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Mineração corretiva geologicamente justificada, artigo de Edézio Teixeira de Carvalho

Publicado: Terça, 15 de Outubro de 2019, 16h48 | Última atualização em Terça, 15 de Outubro de 2019, 16h48 | Acessos: 335

Geocentelha 456 

12/10/2019 

Hoje pela manhã assisti a trecho de entrevista do ex-ministro Alysson Paulinelli à jornalista Miriam Leitão. Hoje é dia especial pelo aniversário da Escola de Minas da UFOP onde colei grau de Engenheiro Geólogo em 6/03/71, 6 dias antes de assumir em Aracaju emprego na Petrobrás, onde permaneci por pouco tempo, sem, entretanto, deixar de acompanhar histórias monumentais da empresa, a exemplo de vitórias técnicas como, no Brasil, recentemente a descoberta do Pré-Sal e no Iraque, anos 70, a do campo de Majnoon em área por onde tinham passado sem êxito as maiores empresas de pesquisa petrolífera do mundo. Vários outros campos nos enchem de orgulho, de setores como o agropastoril, o energético (hidrelétrico, solar, eólico, do álcool), viário, desde que não visitados por ameaças de nomeados. Já centrado em Belo Horizonte, falo um pouco de atividades, onde a área de ensino superior foi de 1976 a 1995, e a de consultoria em Geologia Urbana desde então. Nos anos 1980, além da função de professor de geologia de engenharia, cumpri a de entrevistar personalidades externas à universidade, característica do regime de então. Um dos convidados por mim na ocasião foi o acima citado, então Ministro ou Secretário da Agricultura. Na entrevista de hoje, ele, fundador da EMBRAPA, responsável pela posição atual da agropecuária brasileira, das mais desenvolvidas do mundo, fala de correção do solo erodido de forma semelhante à que chamo de mineração corretiva, que descrevo em artigos e no livro intitulado Morte e Vida São Francisco, recentemente lançado. 

Nada mais é a mineração corretiva do que o tratamento dos corpos de materiais de assoreamento resultantes do processo erosivo das porções altas do terreno, nos rios, lagos, reservatórios de hidrelétricas e até nas áreas de movimentação de navios nos portos. O Morte e Vida São Francisco não acontece apenas como um problema do santo rio, aqui entrando como símbolo do que acontece no Brasil inteiro. 

Em verdade essa erosão, não importa se linear (ravinas e voçorocas) ou laminar (pastos de pisoteio em encostas de até 100% de declividade, quando não mais) ou resultantes do uso criminoso de trator morro abaixo, tem três efeitos geológicos terríveis: a) Perda de solo e de sua principal função, armazenamento de água, sem a qual não há falar de boa produção; b) antecipação do retorno da água ao mar, da qual resulta a irregularidade da vazão fluvial; c) condição de irrenovabilidade do solo perdido (em termos práticos, dada a excessiva lentidão do processo de edafogênese ou transformação de rocha em solo). 

Das consequências acima, inseparáveis, resulta a absoluta necessidade de buscar o solo de volta de suas paradas ao longo dos acidentes de seus emissários, cursos d’água (nem sendo necessário falar aqui das desastrosas consequências locais do assoreamento). Por esta razão criei a expressão mineração corretiva sugerindo aos colegas geólogos, responsáveis maiores pela medicação da terra doentia, aos engenheiros de minas, civis, agrônomos e ambientais, possivelmente os principais executores, a implantação dessa forma de mineração não menos importante que as do petróleo ou minério de ferro. Quem resolva, por exemplo, olhar via Google Earth para a rua Sebastião Menezes Silva, Beira Rio ou BR-356 adjacente às lojas Leroy Merlin e BHOUTLET verá o que foi feito recentemente (recomendando-se para as primeiras 10 anos de separação entre a primeira observação e a atual). 

A ambientalistas devo dizer que a mineração construtiva é responsável, exceto mobiliário, portas e janelas, por tudo o mais em ruas e edificações da Grande BH, por quase 100% em peso do aqui edificado, além de responsável a de metálicos pela maior parte da população aqui residente direta ou indiretamente sustentada por ela, e confesso que a atividade mineral que proponho a mais é exatamente a forma de cirurgia que reclama o retorno de assoreamentos como o da Pampulha e similares para as cavas de pedreiras abandonadas e das terríveis voçorocas como as de Cachoeira do Campo, para a correção do sistema geológico evidentemente enfermo, proibida pela legislação equivocada. O povo brasileiro, por não ser versado em leitura geológica, continuará inerte até que o solo acabe se os técnicos não dermos exemplos de visibilidade maior do que as que cito acima.

Belo Horizonte, 12/10/2019

 

Edézio Teixeira de Carvalho

Engenheiro Geólogo

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