Protótipo criado pela rede Ecolume tem apoio do CNPq com o mote de “plantar água, comer caatinga e irrigar com o sol”
07/08/2018

Horta será plantada embaixo das placas solares, aproveitando a sombra
Foto: Alexandre Gondim
Um projeto ambicioso pretende levar segurança energética, hídrica e alimentar para o Semiárido nordestino. O protótipo desenvolvido pela rede Ecolume está sendo instalado na cidade pernambucana de Ibimirim, no Sertão do Moxotó, a 330 quilômetros do Recife. Com um investimento de R$ 420 mil originários do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), placas solares, hortas e tanques de irrigação trabalham em conjunto para minimizar as dificuldades impostas pelo clima local. O mote é a possibilidade de “plantar água, comer caatinga e irrigar com o sol”.
O protótipo está sendo instalado na unidade educacional do Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) em Ibimirim. São dez placas solares que deverão suprir a demanda de energia do local. Sob os painéis fotovoltaicos, o espaço com sombra será aproveitado para a plantação de hortaliças – mais sensíveis ao sol forte – e criação de animais de pequeno porte, como galinhas. Um tanque de mil litros de água é usado para fazer a irrigação (com uso da energia gerada pelas placas) e criação de peixes.
“A estimativa é de apenas 20% de perda de água ao longo de cerca de dez dias. Ou seja, aquela comunidade só precisa repor aquela quantidade perdida por evaporação ou pelo uso das plantas”, detalha a coordenadora do Laboratório de Mudanças do Clima do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) Francis Lacerda, que faz parte da iniciativa.
Os detalhes da pesquisa serão apresentados nesta terça-feira (7) ao projeto Bota Na Mesa, realizado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo. “A proposta é que os três elementos (energia, água e alimentos) trabalhem de forma sinérgica em plena caatinga frente às questões atuais de mudança climática”, explica Francis. O estudo foi um dos três selecionados no Nordeste e o único de Pernambuco entre os 75 escolhidos de todo o País pela FGV.
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