunes – Engenheiro Agrônomo

 

22/07/2000

 

A algarobeira tem sofrido restrição principalmente com referência a três aspectos: que mata os bovinos, que “puxa” muita água do solo e que é desertificante devido ao fato de não vegetar outro tipo de planta onde ela está ocupando (notadamente onde se encontra muito adensada).

 

Ao observarmos as atitudes das pessoas que se referem aos “perigos” da algarobeira tem-se a impressão de que se trata de uma verdadeira histeria.

 

Ao se analisar bem, chega-se a conclusão de que na verdade há um grande exagero e que não há nenhum motivo de maior preocupação. Ela realmente pode chegar a causar a morte de bovinos, se for fornecida a estes como alimento exclusivo. O absurdo consiste no fato dos criadores não se preocuparem em produzir qualquer outro alimento para que a vagem da algarobeira seja fornecida como o concentrado que ela realmente é. Deve ser fornecido aos bovinos alimentos volumosos como silagem, feno, palma, mandacaru, macambira, agave e qualquer outro produto como capim seco, cambão de milho desintegrado, etc.

 

Quanto à propriedade de abaixar os lençóis freáticos, na nossa opinião constitui uma conclusão inteiramente equivocada. Esquecem-se que estamos desde 1985 sem a ocorrência de chuvas suficientes para repor o nível dos lençóis freáticos superficiais. Deixa-se de observar que nas áreas onde não existem algarobeiras  os lençóis também sofreram abaixamento. Também não se atenta para o fato de que as áreas com algarobeiras apresentam um adensamento de plantas exagerado, provavelmente  se chega a estimar uma população de até 2.000 plantas por hectare, quando deveria haver 115 plantas. Ninguém também se lembra que na atualidade o número de poços amazonas é muito grande, e um número significativo deles têm motobombas instaladas retirando bastante água, fato que certamente também tem concorrido para o abaixamento dos lençóis superficiais.

 

Com referência à sua classificação como desertificante realmente chega às raias do absurdo, porque um grande número de plantas características do semi-árido tem comportamento semelhante, isto é, quando adensado não permite que vegete nenhuma planta no meio dele, a exemplo do marmeleiro, jurema preta, saia-de-ariú, mata-pasto, jurema de imbira e manjerioba.

 

Parece mais é que existe um desejo inconsciente da maioria desconhecedora ou consciente para determinado tipo de pessoas para tentar afastar qualquer alternativa que apresente alguma possibilidade de sucesso. Percebe-se que há um interesse de  alguns grupos para que o semi-árido e o Nordeste de um modo geral continuem  pobres e de pires na mão por ocasião da ocorrência de cada grande seca.

 

A atitude construtiva que devemos ter é a de procurar conhecer melhor as coisas, para alcançar um maior discernimento na identificação do que é realidade e o que é ilusão.

 

É lamentável que a maioria das pessoas não tenha uma avaliação correta da contribuição efetiva da algarobeira na alimentação dos rebanhos bovino, equino, caprino, ovino e suíno, no semi-árido, mesmo nas condições atuais em que ela se encontra, como sejam: vegetando em maciços adensados, tratada como planta marginal, sendo multiplicada aleatoriamente através das fezes dos animais ou através do carreamento das suas sementes pelas águas, quando deveria ser tratada como  planta cultivada, com um mínimo de práticas culturais, como: espaçamento correto, uso de banquetas individuais para maior suprimento de água e fertilização nos solos pobres em fósforo e ou cálcio e magnésio. Deveria também se analisar a sua contribuição no fornecimento de madeira para mourões, estacas, lenha para carvão, peças de madeira para manutenção de carros de boi e para fabricação de móveis, além da possibilidade da fabricação de tacos para piso, uma vez que se trata de madeira mais nobre para este fim, considerando que sofre uma dilatação de 4%, quando todas as outras madeiras, por mais nobre que sejam, dilatam de 8 a 12%. Não se pode também omitir o fato de que ela proporciona flor adequada  para a produção de mel de abelha. Uma outra propriedade benéfica é a sua capacidade de corrigir solos salinizados. Ela é capaz de se instalar em solos com altos teores de sais, suficientes para impedir a instalação de qualquer outra planta, com exceção de Atriplex. Pela penetração de suas raízes ela drena o solo, com a sombra evita o superaquecimento do solo e conseqüentemente concorre para a diminuição da evaporação e pela incorporação de matéria orgânica constituída pelas folhas e estruturas florais contribui com um dos elementos indispensáveis para a eliminação da salinidade.

 

Por último temos que levar em conta a receita que poderá proporcionar ao ser cultivada multiplicada através de enxertia. Hoje sem enxertia calcula-se a sua produtividade em 4 toneladas de vagens por hectare e o fornecimento de néctar para a produção de 100 litros de mel de abelha. Com a multiplicação através da enxertia é provável se alcançar 20 a 23t de vagens e 400 a 600 litros  de mel de abelha que proporcionaria uma receita bruta de R$ 3.000,00 por hectare em um ano chuvoso em que o saco de milho seja vendido por R$ 6,00. Num ano de seca extrema a sua receita bruta pode alcançar R$ 6.000,00. Pode-se usar como parâmetro o fato de que a receita bruta acumulada do milho, numa série de 10 anos (as estatísticas comprovam que em 10 anos, há dois anos de bom inverno, 5 anos de inverno médio e 3  anos de seca), alcança por cada hectare, apenas R$ 1.180,00.

 

Fones para contato: (81) 3421-2211 (residência), 3227-3911 ramal 268 (trabalho).

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